Com o rápido crescimento tecnológico, a sociedade evoluiu de maneira cada vez mais dependente dos novos aparelhos e serviços que a tecnologia nos proporciona. Atualmente as televisões, os computadores e os telemóveis estão presentes em quase todos os lares dos países mais desenvolvidos.
Baseando-se nesta evolução, a Ubisoft tentou imaginar como seria se um hacker conseguisse acesso à informação de todos os que o rodeiam, bem como controlar o próprio ambiente a seu favor, mexendo com semáforos, pontes, bloqueadores, elevadores e tudo o que seja tecnológico.
Desta ideia surgiu então Watch Dogs, uma nova propriedade intelectual que nos leva até Chicago nos dias de hoje, num cenário que segundo a companhia não é tão ficcional como pensamos. Neste jogo controlamos Aiden Pearce, um hacker que devido ao seu envolvimento com um mercenário num golpe que acabou por não correr bem, vê a sua vida e dos mais próximos postas em causa, já que passam a ser perseguidos por um grupo de mercenários desconhecidos, o que leva a um acontecimento trágico. Devido a esta situação Aiden procura vingança dos que o ameaçam e começa a tentar seguir o rasto de quem foi responsável pelos ataques à sua família. A partir deste ponto a história de Watch Dogs vai ter várias reviravoltas, e embora tenha um final previsível, continua interessante até ao fim, sendo por isso um dos pontos positivos do jogo e um dos fatores que o tornam num jogo interessante.
Com um grupo de mercenários pela frente e as autoridades de Chicago no seu encalce, Aiden encontra-se numa posição bastante difícil já que se encontra praticamente sozinho. Ao longo da história o protagonista, no entanto, vai conhecendo aliados como Clara Lille e T-Bone, dois personagens bastante carismáticos e que vão ser fulcrais no sucesso do hacker.
Aiden juntamente com Clara e T-Bone, dois personagens importantes na história.
Para além dos seus aliados, Aiden possui ainda outro trunfo que o ajudará na sua missão, o seu controlo sobre Chicago e a informação que possui sobre os seus habitantes. Com acesso ao ctOS, sistema operativo que regula todos os dispositivos da cidade de Chicago, podendo Aiden hackear facilmente, como referido anteriormente, pontes, semáforos etc. No entanto o “Justiceiro”, alcunha pelo que é conhecido em Chicago, pode fazer hack a muitos outros dispositivos, sendo também uma parte fulcral no combate. Podemos hackear câmaras de segurança e descobrir onde se encontram os nossos inimigos, hackear os explosivos que trazem consigo e assim aniquilá-los, distrai-los com mensagens etc. sendo que muitas das vezes terão de usar o hacking a favor de Aiden caso queiram sair vivos do conflito que se formou.
Para hackear os vários dispositivos ao longo do jogo, utilizamos o nosso smartphone, que tem o ctOS instalado. Ao premir apenas um botão temos acesso ao menu do nosso smartphone onde podemos fazer várias tarefas como aceder à árvore de habilidades, encomendar um veículo para um ponto próximo de nós, jogar mini jogos divertidos entre outras funções que enriquecem o jogo e demonstram bem a quantidade de pormenores que a Ubisoft incluiu no jogo.
A qualquer momento podem aceder ao vosso smartphone.
Embora possa parecer através das premissas dadas que Watch Dogs se trata de um jogo com missões bastante variadas e únicas, a verdade é que isto nem sempre é verdade. Embora possua vários momentos épicos e várias missões interessantes combinadas com uma boa jogabilidade, Watch Dogs apresenta-se também como um jogo um pouco repetitivo já que muitas das suas missões consistem apenas em: Ou entrar numa zona restrita com o objetivo de descobrir informação ou hackear algo, perseguir um mercenário ou fugir de uma área específica. Se pensarmos em Watch Dogs como um todo, poucas são as missões que fogem a esta regra, pelo que se torna um pouco chato em fases mais tardias perseguir mais uma vez um mafioso ou fugir da polícia e/ou mercenários.
Outro dos pontos em que Watch Dogs não brilha na versão Wii U, a qual estamos a tratar, é nos controlos, sendo que até se habituarem aos controlos do Wii U Gamepad a vossa experiência poderá ser penosa pois não conseguirão movimentar a câmara facilmente devido à sensibilidade do analógico, o que torna momentos de tiroteio ou de conduzir uma lástima. Caso consigam se adaptar aos comandos do jogo, estarão no entanto perante um jogo com uma jogabilidade riquíssima e viciante que não nos deixa mal ao longo do jogo todo, embora possam existir ocasionais bugs, como vem sendo comum nos jogos destas dimensões.
Embora Aiden possua acesso ao ctOS, este acesso não é total, pelo que ao longo do jogo vamos conseguindo mais habilidades que poderemos usar em várias situações do jogo. Habilidades como podermos causar um apagão temporário em toda a cidade e bloquear temporariamente os radares da polícia serão desbloqueadas em certos momentos da história, estando bem relacionados com a necessidade de Aiden nesses momentos.
