Análise – Shantae: Risky’s Revenge – Director’s Cut (Wii U)

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Shantae teve a infelicidade de ser lançado para o Game Boy Color já no seu fim de vida, quando o lançamento do Game Boy Advance estava em força. Passando despercebido à maioria, aquilo que é um excelente Metroidvania ficou na gaveta durante anos e anos, condenado à obscuridade. No entanto, a Wayforward não queria deixar a pequena meia-génio Shantae desvanecer-se assim e acabou por lançar aquele que é considerado um dos melhores jogos da era DSiWare – Shantae: Risky’s Revenge.

Após o lançamento de mais uma sequela e quase a recebermos ½ Genie Hero, tivemos a oportunidade de pegar neste Director’s Cut do título que conseguiu reviver aquele que, de outro modo, seria apenas mais um título do catálogo do GBC, com tudo para ser relevante mas que não se soube destacar dos demais. Antes de mais nada, quero expressar o meu desagrado com o facto de não termos este Director’s Cut disponível na eShop da 3DS. Após incursões pelo Steam, iOS e até PS4, Shantae regressou à casa que a viu nascer, mas na consola caseira da Nintendo, ao invés da sua portátil. E francamente não se percebe, principalmente com o fim mais que anunciado da loja DSiWare.

Para quem ainda não conhece Shantae, permitam-me que a apresente. Esta pequena rapariga de cabelo roxo é tudo menos indefesa, tendo já salvo Scuttle Town uma vez das garras da maléfica pirata Risky Boots. A meia-génio é a guardiã da cidade, mas este título é-lhe rapidamente retirado quando a cidade cai novamente sob a ameaça da pirata, após esta deixar Shantae inconsciente e roubar uma lâmpada mágica na Relic Hunters Expo. No entanto, Shantae não se deixa abater e decide de todo o modo enfrentar a situação e mais uma vez lutar contra Risky Boots.

Mais uma vez, Risky decidiu dar uso à sua reputação malévola e estragar o dia.

Mais uma vez, Risky decidiu dar uso à sua reputação malévola e estragar o dia a Shantae.

As mecânicas de jogo são simples, mas ainda assim desafiantes. Os inimigos espalhados por Sequin Land são muitos, mas Shantae conta com o seu poderoso cabelo para os chicotear. Para além desta sua arma principal, terão ainda à disposição tanto poderes mágicos, como projéteis e escudos. É preciso não esquecer também que Shantae é, afinal de contas, uma meia-génio e os seus poderes fazem aqui uma aparição bem necessária. À semelhança do primeiro título da série, através das suas danças, Shantae pode transformar-se em várias formas animais que a ajudarão não só a ultrapassar obstáculos, mas também a descobrir segredos e objetos escondidos. Enquanto que no GBC, esta mecânica quebrava um pouco o ritmo do jogo, uma vez que obrigava a  executar uma combinação sequencial de botões, aqui simplesmente têm de pressionar um botão e deixar que Shantae faça a dança da forma que pretenderem.

Preparem-se para muito backtracking e aqui o Director’s Cut fez uma muito necessária alteração, nomeadamente ao sistema de Warp. Enquanto que anteriormente este sistema era tudo menos amigável, obrigando a uma grande ginástica de seleção de quais as estátuas de portais a utilizar (uma vez que apenas poderia ser utilizadas emparelhando as mesmas), a Wayforward decidiu facilitar as coisas. Desta vez, apenas precisam de acordar as Squids nestas estátuas e poderão viajar para qualquer portal do mapa – desde que tenham ativado a estátua previamente. Isto resolve muito do backtracking que irão fazer ao longo do jogo, uma vez que logo desde início terão mais do que liberdade para explorar o mundo de Shantae.

Visualmente, estamos perante um jogo cujo estilo gráfico tem uma evolução notória face ao do GBC, com um estilo retro o suficiente para apelar aos fãs do primeiro, mas com pequenos detalhes que fazem com que o cenário e inimigos se destaquem face à nossa personagem. Nada foi deixado ao acaso e é um mimo apreciar o nível de detalhe que foi dado aos cenários das diferentes zonas de Sequin Land. Os Lilac Fields são bem diferentes do Baron Desert e não precisamos que o nome das áreas apareçam para percebermos imediatamente onde estamos. Confesso, não sou a maior fã da direção artística tomada no que toca aos retratos das personagens (que são apresentados durante os diálogos), tendo a arte sido mais polida na sequela. Ainda assim, é impossível negar a sua qualidade. Uma vez que irão jogar ou na vossa televisão ou no gamepad da WiiU, Shantae permite que ajustem o ecrã, desde 4:3 com rebordo até 16:9 – ou até no rácio original se assim preferirem.

Apesar de irem usar muitas vezes o cabelo de Shantae, também têm outras armas. Mas a melhor será o amaciador.

Apesar de precisarem muitas vezes de recorrer ao cabelo de Shantae, também têm outras armas. Mas a melhor será o amaciador.

Como estamos a falar de um Director’s Cut, é sempre bom sabermos se de facto temos aqui a melhor versão ou se se devem deixar pela DSiWare, independentemente do fim da loja. Como já foi referido, foi alterado o sistema de Warp e só isso já serve como um grande motivo para preferirem esta nova versão. Foi ainda adicionado um novo modo de jogo, o Magic Mode, que poderão desbloquear e que dá uma nova fatiota a Shantae – que não só lhe dá todo um novo estilo como também lhe aumenta as capacidades mágicas! Na verdade, este novo modo funciona como um desafio extra, uma vez que não existem só benesses, a vossa defesa é também reduzida para metade.

Nem tudo são rosas e algo que me irritou especialmente foi o mapa. Não só o mesmo apenas é acessível através do inventário, como consegue ser bastante confuso. Com tantos botões por onde escolher, seria fácil atribuir um apenas ao mapa e até melhorar a visualização do mesmo.

O que acabamos aqui por ter é um excelente Metroidvania que folgo em ver que conseguiu ter uma segunda oportunidade após um início que parecia condenado ao desaparecimento. Este Director’s Cut conseguiu criar a versão definitiva de Risky’s Revenge, mas existem ainda diversos pontos que poderiam ter sido melhorados, mas que acabaram por ficar para trás. Ainda assim, é uma das séries que considero obrigatória para os fãs do género. Conseguem acabá-lo em algumas horas, mas garanto-vos que serão umas horas de elevado divertimento… principalmente se forem como eu e estiverem ansiosamente à espera do lançamento de ½ Genie Hero.

Opinião final:

Uma série que poderia ter morrido na praia após um título, mas que agora se prepara para o lançamento da sua quarta iteração, Shantae não deverá passar despercebida a ninguém. Risky’s Revenge recebe aqui neste Director’s Cut um novo fôlego e esperamos que consiga cativar novos jogadores e fãs, para que a série continue com o seu encanto e charme durante muito mais tempo. Resolvendo algumas questões mas esquecendo-se de outras, é a versão definitiva deste título da Wayforward, que assim decidiu depositar a sua fé na meia-génio Shantae. E nós definitivamente que lhes agradecemos por isso.

Do que gostamos:

  • Excelente renascimento da série Shantae nas novas gerações;
  • Resolução do sistema de warp;
  • Gráficos fantásticos;
  • Fantástico Metroidvania que apelará aos amantes do género e não só.

Do que não gostamos:

  • Lançamento apenas na WiiU, deixando a 3DS de fora;
  • Mapa confuso e a carecer de sérios melhoramentos.

Nota: 8,5/10