Sheltered é o primeiro jogo da Unicube, uma produtora com dois developers, Sonny Meek e Dean Foster, que estão a iniciar-se no mundo do desenvolvimento de videojogos. Depois de várias tentativas e falta de recursos, decidiram recorrer ao KickStarter, onde o CEO da Team17 tomou conhecimento do projeto e recrutou os dois developers para a sua equipa, e ainda puderam contar com o apoio da equipa, Team17 para melhorar o que já sabiam acerca da criação de jogos e aprender coisas novas e úteis para melhorar Sheltered.
O jogo situa-se numa situação pós-apocalíptica, onde uma família sobrevivente encontra um abrigo e tenta sobreviver nas piores condições possíveis. Logo de início escolhemos cada personagem da família, dois progenitores e suas crianças, que podemos personalizar em termos de roupas, forma física, e personalidade. Esta última varia e afeta os stats da personagem (inteligência, carisma, perceção, destreza, força) e tem várias opções sendo algumas atlético (tem pouca inteligência e perceção mas bastante força e destreza), estudioso (tem pouca força e destreza mas tem bastante carisma, inteligência e perceção), e será em base disto que a personagem irá se adequar no seu dia a dia neste jogo de sobrevivência.
Depois de personalizados os quatro membros da família, o jogo irá pedir para escolhermos o nome da família e a mascote (animal de estimação).
A mascote pode ser um cão, um gato, um aquário com peixes, uma cobra ou um cavalo. Cada um tem as suas vantagens e desvantagens; por exemplo o cão, o gato e os peixes permitem perder stress, o cavalo permite expedições que gastam menos recursos e menos tempo, a cobra apanha ratos tal como o gato. No entanto têm que ser alimentados, uns mais que outros e claro podem ser perigosos (no caso da cobra).
Feitas todas as escolhas, somos levados para um tutorial que nos explica em que se baseia este jogo de sobrevivência e as inúmeras escolhas e cuidados que temos de ter para a família sobreviver e não apanhar doenças, pois caso alguém morra, a morte é permanente.
Teremos inúmeras tarefas para dar aos personagens, sendo que cada personagem precisa de ter cuidado com: Higiene, fome, sede, cansaço, wc e diversão. Para tal teremos de estar sempre atentos às rações de comida disponíveis, ao tanque de água, criar sacos cama e duches, arranjar wc, entre inúmeras outras coisas.
É possível recrutar pessoas de fora para ajudar e aumentar os habitantes do abrigo, ou então negociar com eles de forma a obter itens imprescindíveis para melhorar o nosso abrigo através do craft que nos permite criar diversas coisas e aparelhos para o abrigo ou até aumentá-lo.
Irá ser necessário ter em conta o “stock” de alimentos e objetos para melhorar o abrigo, e para obter estes objetos irá ser necessário comandar as personagens para expedições fora do abrigo, com algumas coisas essenciais (água, mascaras de proteção, entre outras coisas), estas expedições podem durar ou não, dependendo das opções que escolhemos, quanta água queremos gastar, entre outras coisas. Durante as expedições, recebemos transmissões das nossas personagens a informar o que encontram e se queremos explorar para encontrar mais objetos úteis ou não.
Embora o jogo tenha esta diversidade toda, torna-se muito repetitivo ao fim de uma ou duas horas, sendo cada vez mais do mesmo e dando bastante stress ter de estar sempre a cuidar das diversas personagens a toda a hora, não nos permitindo fazer quase nada a certa altura senão cuidar deles. Outra coisa que podiam ter melhorado é a forma como nos apresentam os textos, as dicas, as informações, estas tendo letras muito pequenas e que requerem esforço para ler.
Opinião final:
Embora original e diversificado, Sheltered exige muita paciência e dedicação para com as personagens e uma boa visão para ler os textos miudinhos das informações. Enquanto que, em muitas partes a frustração pode ser impeditiva de algum divertimento ou até mesmo de apreciar o jogo, admite-se que tem diversas opções para um bom jogo de sobrevivência pós-apocalíptico. O jogo melhora com a obtenção de novos recursos, novos objetos e mais pessoas, no entanto, também piora no que toca a ter que cuidar desses recursos novos, ter que ordenar as pessoas para se tratarem nos diversos afazeres e alimentarem-se, etc. Visualmente não é apelativo, mas não são os gráficos que interessam em Sheltered, mas as opções e o gameplay.
O que gostamos:
- Simulador de sobrevivência pós-apocalíptica bem conseguido;
- Muita interacção com os personagens;
- Inúmeras opções e tarefas.
O que não gostamos:
- Obrigatoriedade e falta de automatização para os cuidados dos personagens;
- Provoca frustração e stress à medida que recebemos mais coisas para fazer;
- Textos enormes de ajuda e informações, com letras bastante miúda;
- Torna-se repetitivo ao fim de uma ou duas horas.
Nota: 7/10