Análise – ScreamRide

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Anunciado na E3 do ano anterior, ScreamRide tornou-se algo de curioso. Enquanto que se trata de um exclusivo nas consolas da Microsoft, a sua apresentação inicial deixou parecer tratar-se de um jogo típico do serviço de downloads digitais, o Xbox Live Arcade. A Frontier Developments, responsável mais recentemente nas consolas da Microsoft por jogos como Kinectimals e Zoo Tycoon, ficou encarregue de trazer este título curioso tendo também alguma experiência pois foram quem trouxe-nos RollerCoaster Tycoon, um jogo baseado no mesmo género. Será que cumpriu as expetativas?

Honestamente, quase podemos considerar ScreamRide como o sucessor espiritual de RollerCoaster Tycoon. Enquanto que nesta série de alguns anos o ênfase era dado mais à construção e formas de conseguir mais dinheiro e público nelas, a Frontier Developments acabou por tirar o mais básico que foi a construção e adicionou alguns outros modos com uma pitada de mais frenesim. Sendo assim, além do esperado modo de construção temos um modo de Carreira onde podemos testar as nossas perícias na própria montanha-russa, ajudar na construção de pistas pré-definidas melhorando-as ou terminando as mesmas, e um modo de destruição.

Algumas das loucuras que se pode construir. A imaginação é o limite.

Cada modo tem missões específicas para cada localização sendo que conta com 6 áreas à volta do mundo e cada área com 3 ou 4 fases cada uma com as suas missões específicas. Estas missões são variadas e podemos tentar repetir o nível para tentar atingir as mesma para amealhar mais pontos. Este modo Carreira apesar de algo curto é variado suficiente para entreter durante umas boas horas pois proporciona 3 experiências completamente diferentes. Apesar de “terminar” após algumas horas existe sempre o tal incentivo de voltar atrás e tentar cumprir os objetivos restantes para amealhar mais pontos pois o jogo faz questão de nos apresentar a tabela de pontuação comparativa com os nossos amigos.

O modo Screamrider é o que mais podemos considerar a simulação o mais aproximada  da realidade de uma montanha-russa. Os controlos são relativamente fáceis e parecidos aos de um jogo de condução com o RT a ser usado para acelerar, X para “capturar” turbo nas zonas específicas para tal e o A para usar esse mesmo turbo. As pistas sendo inicialmente algo simples vão gradualmente ganhando novas caraterísticas e elementos tais como saltos ou carris únicos de um lado só onde temos de segurar o carro de lado. Algumas das pistas mais perto do final poderão impor um desafio considerável para o jogador obter uma pontuação decente.

A dstruição é fantástica de se assistir!

O modo de Demolition Expert é discutivelmente o cartão de convite do jogo pois trata-se provavelmente o mais divertido de jogar. Neste modo, tal como o nome indica, temos de literalmente destruir e demolir edifícios que nos são dispostos. Para tal usamos uma variedade de cabines que são atiradas por um braço enorme mecânico e, em pleno voo, podemos-las controlar ligeiramente para tentar acertar em sítios estratégicos para obter a melhor destruição possível. Digamos que, uma espécie de Angry Birds versão futurista e com edifícios e cabines em vez dos pássaros e os porcos. A destruição destes edifícios é impressionante de se ver sendo que nunca caem/explodem da mesma forma. Tal como nos outros modos este tem as suas próprias missões e cada uma com objectivos secundários de bónus para tentar conquistar adicionando assim à sua longevidade.

No último dos modos do principal de Carreira somos “engenheiros” onde temos de participar na construção das montanhas-russas. Através das missões propostas temos de completar pistas já iniciadas com cada área a adicionar novos elementos tal como nos modos anteriores. Depois é só colocar a pista à prova e enquanto os carris vão precorrendo a mesma temos medidores de gritos, intensidade e náusea que aumentam a pontuação conforme o medidor. Apesar disso este modo não permite liberdade total em termos construtivos limitando-nos a apenas partes da pista.

Graficamente bonito e muito interessante mas não eleva fasquias.

