Das mentes criativas do famoso Nintendo EAD (responsável por vários grandes exclusivos da Nintendo) surge-nos Splatoon, uma nova propriedade intelectual exclusiva da Wii U que nos leva até Inkopolis, uma cidade habitada por uma espécie humanoide com características de lulas, os Inklings.
Tal como evidencia o nome da cidade e dos seus habitantes, derivados da palavra “ink”, que significa tinta em inglês, este jogo coloca a tinta como um aspeto central e fulcral para a maneira como o jogamos.
Os Inklings são um povo guerreiro que por vários séculos travou inúmeras batalhas contra os Octarians, uma espécie de polvos que tentam incessantemente invadir Inkopolis e são sempre uma ameaça que os habitantes desta cidade devem ter em conta. No momento em que o jogo decorre, embora ninguém acredite, os Octarian estão mais uma vez a preparar-se para um ataque massivo à metrópole. O Capitan Cuttlefish sabe-o e recruta-nos para o ajudarmos a recuperar o “The Great Zapfish”, um peixe que ligado à corrente elétrica fornece energia para toda a cidade. Esta valiosa fonte de energia foi misteriosamente roubada, e acreditamos serem os Octarians os responsáveis por estas atividades nefastas. Para derrotarmos o exército dos polvos devemos completar várias missões que se dividem em vários grupos e que quando concluídos temos um confronto com um boss final. Estas missões, incluindo as batalhas contra os bosses não são muito difíceis e nenhuma delas me ofereceu um especial desafio até mesmo perto do fim. Quando acabamos cada uma destas missões somos recompensados com um Zapfish, pequenos peixes semelhantes ao “Great Zapfish” mas que fornecem quantidades de energia muito menores, suficientes para alimentar apenas uma simples lâmpada. Para além do Zapfish que se encontra no final de cada nível, temos ainda, espalhados por várias missões Sunken Scrolls que funcionam aqui como colecionáveis e que nos permitem comprar novas armas.
Estas missões no Octo Valley (onde se encontra o exército dos polvos) correspondem à campanha do jogo e servem maioritariamente para explicar os controlos, habilidades especiais e tácticas que serão úteis nos modos multijogador. Esta campanha não é então, de todo, um motivo suficiente para a compra do jogo, com a sua curta longevidade (apenas necessitarão de 2/3 horas para a completar), as suas missões agrupadas sempre pela mesma ordem e não muito distintas entre si e uma dificuldade bastante baixa, o modo para um jogador de Splatoon poderia estar bem melhor do que como nos chega.
Mas se na campanha derrotamos os inimigos dos Inklings, como funciona então o online deste jogo? Tal como referido na parte inicial da análise, Splatoon desenvolve-se muito em volta da tinta, como mostra o nome da cidade e o facto de os seus habitantes terem características de lulas. Os Inklings portanto adoram tinta, e este gosto, associado ao seu espírito guerreiro e competitivo, leva a que compitam entre si num desporto a que dão o nome de Turf Wars, o que representa o modo multijogador online e é parecido ao que chamamos de Paintball, embora não exatamente igual.
Neste modo de jogo (e nos outros também, incluindo a campanha) é nos dada uma arma que dispara tinta da nossa cor, que poderá ser azul, verde, cor-de-rosa, entre outras. Esta arma poderá pertencer a uma das 4 classes disponíveis: Splattershot (que corresponde à comum Assault Rifle); Splattershot Jr., que não é muito diferente da Splattershot; Splatroller que é um rolo de tinta, perfeito para combate a curta distância e para pintar grandes áreas em pouco tempo e ainda a Splat Charger, que corresponde a uma sniper.
Ao longo do jogo iremos ter disponíveis mais armas, para assim melhorarmos o nosso arsenal para as partidas online e para o modo para um jogador. Cada arma (e equipamento, como falarei mais à frente) tem um grande impacto na maneira como nos comportamos no campo de batalha. No caso das armas, dependendo da classe, por exemplo splat rollers diferentes podem ter um alcance maior ou menor, serem mais ou menos pesados e pintarem mais ou menos depressa. Assim, é fulcral termos noção de qual o estilo de jogo que mais se adequa às nossas habilidades para encontrarmos a arma com que nos sintamos mais confortáveis e prontos para bater de igual para igual os restantes jogadores. Assim Splatoon apresentaria já uma grande variedade de maneiras de jogar com todas as armas disponíveis, no entanto o jogo é ainda mais profundo.
