Quer já tenham o jogado ou não, Street Figther é um nome que todos os jogadores conhecem. Podem ter tido contacto com este jogo de luta nas arcadas ou mesmo mais tarde em consolas caseiras, mas personagens como Chun-Li, Vega e Guile fazem parte do imaginário da maior parte dos jogadores.
Street Fighter 2 é igualmente familiar, com mil e uma versões lançadas ao longo de mais de 25 anos, sendo um dos pilares do género e um marco importante da história dos videojogos. Apesar de já termos assistido a uma enorme evolução das mecânicas de jogos de luta desde então, Street Fighter 2 será sempre a referência pela qual muitos outros jogos se guiarão. Pessoalmente, posso aqui confessar que na minha infância sempre preferi aquele primo um bocado mais violento de Street Fighter (que começava em M e acabava em Kombat), mas, favoritismos à parte, não posso negar a genialidade de SF2.
Tive o prazer de finalmente conseguir pegar neste título à séria na sua versão Turbo Revival, lançada para o Game Boy Advance no ano de 2001, tendo perdido ainda umas boas horas no modo Arcada e ficando com boas memórias de partir carros aos bocados.
Agora, em 2017, assistimos ao lançamento da enésima versão de Street Fighter 2, na Switch: Ultra Street Fighter II: The Final Challengers. Para além da portabilidade, um dos grandes selling points da Switch é o facto de permitir jogar localmente ou online, com amigos, onde quiserem. Portanto o lançamento de um dos melhores jogos de luta de sempre é um passo mais do que lógico no que toca ao catálogo da consola da Nintendo.
Apesar de estarmos habituados a gráficos 3D cheios de brilho, a ataques fantasticamente animados e a combos complexos, mas devastadores, Street Fighter 2 consegue agarrar-nos de imediato com a sua simplicidade e familiaridade. A facilidade de escolher a personagem favorita de imediato no ecrã principal e simplesmente pegar e jogar é algo que por vezes faz falta aos jogos de hoje em dia. E aqui nada é mais fácil do que começarem uma sessão de porrada, quer seja sozinhos ou acompanhados.
O modo Arcade não traz nada de novo. Escolhem o vosso lutador favorito e toca de ir avançando, derrotando os vossos adversário um a um – até chegarem ao intimidador M. Bison. Não contem em fazer pausas para partir carros ou barris. Estes pequenos níveis que serviam como pequenos interlúdios foram completamente retirados. É certo que a alguns podem não deixar saudades mas não faz muito sentido retirar conteúdo a uma versão que tem como intenção ser a definitiva…
No elenco deste The FInal Challengers têm todos os lutadores de Street Fighter 2, juntando-se ainda Evil Ryu e Violent Ken (a sério?). A acompanhar os nomes genéricos, temos aqui ainda duas personagens genéricas que quase que passam por uma edição de cores feita no Color Editor. Teria sido bom ver uma adição de uma personagem um pouco mais especial ao invés destes dois miúdos com a mania que são maus. Ainda assim, são duas novas personagens, cada uma com as suas nuances, para levar à vitória.
Conforme já referi, a Switch é uma plataforma perfeita para o lançamento de jogos competitivos, quer seja numa vertente online ou local. Se quiserem jogar com amigos localmente, basta pegarem num dos Joy-Con e lançarem-se à porrada. No modo Buddy Battle, jogam essencialmente contra o CPU – mas a pares. E aqui podem jogar com o CPU também como vosso par ou chamar um amigo para se juntar a vocês. Neste modo, têm de derrotar sequencialmente Evil Ryu, Violent Ken, M. Bison e Akuma. No entanto, apesar de estarem a lutar com duas personagens, a vossa barra de energia é apenas uma e partilhada – o que aumenta um pouco o desafio. É um modo bastante mais divertido jogando com alguém e seria interessante ver a mesma lógica aplicada ao modo Versus.
Tal como o nome indica, o modo Versus permite que lutem com outros jogadores, quer em consolas separadas ou na mesma consola. Aqui não existe grande alarido – é um festim de porrada, com o número de rondas que quiserem (entre 1 e 5) e que promete alguns bons momentos entre amigos. Têm ainda um Color Editor, que permite alterarem a palete de cores das várias personagens e posteriormente utilizá-las no jogo. É uma funcionalidade puramente estética e que poderá ter algum interesse caso levem a funcionalidade online mais a sério.
