Análise – SADAME

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No passado dia 25 de Fevereiro, Sadame – um action-RPG japonês – chegou à Nintendo eShop europeia da Nintendo 3DS, preenchendo o grande vazio que se faz sentir no catálogo da consola em termos de jogos deste estilo.

A Rising Star Games apresenta-nos, com este novo título, uma versão alternativa da famosa época do Japão feudal, preenchida com demónios e as mais variadas bestas que parecem vir diretamente de livros de Lovecraft. Mesmo com todas as alterações face ao mundo real, Sadame acaba por narrar alguns dos momentos históricos que marcaram profundamente o mundo Oriental nesta época, muito embora não se compare, do ponto de vista informativo, a jogos como Age of Empires ou Civilization.

Estas informações, não sendo a principal atração ou objetivo do jogo, não pedem por muito mais conteúdo, funcionando as que estão presentes como um agradável extra. Há, no entanto, um ponto do jogo que merecia ser muito melhor trabalhado e que merecia muito mais conteúdo, dado que é uma parte integrante da experiência que Sadame pretende oferecer: o enredo.

Em Sadame encontrarão muitos, muitos demónios.

Em Sadame encontrarão muitos, muitos demónios.

Este jogo não se trata de um Super Mario ou jogos de plataforma em que não é necessário um enredo mais trabalhado ou consistente, mas sim um jogo de ação com aspetos de RPG, em que este ganha um papel muito mais importante. Tendo isto em conta, o enredo de Sadame falha em cumprir com o que era pedido num título destes, dado que matar demónios e seguir em frente para matar outros demónios e continuar a seguir em frente até ao final do jogo não é, propriamente, muito entusiasmante.

Para piorar a situação, a equipa responsável por Sadame criou um herói (protagonista) que mais parece um vilão, o que não é mau por si, por exemplo, muitos adoram o Deadpool, mesmo este não sendo um herói tradicional. O real problema deste personagem é que as suas atitudes arrogantes e o seu excesso de violência e ódio não divertem ou criam momentos engraçados ou que nos levem a ganhar empatia pelo mesmo. Pelo contrário, dá a sensação quase de arrependimento, pois este tem um nome escolhido por nós, que deveria funcionar como maneira de imergir ainda mais o jogador na experiência, e que nos deixa incomodados com o seu desplante, o que leva exatamente ao oposto do pretendido.

No início do jogo somos convidados a escolher entre uma de quatro classes disponíveis: Samurai, Ninja, Rogue e Monk, tendo cada uma delas um estilo de jogo próprio e que se apresenta bem diferenciado do das restantes. A título de exemplo, a classe Samurai distingue-se por ser forte na combinação de ataques básicos de curto alcance enquanto que classes como Monk se destacam no combate a média-longa distância. Em Sadame encontramos, então, um bom esforço na tentativa de alcançar uma razoável variedade de maneiras de controlar a ação e derrotar as hordas de demónios que se nos deparam.

Existe uma grande diversidade de inimigos e habilidades a usar.

Existe uma grande diversidade de inimigos e habilidades a usar.

Depois de escolhida a classe, somos transportados para um ambiente negro e infernal, com um tom claramente oriental – demarcado pelos desenhos dos personagens, edifícios e inimigos – onde se irá desenrolar toda a nossa jornada. Embora este ambiente se adeque perfeitamente à premissa de Sadame, a verdade é que todos os ambientais são, talvez, demasiado cinzentos, o que acaba por aproximá-los em demasia, esperando-se sempre que aconteça algo como o que a Pandemic Games fez em The Saboteur, alterando completamente as áreas de Paris que libertamos do domínio Nazi.

A jogabilidade de Sadame é bastante básica, mesmo tendo em conta a diversidade entre a maneira de jogar das diferentes classes, o que, por si só, não é negativo, visto que proporciona momentos divertidos em curtas sessões de jogo. Embora resulte muito bem e o combate esteja bem trabalhado, com várias opções de ataques e habilidades: básicos; Karma, que esgotam a barra roxa no canto do ecrã e Spells, que esgotam a barra amarela no canto do ecrã; esta maneira de controlar a ação, que remonta em vários aspetos às consolas de 16-bits, acaba, por se tornar demasiado simples, notando-se cada vez melhor uma certa repetição entre os vários níveis.

No final de cada estágio encontramos sempre um demónio muito maior e mais resistente que os restantes, que desempenha a função de boss e que nos transmite um poder que poderemos usar nos estágios a seguir. Em certos níveis, há, no entanto, vários caminhos a tomar, encontrando outros maus-da-fita e recebendo outros poderes, o que queria uma janela para voltar aos níveis já acabados e explorar um pouco mais, o que atribui um maior valor ao jogo.

Existe uma grande variedade de bosses, por vezes até mais que um por nível.

Existem vários bosses, por vezes até mais que um por nível.

Há, não obstante todos os sucessos deste sistema, um ponto impossível de ignorar: os ataques contínuos dos nossos adversários. Caso sejam apanhados pelo grande grupo de bestas a aniquilar… esqueçam, já não conseguem fazer nada. Uma vez que os ataques não estão sincronizados, estes monstros continuarão a atacar até que, por acaso uma janela mínima (quase insuficiente) de tempo se abre e conseguem sair desta armadilha – o que nem sempre acontece e podem morrer de uma só vez, sem qualquer possibilidade de reação.

Por fim, queria ainda realçar que embora possam adicionar guerreiros à aventura através do Street Pass, Sadame não tem modo multijogador, o que é uma pena já que, neste tipo de jogo, este modo ficaria muito bem adequado e permitiria ainda uma maior diversão.

Opinião final:

Sadame é um jogo bastante simples, com uma jogabilidade viciante, mas com algumas falhas, uma apresentação razoável, mas com um enredo que fica aquém do que era esperado. Bom para pequenas sessões de jogo, este novo jogo da Rising Star Games acaba por ser mais um pequeno, mas divertido, jogo digital da Nintendo eShop.

O que gostamos:

  • Combate viciante contra hordas de demónios;
  • 4 maneiras muito distintas de controlar a ação;
  • Ambiente bem construído, se bem que demasiado cinzento.

O que não gostamos:

  • Alguns problemas na jogabilidade, como os ataques infindáveis dos inimigos;
  • Enredo pouco trabalhado;
  • Personagem arrogante, pouco desenvolvida e pouco carismática;
  • Ausência de modo multijogador;
  • Níveis muito idênticos entre si.

Nota: 6/10