Daí haver o modo talvez supra-sumo de ScreamRider: Sandbox, que confere-nos a liberdade total para dar asas à imaginação e construirmos a montanha-russa dos nossos sonhos. Ou pesadelos. Podemos escolher qualquer uma das 6 localizações disponíveis no jogo e a partir daí iniciar a nossa atração do zero. Esta é a experiência mais básica que era de se esperar para um jogo que se diz “sucessor espiritual de Rollercoaster Tycoon“. O foco principal é mesmo a construção, ficando de parte qualquer opção de gestão de parque temático.

Além da pista em si também é possível construir e dispor os edifícios e cenário em volta da mesma. Isto é especialmente bom nas fases de Demolição pois podemos dar asas ao nosso prazer de ver coisas demolidas com explosões incluídas. Ao completar tarefas no modo carreira podemos também desbloquear novos elementos para uso neste Sandbox o que aumenta ainda mais a longevidade do jogo. A cereja no topo do bolo reside no facto de podermos partilhar as nossas pistas com todos os utilizadores. Claro que, também podemos testar as pistas partilhadas por outros.

Modo de Sandbox na fase de construção.

É natural e algo cíclico ver jogos de simulação para consolas alguns controlos algo desastrados comparativamente ao controlo por rato/teclado dos PC. Porém isto é algo que não se nota em demasia em ScreamRide. A Frontier Developments conseguiu um bom trabalho neste aspecto apesar de não estar perfeito. Podem haver algumas frustrações particularmente no posicionamento dos carris mas isto é algo que com o tempo torna-se secundário.

A nível visual o jogo cumpre os mínimos não elevando propriamente a fasquia a nível gráfico porém é um jogo bastante agradável de se vislumbrar. Estamos perante um mundo futurista com edifícios de linhas simples e com dispositivos tecnológicos. Os gráficos não são, de facto, o melhor momento da Xbox One dando a sensação que a versão da Xbox 360 pode ter custado um pouco o resultado final da versão da irmã mais nova. Um dos exemplos disto é o facto de notarmos em várias ocasiões algumas quebras no framerate especialmente nas cenas de destruição apesar dos 30fps tirando assim alguma suavidade que seria bem-vinda ao jogo. Adequado será dizer, no entanto, e como já mencionado, que as explosões e destruição são do melhor que temos visto.

Uma das nuances nas pistas mais avançadas: um só carril!

Outros pontos menos positivos são a letra utilizada no jogo que por vezes obriga-nos a quase espremer os olhos para as podermos ler. Mesmo em televisores de grande porte essa dificuldade é aparente. Torna-se realmente um pouco chato ter, por exemplo, uma TV de 42 polegadas e ter de ás vezes nos aproximar para poder ler os objectivos de bónus ou outras informações. O último ponto menos positivo que queria mencionar é ao nível auditivo. A trilha musical não é efetivamente para todos os gostos sendo a maior parte uma espécie de música dub-step futurista que acaba por irritar um pouco e deteriorar sessões mais prolongadas de jogos. No meu ver a inclusão de algumas músicas mais pop ou rock encaixavam-se na perfeição. A voz da narradora e instrutora é robótica e pode também acabar por chatear.

Opinião final:

Sendo considerado o sucessor espiritual de RollerCoaster Tycoon, uma série querida pelos fãs, pode ser uma tarefa dantesca porém ScreamRide consegue o belo trabalho de manter os elementos chave e ao mesmo tempo enveredar por novos meios. O modo Sandbox cumpre os requisitos dos mais exigentes e puristas construtores de montanhas-russas enquanto que os modos Screamrider e Demolition Expert adicionam fatores que irão atrair um público mais vasto. O preço pedido pelo jogo é também reduzido comparativamente ao preço normal, cerca de 45% inferior o que o torna ainda mais atrativo. Enquanto poderia ter sido melhor no departamento audio-visual, talvez por estar “preso” a uma versão na irmã mais velha, a Xbox 360, não deixa de ser uma lufada de ar fresco e proporcionar uma boa e muito divertida experiência que nos faz voltar sempre para mais. Tal como as montanhas-russas na vida real!

O que gostamos:

  • Sensação de velocidade;
  • Destruição fantástica de se assistir;
  • Modos de demolição e Sandbox muito viciantes;
  • Preço pedido inferior ao normal é acertado.

O que não gostamos:

  • Por favor mudem as músicas;
  • Algumas perdas de suavidade em certas alturas de destruição;
  • Letras demasiado pequenas.

Nota: 8/10