Shadow of the Beast, jogo que foi lançado originalmente em 1989, é um clássico da era 16 bits e tornou-se num dos jogos mais icónicos da Amiga. Sabendo desse facto, a Sony, juntamente com a Heavy Spectrum Entertainment Labs, decidiram reviver a série e desenvolver um novo jogo em exclusivo para a PlayStation 4, adaptando-o para os tempos actuais. Com isso dito, será que Shadow of the Beast se enquadra nos tempos modernos, cumprindo com as expectativas geradas?
O jogo passa-se em Karamoon, um reino sobrenatural e misterioso, e controlamos Aarbron, também chamado de Besta! Antes de se ter virado um monstro, Aarbron era uma criança que foi raptada e corrompida através de magia negra, algo pelo qual o mago Maletoh foi responsável. O seu ajudante, Zelek, líder do conselho de feiticeiros, utilizava depois a Besta como o seu animal de estimação, destruindo tudo pelo seu caminho, até que um evento fez com que Aarbron se recordasse da sua vida humana e se revoltasse contra toda aquela tirania.
E é assim que o jogo arranca. Desde que nos é passado o controlo, Shadow of the Beast oferece toda a brutalidade que lhe é reconhecida, com imensos desmembramentos e sangue. Se no sentido dos objectivos é um jogo simples, havendo uma rota maioritariamente delineada onde temos que matar tudo o que nos aparece á frente, no sentido da jogabilidade tem um bom nível de complexidade, havendo várias mecânicas, que vai desde os ataques mais simples, os contra-ataques, bloquear, atordoamentos, pegar e lançar os inimigos, evasões, ataques especiais como saltar para um inimigo e ataca-lo de uma forma brutal, o Wrath of Aarbron e Rage Chains, onde o protagonista solta toda a sua fúria para atacar os seus inimigos de uma forma espetacular onde o timing para a execução é crucial.
A luta contra os bosses são normalmente entusiasmantes, até pelo tamanho e agressividade dos mesmos ou pelo simples motivo de nos transmitirem um grande perigo, mas a forma de os derrotar deixou um bocado a desejar, esperava-se um maior desafio e espetacularidade nesse aspecto em específico.
Ao se matar inimigos ganha-se pontos e quando se aplica ataques numa “janela perfeita”, ganha-se pontos extra. Á medida que se vai matando monstros, o multiplicador de combos aumenta o que significa que se vai ganhando mais pontos, mas caso se utilize Rage Chain ou caso se sofra danos, o multiplicador volta do início. O desempenho do jogador irá depois determinar a pontuação que terá num determinado nível, recebendo depois pontos para melhorar as habilidades de Aarbron em “Wisdom of Shadows”, onde também se pode comprar novos ataques especiais e talismãs.
Os talismãs, quando encontrados e depois comprados, são itens que podem ser equipados ao Aarbron e permite á Besta melhorar as suas habilidades e desencadear ataques especiais poderosos recorrendo á magia negra, como é o caso do poder onde se convoca o Shadow Beasts ou libertar o Wrath of Aarbron.
No final de cada nível o jogador será pontuado consoante o seu desempenho, sendo listado em confronto com os amigos e outros jogadores, e consoante a rapidez que termina o nível. No que toca ao tentar completar o nível o mais depressa possível, há duas categorias nesse ranking em particular, Regular, onde o objectivo é exactamente aquele que foi referido, e a categoria “completionist”, onde além de se ter que acabar o nível o mais depressa possível, é necessário vencer cada encontro e colecionar todos os Summon Seal e Prophecy Orb do nível em questão.
Durante a aventura também é possível encontrar marcas de sangue num local onde a Besta de algum jogador online morreu e ao se clicar no botão “circulo”, aparece uma opção onde se pode libertar a sua alma do Shadow Realm, dando-lhe um elixir de vida, ou destruí-la. Caso se decida destruir a alma, há um “minijogo” para consumir a alma, sendo que quando mais depressa isso se realizar, mais pontos o jogador recebe.
Shadow of the Beast é um jogo linear, mas há sítios escondidos onde se pode encontrar sangue, necessário para executar certos ataques especiais, Wrath e outros itens, e é um jogo que vai além dos combates, tendo alguns puzzles e seções de plataformas que também envolve escalar, algo muito bem executado devido á qualidade das animações.
A nível técnico, o jogo surpreende pelo seu grafismo e estilo de arte único. Todas as áreas tem um grande nível de detalhe, os cenários tem um design fabuloso e as cinemáticas tiveram direito ao mesmo nível de atenção e como tal a qualidade é por demais evidente. O jogo também corre suavemente e nunca ocorreu problemas técnicos, como bugs ou freezes.
Em relação á banda sonora, durante o jogo a mesma está sempre presente, mas de uma forma secundária, ou seja, nunca se chega a destacar, apesar de fazer a sua função. De referir que o jogo tem alguns problemas no que toca a efeitos sonoros, houve uma situação em que um monstro fez o que supostamente seria um grande rugido e o som foi quase nulo, tendo chegado a haver mais dois casos similares.
Uma das grandes surpresas vem em formato de extra, o Shadow of the Beast de 1989, jogo publicado pela Psygnosis. É um jogo reconhecido pela sua alta dificuldade e como tal é possível jogá-lo com vidas infinitas, permitindo assim que os jogadores sejam capazes de o terminar. Além disso é possível desbloquear também a banda sonora do jogo e outros extras relacionados com esse clássico e com a trilogia original.
Opinião final:
Shadow of the Beast foi uma surpresa agradável. Um jogo old school na era moderna que se enquadra bem nos padrões atuais. O enredo é simples e foca-se na vingança, e isso também é transmitido para a jogabilidade e faz com que o jogo seja brutal e extremamente divertido. Não é perfeito, porém, mas as suas qualidades compensam e para um jogo que custa 14.99 euros, diria mesmo que é um jogo obrigatório.
Do que gostamos:
- Jogabilidade diversificada;
- Cinemáticas bem feitas;
- Tecnicamente impecável;
- Factor diversão;
- Jogo completo de Shadow of the Beast de 1989.
- Quantidade e diversidade de bosses.
Do que não gostamos:
- Simplicidade na forma como se enfrenta os bosses;
- Alguns problemas sonoros.
Nota: 8,5/10