Análise – Splatoon 2

Chegou o verão e as companhias de videojogos esforçam-se por nos apresentarem o “hit” que nos fará companhia nas noites quentes, sentados no sofá com as janelas abertas ou com a ventoinha ligada, criando memórias que durarão uma vida inteira.

O concorrente da Nintendo à nossa paixão de verão deste ano não é nem mais nem menos do que Splatoon 2, a sequela do jogo original da big N lançado em 2015. Splatoon 2 consiste num shooter 3rd person, que assenta na mesma premissa que o seu antecessor, em vez de balas, a nossa munição é tinta, e os objetivos principais envolvem vários tipos de combate, em que temos de “pintar” consoante os diferentes objetivos dos variados e divertidos modos de jogo.

Splatoon 2 regressa com novos modos, um novo hub, personagens e banda sonora fantástica.

No mundo de Splatoon 2 pertencemos a uma espécie hibrida de lula-humanoide, chamada de Inkling, que herdou o nosso planeta após o que se julga ter sido a extinção humana. Os Inklings, juntamente com outros seres marinhos, como alforrecas, camarões, caranguejos, lesmas marinhas e krill formaram uma sociedade muito parecida com a nossa. A grande ameaça a esta sociedade são os Octarians (Polvo-Humanoide) que desejam tanto a fonte de energia da cidade dos Inklings – o Great Zap fish – como o território destes. De forma a combater esta ameaça, os Inklings desenvolveram um método de combate que consiste em pintar o maior território possível – as turf wars.

É à volta desta forma de combate extremamente popular entre inklings, que Splatoon 2 se centra!

O jogo pode ser jogado em modo single-player, que nos oferece um modo de estória (Hero mode) no qual é a nossa missão salvar Callie, irmã de Marie, ambas personagens principais do Splatoon original, e o Great-Zap fish, a fonte de energia da cidade. Este modo serve principalmente para ensinar ao jogador as mecânicas do “splatting” (pintar), movimento em formas inkling ou squid e as diferentes armas. Porém, o grande atrativo do jogo é sem dúvida o multiplayer, com todos os seus modos, onde as turf-wars, entre outros, residem.

O modo multiplayer traz-nos ambos os modos existentes no jogo anterior, Turf-wars e Ranked Battle, mais dois modos completamente novos – League Battle e, por fim, o tão aguardado Salmon Run. No League Battle, um modo feito especificamente para e-sports (Boa Nintendo!), ao qual só podemos aceder após desbloquearmos a Ranked Battle (chegando a nível 10) e atingirmos o rank -B nesta. Neste modo podemo-nos juntar com os nossos amigos numa equipa de 4 e digladiar-nos com outras equipas durante sessões de duas horas em multiplayer competitivo. Por sua vez, Salmon Run, que pode ser jogado em multiplayer online ou local, apresenta-se como um modo horda (horde mode) no qual 4 jogadores em equipa têm de colaborar para derrotar onda após onda de inimigos, enquanto apanham ovas… de salmão (ikura portanto) com bosses que precisam de ser vencidos pelo meio! Este modo não está sempre disponível online, um bocado ao estilo das Splatfests, de que falaremos mais à frente. Com a inclusão destes dois modos a Nintendo aproxima a franquia Splatoon das outras franquias de shooters online, pelo que agora, esta possui um modo horda e um modo feito especialmente para os e-sports.

A sequela ao Splatoon de 2015 agora oferece novos modos multiplayer, como league battle, perfeito para e-sports e salmon run, um modo horda muito divertido!

