Plataformas 2D? Em 3D?! Boa jogabilidade, boa escrita e boa música? Ahoy, Shantae!
Shantae chegou ao público em 2002, no velhinho GameBoy Color, e tem sido a menina dos olhos da WayForward desde então, com diversas entregas nas consolas da Nintendo. Shantae and the Pirate’s Curse é o mais recente jogo da série, que nos chega agora para a 3DS e WiiU através da Nintendo eShop. O jogo é uma sequela direta de Shantae: Risky’s Revenge, continuando o arco que fechou essa narração. Para quem nunca jogou os anteriores jogos, não se preocupem, Pirate’s Curse faz um bom trabalho em fazer-nos perceber rapidamente quem somos e o que se está a passar.
A aventura começa com a nossa heroína desprovida dos seus poderes de génio (da lâmpada, não de cérebro!), que com uma nova ameaça a pairar sobre a ilha Sequin tem que se aliar a velhos inimigos. A abordagem de herói sem poderes e a busca para o reaver não é nada de novo, mas tal como noutros jogos é uma forma interessante de desenvolver a jogabilidade ao longo da ação, não havendo um estagnar da jogabilidade. Sem poderes mágicos à sua disposição, as novas formas de lutar vêm principalmente de itens, com os principais a serem cedidos pela ex-inimiga Risky Boots, como a pistola, cimitarras e outras armas típicas de piratas.
Como podem ver pelas imagens, estamos perante um jogo do estilo metroidvania, com grafismo clássico em pixel-art e jogabilidade 2D em plataformas. Temos vários mapas, por toda a terra e Sequin, com as suas próprias masmorras, personagens e inimigos. Onde Shantae and the Pirate’s Curse sobressai é no tratamento destas características comuns a muitos jogos, com um grafismo vibrante, inimigos variados e um design de níveis muito bem conseguido. Todos os elementos encaixam bastante bem, com uma banda sonora de luxo a acompanhar. É interessante também ver como a Wayforward conseguiu introduzir alguma variedade na forma de completar os níveis, com alguns caminhos alternativos e secretos, apelando à exploração. É recorrente termos que voltar a localizações já visitadas, uma vez que há muitas missões em que precisamos de certo objeto para desbloquear uma porta ou sítio novo. Um dos problemas que isto traz é o backtracking pelos níveis, que têm inimigos que aparecem de cada vez que os visitamos, o que torna a tarefa por vezes fatigante, não tanto pelo desafio mas sim pela repetição das mesmas ações.
A nível de jogabilidade, a novidade é mesmo a ausência de poderes mágicos de Shantae, que permitiam à nossa heroína mudar de aparência e ter diferentes características. Aqui vamos lentamente colecionando um verdadeiro arsenal pirata e podemos ir comprando upgrades, tendo ainda itens que podemos usar, como bolas de espinhos que nos protegem por algum tempo e poções. O movimento de marca de Shantae continua a ser o ataque com o cabelo, que vamos evoluindo. O movimento dá-se num plano 2D, com o ocasional 2.5D visual (passar por trás de algo, por exemplo, com o plano vertical a ter bastante importância na ação. Muito ao estilo dos clássicos, os nossos movimentos são muitas vezes feitos milimetricamente, e um pequeno desvio pode ser desastroso, não faltam armadilhas onde cair. Os inimigos são variados, com cada ilha a fornecer novos cenários e nossos inimigos, havendo ainda vários Bosses que prometem dar problemas.
Se estão habituados a auto-saves e a uma fácil progressão, não vão encontrar aqui paninhos quentes. Mas não se preocupem, de vez em quando lá aparece uma zona com o velhote que nos permite guardar o jogo e respirar fundo.
A nível de apresentação, não podíamos pedir melhor. O estilo clássico dos antigos jogos das arcadas como Metal Slug está muito bem conseguido, com cores vibrantes, animações fluídas e arte muito apelativa, que consegue misturar o mundo das histórias dos paraísos desertos com tecnologia exorbitante de guerra. Um trabalho notável dos artistas. Os efeitos sonoros e a música são igualmente bons, vale a pena ter o som bem alto enquanto jogamos. Os efeitos 3D da 3DS funcionam bastante bem com o estilo “estratificado” que o jogo tem, distinguindo a profundidade dos objetos.
Com todas as qualidades que já apontamos a Shantae and the Pirate’s Curse, o que nos conquistou definitivamente foi mesmo a escrita, um ponto que não costuma ser o forte deste tipo de aventura. Com uma história intrigante, personagens carismáticos e diálogos divertidos mas não vulgares, é fácil ceder aos encantos de Shantae. O fantástico trabalho artístico e a jogabilidade bem limada e evolutiva fazem deste um jogo a não perder.
Opinião Final:
Shantae and the Pirate’s Curse excele em vários pontos, desde a jogabilidade à apresentação, oferecendo uma aventura divertida, desafiante, cativante e fresca. Um jogo muito bem polido, que faz um trabalho impressionante sobre as bases em que se funda, com atenção ao detalhe. Se não conheciam as aventuras de Shantae, esta é uma boa oportunidade, não se vão arrepender! Se jogaram os anteriores, esperem mais e melhor desta sequela.
- Trabalho artístico impressionante e cuidado;
- Excelente escrita, com humor e boa progressão;
- Jogabilidade evolutiva e desafiante.
O que não gostamos:
- Respawn de inimigos nas áreas que temos que revisitar pode-se tornar fatigante.
Nota: 9/10
Shantae and the Pirate’s Curse está disponível em exclusivo para a Nintendo 3DS na Nintendo eShop por 12,74€ (preço promocional, o preço regular é 16.99€).