Análise – The Escapists: The Walking Dead

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Os mortos-vivos estão em todo o lado nos dias que correm. Seja em séries de TV, em filmes, jogos ou até brinquedos, parece que a loucura zombie veio para ficar. Enquanto alguns poderão já estar a ficar saturados com o “tema” muitos ainda vibram com a chegada de uma nova temporada de The Walking Dead, ou até mesmo uma nova edição (mensal) do comic original. No mundo dos videojogos especialmente os zombies também têm sido muito explorados e utilizados. Será que este é mais um a se juntar à horda ou poderá trazer alguma “frescura” ao género?

A ambientação e tom em geral é de uma atmosfera mais leve comparativamente com um jogo de zombies sendo que a música e o próprio grafismo principalmente ajudam. Outro fator é a jogabilidade, na qual em vez de morrermos como o “normal”, simplesmente acordamos na nossa cama após descansar com a nossa personagem a dizer “bem, isto não correu como eu estava à espera”, em vez das habituais mortes sangrentas e bastante gráficas.

O primeiro contato com zombies onde temos de fugir.

Apesar disso o jogo contém inspiração dos livros de comics originais de The Walking Dead em vez da mais recente (e algo alterada) série de TV. Isto quer dizer que apesar da grande maioria dos locais e personagens com quem interagimos serem iguais à série existem algumas diferenças em termos de localização das personagens, ou talvez até ausência completa de outras presentes na série da AMC. Jogamos com o protagonista principal Rick Grimes, com o qual temos de liderar o nosso grupo de sobreviventes por cinco zonas diferentes repletas de puzzles, zombies (claro!) e humanos tanto amigáveis como hostis.

Os objetivos da história mantêm-se fiéis aos livros de BD, como por exemplo, na quinta da família Greene onde temos de “limpar” o celeiro que está cheio de mortos-vivos, uma das cenas mais memoráveis dessa fase da história. É interessante preparar-nos e ajudar os nossos companheiros de sobrevivência com ferramentas e armas criadas a partir do sistema de crafting simplificado reconhecível já desde o jogo original, The Escapists.

Os menus são iguais ao jogo original The Escapists.

De facto o jogo é jogado quase rigorosamente da mesma maneira de como o fazíamos no original onde passamos os dias a elaborar tarefas rotineiras tais como o despertar e tomar o pequeno-almoço. Os menus são quase uma cópia tirada a papel químico incluíndo um dos problemas do original que era o de ter letras demasiado pequenas e difíceis de por vezes conseguir ler, mesmo numa TV de 42 polegadas. É claro que o tipo de tarefas e ações diárias difere muito de The Escapists, enquanto que no original era passado em prisões aqui temos mais alguma liberdade e variedade. Neste caso podemos até “desleixar-mo-nos” um pouco das tarefas porém muito desleixo levará à área ficar com uma percentagem de zombies demasiado alta e, consequentemente, muito mais perigosa.

Uma das coisas que é notória é, novamente, o sentido de urgência que o jogo nos impõe. Isto já acontecia no primeiro jogo e volta a mostrar a sua cara feia neste. O tempo urge e temos de estar constantemente a “fazer alguma coisa” ou de ir a certo lugar o que priva os jogadores um pouco da liberdade que seria mais bem-vinda, na minha honesta opinião pessoal. Num dado momento estamos a fazer algo que gostamos quando de repente temos de ir jantar ou cumprir a tarefa obrigatória. Compreendo que o jogo quer nos manter “ativos” mas poderia ser um pouco mais leve neste aspeto.

Mais um discurso memorável de Rick Grimes.

Por vezes o jogo parece mesmo fazer de propósito para nos complicar a vida. Posso dar um exemplo muito simples, em que na às vezes existe um elemento em falta para construir um certo objeto ou arma simplesmente nunca conseguimos encontrar e passamos os dias a procurar sem sucesso o que torna-se um pouco aborrecido. Estranhamente a salvação vem em forma de vendedores que surgem no nível à noite e por acaso muitas das vezes estes têm justamente a peça que andamos à procura desesperadamente. Aquele sentimento de frustração de ás vezes não saber o que fazer permanece neste jogo e seria mais que bem-vindo um sistema de algumas dicas para nos ajudar.

Opinião final:

The Escapists: The Walking Dead é, no final de tudo, um pouco aditivo e divertido com nuances de gestão de recursos e que se não tivermos cuidado irá nos fazer “perder” horas do nosso tempo. No entanto esse divertimento torna-se um teste à nossa paciência quando não fazemos a mínima ideia do que fazer e andamos por períodos demasiado extensos à procura de certo objeto sem nos ser dada qualquer pista sobre como progredir. Aconselhado para os que têm as qualidades de perseverança e paciência. Para os outros recomenda-se sessões de jogo curtas e divertidas.

O que gostamos:

  • Grafismo retro ao estilo de 8 bit;
  • Sistema de crafting interessante e simples;
  • Eventos e personagens reconhecíveis da linha de história de Walking Dead.

O que não gostamos:

  • Ausência de dicas sobre como progredir;
  • Sentimento constante de “urgência” dando pouca liberdade;
  • Algo frustrante para os menos pacientes.

Nota: 7/10