Relembrando os clássicos, as Turf-wars são batalhas pelo controlo do mapa, no qual duas equipas de quatro tentam pintar, com cores diferentes, a maior parte do terreno possível sem deixar que repintem por cima, esse terreno, de outra cor! Existe uma enorme tentação de pintar os inimigos, eliminando-os e obrigando-os a fazer “respawn”, mas o objetivo do jogo não é esse, pelo que quem vai para a turf-wars para ter kills, geralmente esquece-se do objetivo e perde! Arrecadar kills é importante, por vezes, de modo a parar uma invasão do terreno já pintado da nossa cor, mas não é o essencial. Já a Ranked battle larga o conceito turf e introduz três modos de jogo diversificados, nos quais ganhamos rank (e glória): Splat Zones, no qual batalhamos por controlar uma zona específica; Tower Control, no qual temos de atacar ou defender uma torre do controlo dos nossos inimigos, de forma a fazê-la chegar até ao destino – muito ao estilo de payload -, e por fim o Rainmaker, um modo muito ao estilo capture the flag, mas com uma inversão muito interessante – o Rainmaker, além de ser uma arma especial com tinta ilimitada, tem de ser levada para dentro da base adversária.

O jogo oferece um modo de lobby para voice chat que ainda não está disponível, pois está dependente da aplicação SplatNet2 na Nintendo Switch Online app para smartphone que se conectará com a nossa Nintendo Switch. Esta aplicação ainda não está disponível, pelo que não tivemos forma de testar o serviço.

Finalmente temos os Splatfests, os ocasionais festivais de Splatoon em que nos é pedido para escolhermos uma equipa, normalmente com uma pergunta do estilo: Cães ou Gatos? Café ou Chá? Cinema ou Televisão?. É nos-dada uma t-shirt da equipa, e por fim temos de fazer o que se faz de melhor em Splatoon, pintar tudo à vista! No final, é anunciada a equipa vencedora (e temos de devolver a t-shirt :/ ).

Para podermos ir preparados para todos estes modos, necessitamos de estar bem armados e equipados. E para isso as armas vêm em sets de 3, main, sub e special.

A main weapon é a nossa arma de escolha, que poderá pertencer a várias categorias e que por sua vez corresponderão a diferentes estilos de jogo: os Shooters e os Blasters são armas bastante equilibradas entre a distância que conseguem atingir, o dano que dão e a velocidade de tiro, com algumas exceções mais especializadas; os Rollers – literalmente rolos gigantes de tinta – permitem cobrir facilmente amplos espaços, mas a distância que cobrem em modo de fogo não é muito grande, além de que gastam imensa tinta – sendo agora possível disparar na vertical, aumentando ligeiramente a distância de fogo, mas concentrando o disparo. Nesta categoria também estão incluídos os pinceis que se assemelham a espadas cortando linhas de tinta pelo ar, são rápidas e letais, mas não cobrem um grande espaço; temos também os Sloshers para quem acha que a atirar baldes de tinta é que se chega lá; os Splatlings, que são na verdade metralhadoras gigantes de tinta, com uma alta taxa de fogo, mas com gastos enormes de tinta e cujo peso torna a mobilidade reduzida durante os disparos; e, por fim as novas armas introduzidas exclusivamente com Splatoon 2, as Dualities – duas pistolas de tinta com o dobro da capacidade de fogo dos Shooters e com uma capacidade decente de cobertura, para além da capacidade de nos conseguirmos esquivar, carregando no x para qualquer das direções, o que faz destas armas uma escolha altamente ofensiva nas mãos corretas. Sabemos das Brellas, um guarda-chuva… guarda-tinta queremos dizer, que aberto deixa-nos proteger dos ataques de tinta dos adversários, para além que também pode ser lançado para a frente, em direção deste! As Brellas não estarão disponíveis imediatamente, e o seu lançamento foi anunciado para um momento posterior. Algo comum a todas estas armas é que, claro, gastam tinta, o que nos obriga, após algum tempo de utilização, a mudar para a forma de lula de modo a conseguir carregar o reservatório de tinta.