Jordi, um mercenário lunático mas que está do nosso lado.
Em Watch Dogs, vamos também recebendo outros utensílios que nos ajudam ao longo da história. Por exemplo se apanharmos peças eletrónicas podemos fabricar engodos para distrair inimigos, ou fabricar com outros materiais, explosivos e granadas que nos servirão nos combates. Podemos também visitar lojas de armas onde podemos escolher de entre o arsenal apresentado armas mais fortes ou adequadas à missão que vamos completar, ou simplesmente comprar munições para as armas que já possuímos.
Ao longo da história vamos recebendo estas novas habilidades já referidas em cima, no entanto é preciso também ter em conta as habilidades que não estão totalmente dependentes da história, falo pois da árvore de habilidades do jogo, que se encontra dividida em: Hack, Combate e Condução. Para ganharmos pontos de habilidade temos de evoluir de nível, o que acontece quando fazemos missões da história, missões opcionais como salvar civis de um crime, jogar Xadrez ou Poker. Basicamente tudo o que fazemos nos dá XP, pontos esses que depois se transformam em pontos de habilidade que podemos gastar nas 3 áreas já referidas em cima e que nos permitem fazer coisas únicas como passar a controlar o comboio a nosso favor, aumentar o nosso Foco em combate entre outras mudanças que se revelam também significativas ao longo do jogo.
O Wii U GamePad serve de mapa ou então podemos jogar apenas no comando.
Em termos de longevidade, Watch Dogs tem bastante a oferecer pois a sua campanha não é curta e temos muito por fazer sem ser acabar as missões principais. Depois de completarmos o jogo podemos continuar a concluir missões opcionais, evitar crimes, jogar Poker, Xadrez entre outras atividades, algumas delas melhorando a nossa perspetiva para as pessoas. De acordo com o que fizermos podemos ser considerados como um regular Cidadão ou então ficar conhecidos pelas nossas boas ou más ações, dependendo do jogador se quer matar civis e causar destruição maciça ou por outro lado resolver crimes e tornar Chicago numa cidade melhor.
Para além de todas estas atividades Watch Dogs oferece ainda um modo multijogador online integrado no modo para jogador único. Caso aceitem podem estar sempre conectados à rede e sem mais nem menos podem receber um ataque de outro jogador, sendo que podem ter uma vitória parcial caso o descubram mas não o consigam apanhar na fugida, derrota caso não descubram o hacker, ou então vitória caso o consigam abater antes que este escape. Quando aceitamos um contrato de mercenário, a situação inverte-se e temos de nos esconder para não sermos detetados pelo nosso alvo que caso nos descubra nos vai tentar matar.
Este novo jogo da Ubisoft no entanto, embora apresente muito conteúdo e seja bastante promissor, foi encarado por muitos jogadores como um título fraco mesmo antes de ter saído devido a um ponto que virou de maior atenção entre a comunidade de jogadores nos últimos tempos: os gráficos. Embora estes não simbolizem qualidade, são um dos pontos que nos fazem ficar presos a um jogo ou não quando olhamos de relance pois é o ponto que nos salta mais rapidamente à vista. Quando revelado em 2012, muitos jogadores ficaram pasmados com a qualidade gráfica de Watch Dogs e esperavam impacientemente para colocar as mãos a este jogo. No entanto a Ubisoft cortou na qualidade dos gráficos do jogo para atingir a qualidade que recebemos agora e na versão Wii U, os gráficos não estão nada de especial comparando com outros jogos que existem para a consola. Mesmo assim, Chicago apresenta-se como uma cidade linda e capaz de cativar pelas suas paisagens e por toda a vida que existe nela, existindo pessoas a cada canto, cada uma diferente e única.
A variedade de personagens é tão grande que poderão encontrar inclusive Aisha Tyler.
Opinião final:
Embora tenha as suas falhas a nível de controlos, missões repetitivas e os gráficos não estejam tão bons como se esperava, mesmo assim, Watch Dogs é um bom jogo capaz de divertir por várias horas, mantendo-se interessante mesmo depois de finalizarem a campanha. Posto isto, Watch Dogs é um jogo que recomendamos a quem goste de jogos open-world com muito por fazer. Podemos também dizer que este jogo faz lembrar bastante o primeiro jogo Assassin’s Creed, ou seja um jogo cheio de novas ideias com potencial que no entanto peca pela sua repetitividade, pelo que esperamos que em próximos títulos, caso existam, a Ubisoft nos presenteie com uma variedade de atividades ainda maior e que corrija o que falhou neste título.
O que gostamos:
- História interessante e personagens carismáticos;
- Grande liberdade na jogabilidade;
- Modo multijogador online;
- Missões e atividades secundárias;
O que não gostamos:
- Gráficos abaixo do esperado;
- Missões repetitivas;
- Controlos de câmara e condução;
Nota: 8/10