Análise – Tekken 7

Um dos jogos de luta Japoneses mais reconhecidos tanto no seu próprio mercado como no Ocidente é Tekken e a Bandai Namco lançou finalmente o novo jogo da série, que assim que foi anunciado prometia ser a conclusão da saga Mishima. Para isso decidiram apostar forte num novo modo história com o objectivo de revelar os segredos mais sombrios da família Mishima, mas será que corresponde às expectativas?

Esse modo chama-se “Story: The Mishima Saga” e o enredo estará focado no conflito entre Heihachi e Kazuya Mishima, que ao quererem ajustar contas, irão colocar o mundo em risco. Será aí que se irá descobrir muitos dos grandes segredos que a série guardou a sete chaves durante tantos anos. Mistérios sombrios que irão surpreender. E Akuma, personagem de Street Fighter, será fulcral no desvendamento de determinadas coisas, o que significa que não foi um lutador adicionado sem nenhuma razão em específico, deram um motivo convincente para essa aparição.

O enredo é contado de duas formas diferentes. A mais impressionante é quando mostram uma cutscene com as personagens a falarem umas com as outras onde se destaca a grande qualidade visual e as excelentes animações faciais, bem como lutas ou momentos fantásticos com muitos efeitos especiais, apresentando um tom bastante cinematográfico. Infelizmente, já não se pode dizer o mesmo da outra forma de contar a história, já que é exatamente o oposto, ou seja, é estática, muito pausada e até mesmo aborrecida, até porque a campanha é pequena, dura pouco mais de duas horas, e sendo o desfecho da saga Mishima, exigia-se mais e melhor nesse aspecto.

A primeira luta entre duas personagens que viriam a tornar-se grandes rivais.

Outro dos defeitos que foi detectado nesse modo, embora não só nesse modo, é a dificuldade completamente desnivelada e exagerada mesmo tendo-se escolhido a dificuldade normal. O ataque dos inimigos tira bastante dano e a inteligência artificial ataca como se não houvesse um amanhã, com combos seguidos mesmo quando estamos no ar ou no chão, dando-nos pouquíssimas hipóteses de sobreviver. Isso faz com que ou se tenha que jogar de forma completamente estratégica ou fazer spam de ataques especiais, algo que o jogo parece incentivar, até porque tem uma opção exclusiva desse modo onde facilita esses mesmos ataques especiais para os executarmos contra os oponentes.

No modo “Story: The Mishima Saga”, além do enredo principal, há um episódio com cada personagem do jogo. Gostaria de dizer que cada episódio tem uma duração razoável e uma história para cada personagem como o Arcade Mode dos jogos anteriores tinham, mas não o posso dizer, porque não tem. Cada episódio tem uma introdução simples em forma de texto e depois coloca-nos num combate contra um lutador, e por fim aparece uma pequena sequência entre o nosso lutador e o lutador que acabámos de derrotar. Ou seja, cada episódio tem um combate e não é incutida nenhuma história profunda sobre as personagens, rivalidades e o seu futuro, que mesmo que não tenham, não tiveram uma conclusão. E infelizmente, no modo história não é referido grande parte das personagens.

Claro que o pensamento lógico é que isso não é o Arcade Mode, mas o Arcade Mode do Tekken 7 não tem uma cutscene inicial como os jogos anteriores, nem uma cutscene final de história para cada personagem. É acima de tudo um modo para prolongar o nosso tempo com o jogo ao fazer uso dos lutadores que temos á nossa disposição e lutar até chegar ao boss final. De referir que Tekken 7 tem um total de 36 lutadores, havendo novas personagens como Katarina, Gigas, Josie, Shaheen, Claudio, Lucky Chloe, Master Raven e, na série, o Akuma. Também foram retiradas personagens, como é habitual nos jogos de luta, no entanto há personagens icónicas que não se percebe a sua ausência, como o Marduk. O jogo tem o King, mas não ter o Marduk quando normalmente não há um sem o outro, até porque são ambos lutadores de wrestling, é algo que não se percebe. E nunca deviam ter retirado o Roger Jr do Tekken 7 por causa de um vídeo que foi parar ao Youtube sobre um homem ter esmurrado um canguru. Apesar desse acontecimento ser algo que abominamos, Roger Jr é uma personagem icónica e nunca deviam tê-lo retirado do jogo por um motivo que nada tem a haver com o jogo em si. Em comparação, o Tekken Tag Tournament 2, que foi o último jogo da série Tekken a ser lançado, tinha 59 personagens. O Tekken 6, por outro lado, tinha 40 lutadores.

O poder característico do icónico lutador de Street Fighter.