As Sub weapon complementam as main e apresentam-se como armas de utilização ocasional, pois a sua utilização gasta imensa tinta, só sendo possível na maioria dos casos lançar uma por carga de tinta. Estas ficam assim muitas vezes reservadas para situações em que, para fugir do perigo, podemos lançar uma Splat Bomb e rapidamente em forma de lula nadar até a um porto seguro! Estas armas são bastante variadas e a sua utilização correta poderá complementar perfeitamente um método de jogo ofensivo ou defensivo com as main weapons. Temos 5 tipos diferentes de bombas, desde Burst Bomb (explodem ao impacto), Splat Bomb (temporizadas), Suction Bomb (bombas que se colam nas superfícies), Autobombs (que seguem os inimigos) e as novas Curling Bombs (que deslizam até explodirem); O jogo também oferece minas, venenos que nos fazem perder tinta, sistemas de detecção de inimigos no mapa, paredes de tinta para impedir o avanço inimigo, sprinklers e beacons (radares) que permitem criar um ponto de “salto” para avançar no mapa.

A nossa Vídeo-Análise que inclui gameplay de Splatoon 2.

Por sua vez, as special weapons, cuja utilização não é assim tão regular, devido a necessitarem que um medidor especial se encha à medida que vamos pintado o mapa, dependem da mestria do utilizador de modo a serem usadas de modo defensivo ou ofensivo. Todas as special weapons são novas em Splatoon 2, substituindo completamente a oferta anterior no que toca a ataques especiais. Nesta categoria temos os novos Tenta Missiles, misseis guiados apontados aos adversários; Sting Ray, um jacto de tinta de alta pressão que ultrapassa paredes; Inkjet, um mini hovercraft a jacto que nos permite voar e disparar bolas enormes de tinta); Splashdown, um poderoso soco no chão que pinta tudo ao nosso redor; InkArmor, uma armadura de tinta que nos protege a nós e à nossa equipa durante alguns momentos; Bomb Launcher, tal como o nome indica, é um lança bombas; Ink Storm, uma nuvem que passa pelo mapa enquanto faz chover tinta; Baller, uma bola defensiva que nos protege de dano à medida que vamos jogado, e cuja eventual explosão poderá ser utilizada como um ataque; e Bubble Blower, uma raquete gigante criadora de bolhas gigantes e explosivas de tinta.

À medida que formos subindo de níveis, podemos adquirir nas lojas situadas na galleria melhores sets de armas, com combinações main/sub/special diferentes e mesmo com características de distância/dano/velocidade diferentes. Cabe-nos a nós saber criar o nosso estilo de jogo usando todas as armas ao nosso dispor, jogando em equipa com os outros jogadores, ajudando-os e tomando partido das suas diferentes formas de abordar os combates.

Mas não é tudo, o nosso inkling, como todos os inklings aliás, tem um excelente fashion sense, podendo-se equipar com uma verdadeira panóplia de vestuário (gear). Esta gear vem em três variedades, acessórios (cabeça), roupa (tronco) e calçado (pés). É notória a inspiração que a Nintendo foi buscar ao urban fashion sense da capital japonesa. Com destaque para as diferentes marcas fictícias de roupa ingame, temos de tudo um pouco, o que realça o aspeto colorido de Splatoon 2. A roupa não é apenas bonita, mas também é funcional, pois cada roupa tem 2 ou mais slots (1 é fixo e permanente) em que podermos equipar os mais variados efeitos à medida que esta vai ganhando níveis, desde fazer respawn mais rapidamente, ter mais tinta, punir o adversário que nos “splatou”, levar menos dano de ataques especiais, etc… Existe um NPC que nos permite “limpar” os efeitos atribuídos aleatoriamente à gear, oferecendo-nos chunks de habilidade (diga-se pontos de habilidade), que quando combinados com outros do mesmo tipo, nos deixam livremente equipar essa habilidade na peça de roupa à escolha. É uma forma divertida e com alguma profundidade de desenvolvermos o nosso estilo próprio de jogo e de personagem. Bastante porreiro, não?