O modo Turf Wars, referido anteriormente, é o único modo online disponível e mostra como a Nintendo entra no género dos atiradores na terceira pessoa com uma abordagem diferente da tradicional. Em Turf Wars o objetivo não passa, como em muitos casos, por derrubar o maior número de oponentes ou conquistar uma área em específico, mas sim espalhar o máximo de tinta possível por todo o cenário, ao fim de 3 minutos a equipa que possuir a maior percentagem de área com tinta correspondente à sua cor, ganha. Estas duas equipas que se defrontam são constituídas por 4 jogadores, não importando a classe, podem existir, por exemplo, 4 Splattershots numa equipa e nenhum Splat Charger, Splat Roller ou Splattershot Jr.. Como o objetivo passa por pintar a maior parte do cenário, existem várias maneiras de abordar as partidas, por exemplo podem preferir correr atrás dos adversários e entrar no sítio onde a partida está mais acesa ou aproveitar os espaços vazios e sorrateiramente pintar uma grande área.
As diversas maneiras de jogar Splatoon, como as referidas em cima, proporcionam ao jogo uma enorme profundidade já que será necessário que conheçam bem os cenários para assim tentarem prever as táticas que a equipa adversária poderá tentar seguir ou que a nossa deverá usar em situações mais apertadas. Embora através destas palavras o jogo possa parecer muito complexo, esse não é o caso e rapidamente entram no ritmo de Splatoon, embora tenham desde cedo o fator de competitividade tão característico de jogos online.
Um pouco contraditório a esta grande promessa do shooter da Nintendo é a falta de mapas de que o título se faz acompanhar. Até nos chegarem futuras atualizações em que serão adicionados bastantes conteúdos, incluindo mapas, apenas temos à nossa disposição 5: Arowana Mall; Blackbelly Skatepark; Saltspray Rig; Walleye Warehouse e Urchin Underpass. Uma quantidade bastante pequena de mapas, que embora sejam interativos na medida em que podemos colorir quase a totalidade dos cenários com tinta, deixam um “sabor a pouco”.
Para além do modo Turf Wars existe também o modo Ranked Battle que apenas se encontra disponível para jogadores a nível maior ou igual a 10. Nas Ranked Battle cada partida decide a nossa classificação num sistema de ranking em que começamos na divisão C e vamos subindo ou não, dependendo dos nossos feitos. Neste modo de jogo, para além do habitual Turf Wars, temos ainda um modo de nome Splat Zones em que devemos manter uma área sobre o nosso controlo até ao fim da partida.
Uma das dúvidas que aparecem certamente a qualquer potencial comprador deste título é de como funciona a jogabilidade e o que diferencia esta nova série de os demais atiradores na terceira pessoa no mercado. De facto a tinta é a resposta para quase todas as perguntas sobre o que Splatoon oferece de novo. Através da tinta podemos pintar o cenário, matar os outros Inklings, os Octarians e outro fator muito importante, poder nadar na tinta. Tal como referido anteriormente, os Inklings são humanoides com características de lulas e a qualquer momento podem alternar entre a sua forma humana e a forma de lula. Nesta segunda forma podem nadar a toda a velocidade pela tinta que lhes corresponde, alcançar plataformas mais distantes durante o salto e permanecer indetetado. Todas estas características são importantíssimas e para que tenham sucesso terão de conseguir conciliar bem o uso entre ambas as transformações.
Outro dos pontos que marca uma enorme diferença entre Splatoon e a grande maioria dos shooters que existem atualmente é o facto de Splatoon ser um jogo bastante colorido, com um estilo artístico mais cartoonesco e infantil, exatamente o oposto dos gráficos cinzentos e sangrentos dos recentes jogos FPS e/ou TPS. Este grafismo nota-se particularmente bem quando a tinta se espalha por todo o cenário e se misturam a meio criando efeitos únicos e realistas, que condizem mesmo assim com o aspeto geral do jogo. Sendo a tinta o ponto fulcral do jogo, é fácil de imaginar que esta tenha sido objeto de grande cuidado e o porquê de ser ela o maior destaque do jogo em termos de grafismo. Desde o efeito da luz a refletir na tinta até ao movimento da lula na tinta, o jogo possui um grafismo cativante e que prende rapidamente a nossa atenção.
Em termos de música, Splatoon conta com uma orientação mais baseada em músicas rock, o que está em concordância com o estilo de roupa e de vida que os Inklings vivem e que ajuda a tornar este Universo mais credível.
Opinião final:
Splatoon é uma interessante nova propriedade intelectual da Nintendo que traz até aos jogos de ação na terceira pessoa uma nova maneira de jogar e com sucesso. Com um bom aspeto, música a condizer e uma jogabilidade sem muitas falhas por apontar, foi um prazer experimentar este jogo. No entanto é necessário apontar que o potencial desta série não foi totalmente aproveitado já que o jogo necessita de mais mapas, modos e de uma campanha mais longa e melhor construída.
O que gostamos:
- Estilo artístico;
- Música rock com toque próprio;
- Maneira de jogar nova e refrescante;
- Multijogador online profundo.
O que não gostamos:
- Campanha promissora mas mal aproveitada;
- Falta de mais modos e mapas no lançamento do jogo.
Nota: 7,5/10