Além do Story: The Mishima Saga e do Arcade Mode, há modos offline como VS Battle, que serve para lutarmos contra um amigo ou familiar, Practice, onde poderemos treinar os combos com as personagens que quisermos, e por fim uma das novidades muito bem-vindas: Treasure Battle. Nesse modo iremos enfrentar uma série de inimigos e iremos ganhar moedas e itens para personalizarmos os lutadores. Está longe de ter a profundidade do Injustice 2, mas não deixa de ser uma boa inclusão. No modo personalização é possível seleccionar qualquer personagem e mudar vários aspectos, como o cabelo, a camisola e as calças, por exemplo. Mas é possível ir mais longe e alterar completamente uma personagem, colocando-lhe uma máscara, podendo ficar com uma cara de veado, por exemplo. Se por acaso não ganhámos ainda os itens, será possível comprá-los com as moedas que se foi ganhando ao longo do jogo.

Uma coisa mais simples que está de regresso é a personalização do nosso perfil dentro do jogo. Ou seja, poderemos escolher um título que já tenhamos desbloqueado, como por exemplo “Bring it On”, mudar a cor e respetivos efeitos do fundo das barras e mudar a cor/imagem do painel de informação do jogador. Outra coisa a destacar é a “Galeria”, sendo possível adquirir com as moedas que se foi ganhando todas as cutscenes de abertura e artwork do primeiro Tekken, Tekken 2, Tekken 3, Tekken Tag Tournament, Tekken 4, Tekken 5, Tekken 6, Tekken Tag Tournament 2 e por fim, Tekken 7.

Em relação ao núcleo do jogo, a jogabilidade, Tekken 7 é extremamente familiar, e nem poderia ser de outra forma. Isso significa que é o grande jogo de luta que todos conhecemos, no entanto com dois novos elementos: Rage Arts e Power Crush. O primeiro trata-se de uma habilidade especial que poderá ser activada quando a personagem tiver pouca vida, executando-se um ataque devastador que pode fazer toda a diferença num combate. O segundo é um tipo de imunidade temporária no sentido de podermos levar dano, mas em vez de cairmos, podemos atacar e consequentemente causar mais dano ao adversário do que o dano que ele nos causou. Esses dois elementos vem trazer alguma diversidade à reconhecida mecânica de Tekken e tem uma grande influência no decorrer dos combates. Outro dos aspectos a destacar são os Slow Down, que não é propriamente um elemento decisivo, mas é um abrandamento num ataque que possa ser decisivo, dando um ar cinematográfico. De referir ainda que os cenários tem um bom design e a banda sonora está muito bem adequada, sendo que ambas as coisas juntas dão ainda mais prazer de jogar Tekken 7.

Em relação aos modos online, temos os clássicos Ranked match e Player match. Infelizmente, mesmo com imensas tentativas para jogar ambos os modos, nunca consegui fazer uma partida. Além de demorar imenso a encontrar um jogador, quando encontra dá sempre um erro de conexão. Tentei aceder ao modo online em dias diferentes para ver se dava, mas nunca deu, o que significa que me é impossível dar uma palavra sobre esse aspecto, a não ser que estava injogável. Além desses dois modos, há o Torneio online, sendo possível criar um e escolher se querem single elimination ou double elimination, se querem activar ou não a opção “combates simultâneos” e escolherem o número máximo de lutadores que podem participar nesse torneio, por exemplo.

Opinião final:

Tekken 7 é acima de tudo um bom jogo de luta, que tem novidades bem-vindas como o Rage Arts, Power Crush, Slow Down, o modo Treasure Battle e até mesmo o Story: The Mishima Saga, no entanto fica a sensação de desilusão porque a história, apesar te ter momentos fantásticos, também tem momentos aborrecidos e grande parte do roster do jogo não marca presença, o que significa que não tem qualquer relevo no enredo do jogo. Além disso uma das melhores coisas do Arcade Mode é que tem um tipo de história para cada personagem, com uma Opening e Ending, e Tekken 7, apesar de ter esse modo, não tem um enredo para cada personagem, e o “Character Episode” incutido no Story: The Mishima Saga não fica perto de ser uma substituição adequada. Isso a juntar a uma dificuldade desnivelada, menos lutadores que os dois anteriores Tekken e um modo online que está cheio de erros de conexão ao ponto de não ter conseguido fazer uma única partida online, fazem deste Tekken um jogo com muitas falhas que não podem passar despercebidas.

Do que gostamos:

  • Story: The Mishima Saga conta com momentos fantásticos;
  • Graficamente está impecável;
  • Novas personagens são carismáticas e tem uma grande variedade de combos;
  • Treasure Mode foi uma boa inclusão;
  • Grande variedade de itens para personalizar os lutadores;
  • As mecânicas de luta continuam a ser um ponto de destaque de Tekken 7.

Do que não gostamos:

  • Modo história é pequeno e fica muito a desejar;
  • Dificuldade desnivelada;
  • Arcade Mode não tem cutscene inicial e final;
  • Menos lutadores que Tekken Tag Tournament 2 e Tekken 6;
  • Modo online injogável.

Nota: 7/10