Falando em habilidades, o nosso amigo Crusty Sean (o antigo dono da loja de sapatilhas do Splatoon) está de volta. Agora com a sua própria lanchonete, Sean serve pratos de tempura e bebidas com os mais variados efeitos, como, por exemplo, ganhar o dobro da experiência ou do dinheiro no final de uma turf-war, ou até ganhar experiencia de gear para que esta receba uma habilidade que queremos. Tudo isto, é claro, desde que tenhamos os cupões para adquirir os seus pratos.

O jogo suporta ainda figuras amiibo, pelo que agora é possível guardarmos o nosso “estilo” num amiibo, o que é bastante útil para levarmos o nosso equipamento quando vamos jogar a casa de um amigo e deixamos a Switch em casa (porque haveríamos de fazer tal coisa?).

O jogo apresenta melhorias a nível gráfico em relação à versão anterior, com mais detalhes e cores mais vibrantes!

A nível gráfico saltam à vista melhorias a todos os níveis entre o Splatoon 2 e o seu antecessor. As personagens são mais detalhadas com uma palete de cores vibrantes, possuem novas animações devido a todas as armas novas que usam e nem a tinta escapou, já que agora esta deixa um certo efeito brilhante que faz lembrar purpurinas. A própria direção artística do jogo expande naquilo que foi anteriormente estabelecido, com níveis completamente novos, uma hub diferente, lojistas interessantes e por fim as novas apresentadoras que já estão a dar que falar na internet… e sim, eu também gosto da Marina. É simplesmente um enorme prazer ver a forma como todo o mundo colorido de Splatoon ganha vida pela segunda vez, agora no hardware bastante mais capaz da Switch.

A nível sonoro, tal como na vida real, a cidade de Inkopolis evoluiu nestes últimos dois anos, pois os hits musicais são diferentes, com faixas novas e divertidas, assim como com alguns remixes das faixas mais icónicas do jogo anterior. A Nintendo bem que podia lançar a compilação Splatune (banda sonora original) exclusiva do Japão, cá na Europa, agora com as músicas deste novo jogo! Para aqueles que gostam de jogos de ritmo, existe um pequeno easter egg, em vez do Squid Beats do Splatoon original (que se tinha de desbloquear completando as challenges que as figuras amiibo nos davam), agora temos o novo Squid Beats 2 (na máquina está escrito Ika Radio, pois Ika em japonês significa lula), um jogo de ritmo, muito ao estilo de DDR e Beatmania, onde podemos jogar até 42 músicas da banda sonora do jogo.

Durante o tempo que passei com o Splatoon 2, fomos questionados várias vezes se o jogo não se deveria chamar antes Splatoon Deluxe, ao invés de ter o seu próprio número. Esta pergunta coloca-se, pois talvez se sinta que o jogo não oferece o suficiente a nível de inovação para ser uma sequela. Para aqueles que partilham destas dúvidas, estejam descansados, Splatoon 2 oferece mais que suficiente para justificar o seu nome. Não só melhora a fórmula previamente estabelecida, como constrói em cima desta. Os diferentes modos – league battle e salmon run – as diferentes opções de customização (specials todos diferentes) e de leveling, tal como pelo menos 2 anos de Splatfests e atualizações diversas com armas e níveis novos. Estamos definitivamente perante uma sequela.

Opinião final:

Splatoon 2 é a principal oferta deste verão da Nintendo, e essa escolha faz todo o sentido. Para além do estilo artístico e sonoro que o permeia, é possuidor de uma jogabilidade já comprovada e com melhorias significativas (não que alguma vez precisasse delas), para além de cenários, habilidades, armas, roupa e modos de jogo novos. Pegou-se num jogo que já era muito bom e fez-se ainda melhor. Parabéns Nintendo!

Do que gostamos:

  • Jogabilidade já comprovada, mas agora ainda melhor!;
  • Profundas opções de customização e de leveling;
  • Direção artística e sonora arrebatadora.

Do que não gostamos:

  • Nada a apontar.

Nota: 10/10