Nos dias de hoje, é quase obrigatório ter um modo online, e um jogo como Street Fighter é o ideal para tal. Tanto podem desfrutar de lutas casuais para uma porradita de vez em quando, como podem escolher subir das pontuações mundiais e tornarem-se de facto o melhor lutador do mundo. Infelizmente, não conseguimos testar a funcionalidade online, existindo alguma dificuldade em encontrar adversários – mesmo através da opção de Quick Search.
A grande novidade no que toca aos modos de jogo é sem dúvida o Way of The Hado. Colocando o jogador na primeira pessoa e tomando partido dos motion controls, podem e devem fazer um dos vários ataques característicos de Ryu. Sem dúvida que soa interessante e que consegue adicionar alguma variedade ao que já é esperado de um jogo de luta… mas acaba por ser uma valente bosta. Posso contar pelos dedos de uma mão – caso tivesse uns 3 dedos amputados – as vezes que consegui de facto fazer alguma coisa neste modo. Mas mesmo que consigam fazer com que os controlos vos respondam e avancem neste modo, não vão ter grande recompensa. Algo que já não é nada de especial torna-se dolorosamente mau e a motivação para persistir com Way of The Hado é quase nula. Quando estiverem a seleccionar o modo de jogo, façam um favor a vocês mesmos e passem ao lado do Way of The Hado.
Graficamente, têm a possibilidade de escolher entre os gráficos old school e uma versão HD – com um visual muito cartoonesco. Apesar de gostar da arte, confesso que as animações retro saltam ainda mais à vista, e não no bom sentido. A falta de frames nas animações é gritante em determinados momentos quando estamos a usar os gráficos HD. É algo que passa despercebido quando estamos a falar de pixel art e da animação que a acompanha, mas com visuais mais refinados acaba por ficar com um ar inacabado ao invés de retro. Por mais que não queiramos, é um pouco gritante e confesso que por vezes me acabou por distrair. Podem também ainda escolher entre os temas clássicos já bem conhecidos de todos ou entre novos temas. A escolha é vossa.
Não tenho qualquer problema no que toca a relançar títulos mais antigos nas consolas mais recentes. A oportunidade de poder jogar jogos clássicos num novo sistema, quer seja em suporte físico ou digital, é uma ideia fantástica tanto quando estamos a falar de títulos que são praticamente impossíveis de obter ou simplesmente de títulos cujos discos queremos preservar.
No entanto, começo já aqui por dizer que nada neste The Final Challengers justifica o preço de lançamento. Num mercado onde é um pouco controverso o lançamento e relançamento de títulos já existentes – agravando-se a situação quando estamos a falar de títulos mais recentes -, não consigo deixar de ficar um pouco mal disposta quando me deparo com uma situação destas. Estamos perante um grande título? Sim, sem dúvida. Mas estamos a falar de um jogo que ao longo de 25 anos foi lançado (em diversas versões é certo) em quase todas as consolas possíveis e imaginárias. Precisávamos mesmo de uma nova versão? E a quase 40 Euros? É certo que uma das liberdades do mercado é de que só compra quem quer, mas também é certo que Ultra Street Fighter II: The Final Challengers não oferece nada de especial a quem já teve oportunidade de jogar uma das enésimas versões de SF2. Nada que justifique o preço, pelo menos.
Opinião final:
Em 2017 chega-nos a quinquagésima e definitiva versão de Street Fighter 2, um clássico que se adapta na perfeição ao conceito moderno da Nintendo Switch. Com um cerne sólido mas com novidades que nos desiludiram, tal como Way of The Hado, é difícil tentar perceber porque é que deveremos pagar o preço de lançamento deste jogo. É um clássico que todos devem jogar pelo menos uma vez na vida… mas mais vale esperarem por uns saldos.
Do que gostamos:
- Street Fighter 2 nunca é demais;
- Possibilidade de escolher entre os gráficos clássicos e a sua versão HD – assim como entre novos temas musicais e os clássicos a que estamos habituados.
Do que não gostamos:
- The Way of The Hado;
- Preço não justifica o que é oferecido nesta versão “definitiva”.
Nota: 7/10