Análise – Snipperclips – Cut it out, together!

O grande destaque do catálogo da Switch no seu lançamento era sem dúvida The Legend of Zelda: Breath of the Wild, mas nem por isso deixavam de existir outros títulos bastante interessantes e que mereciam o nosso tempo.

Quando, pouco antes do lançamento da consola, tivemos a oportunidade de a experimentar na showroom da Nintendo Portugal, Snipperclips – Cut it out, together! (doravante refiro-me ao jogo apenas como Snipperclips) foi o jogo que mais me prendeu a atenção. O seu estilo artístico, a banda sonora e as animações das duas personagens cativaram-me logo pelo seu tom relaxante, fofo e divertido.

Sendo um fã de jogos de quebra-cabeças, fiquei bastante ansioso pelo produto final, e para minha grande felicidade, Snipperclips não desapontou e correspondeu exatamente ao que esperava: um simples e divertido jogo de puzzles, com uma apresentação suave e alegre.

Snipperclips é antes de tudo um jogo cooperativo, e é apenas nessa forma que ganha a sua magia. É possível jogar a solo, mas é necessário estar a trocar constantemente de personagem, o que, por si só, já torna a experiência mais enfadonha. Mas ainda mais importante é a perda da característica mais apaixonante de Snipperclips: o diálogo e exploração em conjunto dos diversos desafios. A comunicação é essencial neste jogo, e é em grande medida o que o torna especial.

No modo de jogo principal – modo World -, (preferivelmente) 2 pessoas percorrem uma diversidade de puzzles divididos em  vários mundos, cada um com o seu tema. Cada uma com o seu Joy-Con, têm de pensar criativamente de maneira a superar os desafios, recortando o outro jogador, subindo para cima dele, entre muitas outras possibilidades. A funcionalidade de cortar origina vários momentos divertidos em que um corte mal feito ou exagerado provoca no outro um pequeno desejo de vingança, sendo comum ver batalhas em que nos tentamos cortar uns aos outros, ignorando o verdadeiro objetivo.

Os cortes são mesmo a mecânica fundamental do jogo e muitas vezes teremos de posicionar as nossas personagens de modo a que seja possível construir certas figuras, como um género de suporte para levar uma bola de basquetebol e encestá-la, um gancho para rodar manivelas, conseguir cortar cartolinas num certo padrão, e muito, muito mais. De maneira a conseguirem fazer tudo isto, irão necessitar de andar de um lado para o outro, rodar a vossa personagem e saltar, sendo estas as únicas mecânicas de jogo disponíveis. Caso façam cortes errados, podem ainda a qualquer momento restaurar o vosso formato básico.

Os puzzles de Snipperclips são mesmo bastante variados, e, aliados às expressões adoráveis das personagens e à banda sonora e efeitos sonoros que encaixam que nem uma luva, tornam esta numa das melhores experiências dentro do género nos últimos tempos. No entanto, devido a todos serem construídos em volta das mecânicas simples apresentadas anteriormente, pode-se tornar (apesar de ser acompanhado por uma apresentação impecável) aborrecido em sessões mais longas, o que não é em si um ponto negativo, significa apenas que é um título adequado a curtas, mas animadas, sessões de jogo.

As expressões das personagens são sempre muito engraçadas.

O modo para entre 2 e 4 jogadores – modo Party – não se afasta muito do principal, apresentando as mesmas mecânicas e sendo os seus desafios apenas adaptações de uma quantidade bastante limitada de níveis do modo World, agora para quatro personagens. Isto significa que caso sejam apenas 2 ou 3 jogadores, terão de ir trocando de personagem, tal como no modo principal caso joguem a solo, o que, como dissemos, torna tudo mais enfadonho. A quantidade de níveis é bastante reduzida, e a inexistência de níveis para apenas 3 jogadores acaba por ser uma falha incomodativa. Este modo no geral apresenta-se, assim, pouco trabalhado, passando a mensagem de que existe simplesmente por existir e poder vir na caixa que tem opções multijogador para até 4 jogadores.

Finalmente, existe o modo Blitz, que consiste num conjunto de 3 minijogos competitivos bastante simples, mas divertidos, em que ganha sempre aquele que conseguir alcançar primeiro as 3 vitórias. Um deles, o Dojo, é o aproveitar de uma situação já relatada e consiste numa curta batalha em que tentamos cortar a personagem do nosso amigo, e vice-versa. Outro, o Hoops, pede-nos que tentemos encestar uma bola de basquetebol no cesto do adversário, e protegendo o nosso. Finalmente, o Hockey coloca-nos num clássico jogo de hockey de ar, em que em vez dos comuns tacos redondos, controlamos as duas caras conhecidas do modo principal.

Mesmo sendo bastante básico e um simples extra, alcança o seu objetivo de diversificar ainda mais o leque de experiências oferecidas em Snipperclips, mantendo a qualidade e animação características do modo World, agora num modo competitivo.

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Com 4 pessoas a coordenação fica ainda mais difícil!

Perante tamanha variedade e qualidade de experiências, o preço pedido pelo jogo desde o seu lançamento (19.99€ na Nintendo eShop) parece até demasiado baixo, sendo bastante justo e convidativo. Se forem fãs de jogos de puzzles e tiverem com quem partilhar a experiência, este título é uma aposta segura.

Opinião final:

Snipperclips – Cut it out, together! é um excelente jogo de puzzles, continuando a ser um dos títulos mais interessantes no catálogo da Nintendo Switch, que vai ficando cada vez mais rico e diversificado. Com uma apresentação querida, alegre e descontraída, facilmente vos irá conquistar e deixar que não se frustrem quando tentam comunicar ao vosso parceiro de aventuras o que pretendem fazer, mas não conseguem. Com 3 modos de jogo diferentes (de qualidade desigual) e vários puzzles por resolver, o jogo oferece conteúdo mais que suficiente para justificar o preço pedido. Um jogo ideal para sessões curtas e em companhia de amigos ou familiares.

Do que gostamos:

  • Estilo artístico encantador e colorido;
  • Banda sonora animada e relaxante;
  • Grande variedade de quebra-cabeças;
  • Minijogos simples mas que complementam bem a experiência, no modo Blitz;
  • Boa relação entre o preço e o conteúdo oferecido.

Do que não gostamos:

  • Modo Party pouco aproveitado;
  • Pode tornar-se repetitivo em sessões mais longas.

Nota: 8,5/10