South Park: The Fractured But Whole é o novo jogo da Ubisoft San Francisco inspirado na série criada por Trey Parker e Matt Stone em 1997, e logo no seu nome temos indícios de que apesar do aspeto infantil, tanto o jogo como a série são definitivamente um conteúdo para uma malta mais velha.
Numa sequela direta de The Stick of Truth, os jogadores mais uma vez vão assumir a pele de “O Miúdo Novo” (que já não é tão novo) e unir-se às infames crianças de South Park numa aventura de RPG repleta de humor negro, piadas com duplo sentido, temas polémicos e varias referências, principalmente à nova fase de filmes de heróis.
Em The Stick of Truth os jogadores foram levados numa aventura medieval, e desta vez a “brincadeira” é relacionada com franquias de filmes de heróis., com direito, inclusive, a dois grupos separados que se odeiam mutuamente, mas que estão unidos numa mesma brincadeira, algo que pode ser interpretado tanto na visão de duas empresas diferentes com um mesmo objetivo (Marvel e DC Comics) ou como uma crítica inteligente aos próprios fãs dessas empresas, que constantemente sentem a necessidade de defender as suas preferências mas que, no final do dia, estão unidos numa mesma paixão que são os heróis.
Mais uma vez, o odiado e sempre incisivo Eric Cartman lidera a equipa como um Mestre e irá fazer uso de todas as suas habilidades como herói, assim como da sua personalidade única, para combater o crime e desvendar o mistério dos gatos que estão a desaparecer de maneira suspeita. Mais precisamente, o grande objetivo é descobrir o paradeiro do gato mais feio e estranho que vão conhecer, mas que tem uma recompensa que poderá definir qual dos lados irá dominar esta luta pelo sucesso dos seus heróis (onde será que já vimos isto?!).
As mecânicas implementadas em The Stick of Truth não mudaram muito, com combates a funcionarem por turnos, porém a grande diferença é que agora o jogador tem uma maior movimentação durante estes combates. Esta mecânica é algo que no decorrer do jogo é explorado de diferentes maneiras, seja com ataques em área onde o jogador terá um turno para se esquivar, seja com fugir de uma prostituta gorda que tem como objetivo transformar o jogador num crepe com o rabo e (ainda restam dúvidas de que este não é um jogo infantil?).
Por já não tratar-se de uma historia medieval, a barra de mana também foi abandonada e substituída por uma barra comum entre os personagens que ao ser preenchida libera a opção de um ataque extremamente poderoso. A barra é preenchida após cada ataque concretizado ou defesa perfeita e não está limitada há apenas o seu personagem, a aumentar assim o sentimento de equipa, já que o trabalho de um poderá ser decisivo para que o outro possa finalmente liberar o seu ataque mais poderoso.
Outra novidade é que por ser uma brincadeira nos tempos atuais, as redes sociais passam a ser parte dessa aventura, com o Coonstagram (como o próprio nome indica, uma versão The Coon do Instagram). Infelizmente essa novidade poderia ser utilizada de maneira mais diversificada e com maior influencia nas brincadeiras, sendo que a sua maior utilidade fica mesmo por arrecadar seguidores por toda a cidade, quase como uma espécie de colecionavel.
Por falar em colecionáveis, os Chinpokomon foram substituídos por imagens de cenas Yaoi com cerca de 40 espalhadas por toda a cidade. Para além disso haverá também outras missões que vão levar o jogador a explorar a cidade para conseguir um determinado numero de itens e desbloquear recompensas especiais como fatos, artefactos ou até itens para craft.
A personalização é outro ponto alto do jogo, já que não se limita apenas a parte estética com mudanças no cabelo, roupas, ou acessórios, também será possível personalizar o personagem com artefactos que irão oferecer bónus que vão alterar as estatísticas do personagem e aliados e escolher os seus poderes com base na sua escolha de classe. Outra personalização, porém essa, acontecerá durante toda a historia é da Folha de Personagem, já que é “O Miúdo Novo” e não fala muito, durante a historia haverá a possibilidade de conversar com determinados personagens que irão ajudar o jogador a definir a etnia, género, religião e até fraquezas do seu personagem, obviamente pro tratar-se de South Park não poderia deixar de haver humor e polémicas nessas escolhas. Obviamente que iremos deixar as consequências dessas escolhas para que descubram durante o jogo, porém, basta dizer que o personagem criado por mim é um Japonês-Hispanico de género fluido Pansexual, que tem como fonte de poder, o Anal…
Graficamente os fãs da série vão sentir-se em casa já que o jogo mantém-se fiel a arte da animação, com não apenas os personagens a serem fielmente adaptados, como a própria cidade a receber uma grande atenção não apenas por fora, mas também por dentro das casas, lojas e locais que iremos visitar seja durante a historia ou mesmo enquanto exploramos.
A longevidade do jogo não está muito longe do esperado, com o jogo a garantir uma média de 20 horas de duração, que pode ser reduzida ou ampliada a depender do quanto o jogador irá querer explorar do jogo e da própria cidade.
O jogo possui opção de legenda em português de Portugal, não havendo a opção de vozes em português apenas em inglês, espanhol, francês, italiano e alemão. Porém aqueles que adquirirem a versão brasileira do jogo, poderão desfrutar das vozes em português do Brasil, sendo essas as vozes dos atores da própria animação.
Opinião final:
Em resumo South Park: The Fractured But Whole, é um exemplo positivo de que certos adiamentos por vezes são necessários para entregar um jogo de qualidade. Essa sequela é justamente aquilo que os fãs da animação e do jogo poderiam esperar, a preservar na perfeição aquilo que faz da série um grande sucesso, humor acido, nenhum medo de explorar temas polémicos, referencias constante, mas sempre com toques geniais.
South Park: The Fractured But Whole traz ao jogador experiente ou recém-chegado ao universo dos videojogos, um jogo acessível e divertido, a apostar numa jogabilidade simples, com personagens carismáticos e com personalidades únicas aliado a mecânicas intuitivas.
Do que gostamos:
- Gráficos fieis a animação;
- Sistema de combate intuitivo;
- Diversidade de conteúdos para serem explorados na cidade;
- Grande variedade de poderes e personagens;
- Humor característico da série, com direito a humor sobre o próprio universo de heróis e videojogos;
- Variedade de personalização e integração do mesmo a historia.
Do que não gostamos:
- Localização das áreas de Viagem Rápida poderiam ser mais estratégicos;
- Coonstagram poderia ser melhor utilizado no jogo;
- Pouca variedade de inimigos aleatórios no mapa;
- Assim como o anterior, não possui muito fator de replay.
Nota: 9/10