Análise – Shantae: Half Genie Hero

Half Genie Hero foi o jogo que definitivamente mostrou o amor dos fãs de Shantae por esta franchise. Como já começa a ser usual, a WayForward decidiu tomar partido do Kickstarter e pedir ajuda aos fãs para que mantivessem Shantae viva. Os fãs ouviram e ajudaram, mesmo depois do final da campanha na plataforma de crowdfunding. O resultado é mais um encantador título protagonizado pela meia-génio mais carismática de sempre.

Shantae regressou de cara lavada, não só a nível visual, mas também em termos de design do próprio jogo. Se antes o que tínhamos eram, sem dúvida, Metroidvanias, aqui a fórmula foi um pouco alterada. Longe ficam os tempos em que tínhamos de atravessar meio mapa ou apanhar lulas que por algum motivo nos permitiam tele-transportar. A estrutura foi alterada e confesso que tanto funciona a favor como contra o jogo. Mas já lá vamos.

Shantae estava descansadinha da vida em Scuttle Town até ser acordada por uma voz misteriosa. Alguém do reino dos génios decidiu que a meio da noite era a altura ideal para avisar Shantae do mal que se aproxima, mas Shantae mal tem tempo de reagir antes de acordar. É óbvio que o mal eventualmente chega e Risky Boots volta novamente a ameaçar tudo e todos, bem, porque sim. O enredo não traz qualquer novidade, mantendo muito daquilo que já caracteriza a série – como o seu humor e encanto. Muitas das personagens já bem conhecidas dos fãs regressam neste Half Genie Hero, mas muitas apenas dão um ligeiro ar da sua graça, sem grande relevância.

Cuidado com as lesmas artilhadas.

Como noutros títulos da série, Half Genie Hero leva-nos por diversas áreas de Sequin Land, com a ajuda de Wrench – a ave gigante de Sky – que nos transporta rapidamente. Temos ainda acesso a um apito que nos permite chamar Wrench, mesmo que não tenhamos terminado o nível, e regressar a Scuttle Town para recarregar energias e adquirir upgrades. Isto permite revisitar com maior facilidade os vários níveis e assim ir apanhando os itens que nos foram falhando ao longo do jogo, assim como as danças e upgrades. Por um lado, isto faz com que toda a parte entediante de backtracking seja evitada. Por outro, quando já tiverem terminado o jogo vão definitivamente sentir a sua curta duração.

Shantae não é um jogo longo e é difícil conseguir imaginar grande longevidade no modo de jogo em que começamos já com todas as danças e poderes de Shantae. Não quer dizer que a viagem não seja divertida, principalmente na primeira vez que a fizerem, mas torna-se um pouco gritante em viagens futuras. Em termos de jogabilidade, podem esperar exatamente o mesmo dos anteriores títulos da franchise. É certo que em equipa que ganha não se mexe e a jogabilidade já anteriormente bastante variada foi aqui replicada. Shantae tem a seu dispor todas as suas danças e mais algumas, apesar de por vezes se sentir que algumas foram inseridas só porque sim, de tão pouco que acabam por ser usadas. Confesso que gostaria de ver mais um ou dois níveis que de facto obrigassem a explorar algumas das formas de Shantae que acabam por não ser mais do que palha.

Ao contrário dos jogos anteriores, em Half Genie Hero não senti picos de dificuldade estupidamente elevados. É certo que a WayForward ainda tem de trabalhar um pouco no equilíbrio da dificuldade – e sim existem porções do jogo em que decerto vão ter de repetir a mesma sequência umas quantas vezes – mas nada que não se ultrapasse facilmente. Half Genie Hero é, na verdade, apesar de imensamente divertido, um jogo fácil. Não existem muitos momentos em que fiquemos a coçar a cabeça e a pensar no próximo passo, o que resulta numa experiência sem grandes soluços e constantemente divertida. No entanto, este aspeto acaba por resultar contra a longevidade do jogo, não existindo um grande desafio.

Não, não vou fazer nenhuma piada com macacadas.

Visualmente, posso dizer que Shantae nunca esteve melhor. Apesar de adorar a estética retro dos anteriores títulos, a nova cara de Sequin Land com arte colorida e efeitos de luz que adicionam ainda mais vida ao mundo de Shantae é mais do que suficiente para vos deixar deslumbrados. Mais uma vez, adoro pixel art quando a mesma é bem feita (o que é definitivamente o caso dos anteriores jogos da série) mas é impossível não ficar de boca aberta com o que a WayForward nos decidiu aqui apresentar. Os detalhes são impressionantes e tudo foi criado ao detalhe para adicionar ainda mais personalidade a um jogo que já por si se distingue neste aspeto. Assim que chegarem à fábrica de sereias vão perceber exatamente o que estou a dizer. A isto se junta uma banda sonora excelente que complementa este mundo mágico. Só me senti desiludida por não ter ouvido mais vezes o tema principal (cantado!) que consegue lançar o mote de uma forma perfeita, logo no início do jogo.

Apesar de manter a fórmula original mais ou menos inalterada, Half Genie Hero introduz algumas mudanças que o tornam num jogo com um ritmo mais acelerado e um visual perfeitamente adequado à realidade da alta definição. A viagem por Sequin Land é maravilhosa e, mesmo sabendo a pouco, é uma viagem que duvido muito que esqueçam nos próximos tempos. E acho que os fãs já demonstraram e bem que querem  que a WayForward continue a apoiar Shantae e a brindar-nos com estas aventuras maravilhosas. Quanto a mim, espero que o futuro de Shantae seja brilhante – se bem que é difícil superar o percurso irrepreensível desta meia génio tão particular.

Opinião final:

De cara lavada e cada vez melhor, Shantae provou que está aqui para ficar. Apesar da origem conturbada, a WayForward parece estar determinada em não deixar a franchise morrer. O amor por este jogo é mais do que notório e, apesar da curta experiência, fico feliz em fazer parte dos jogadores que podem desfrutar desta experiência mágica por Sequin Land.

Do que gostamos:

  • Mais Shantae!!
  • Apesar da curta duração, mantém a sua qualidade constante ao longo de todo o jogo;
  • Gráficos e banda-sonora.

Do que não gostamos:

  • Muito curto;
  • Alguns dos poderes de Shantae poderiam ter sido usados para criar um pouco mais de conteúdo a explorar.

Nota: 8/10