Análise – Zero Escape: Zero Time Dilemma

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Zero Escape: Zero Time Dilemma é um jogo de aventura dividido em múltiplos capítulos que representam períodos de 90 minutos, seguidos de um puzzle de tentativa de escape e uma decisão moral. As cenas narradas são representadas por cenas animadas. Os capítulos, denominados de “fragmentos”, são escolhidos através de um sistema de fragmentos flutuantes com uma breve imagem e vaga descrição. A partir dai o jogador escolhe qual fragmento jogar.

Estes fragmentos podem ser jogados em qualquer ordem pois os personagens perdem a memória sempre que terminam os 90 minutos e não sabem em que período de tempo se encontram. Quando o jogador completa um dos fragmentos volta ao menu de seleção de um novo fragmento e o completado é colocado numa linha de tempo mostrando exatamente quando é passado na narrativa. Em relação à maneira que a narrativa é contada e ao progresso do jogo, faz lembrar um pouco a série de filmes conhecida por “Saw – Jogos Mortais” na medida em que é jogado um jogo de morte entre 9 personagens divididos em três equipas, pessoas estas que terão sido raptadas por Zero, um misterioso homem mascarado, que os obriga a adivinhar o atirar de uma moeda.

Algumas das personagens do jogo.

Algumas das personagens do jogo.

Na linha de tempo em que se consegue adivinhar o lado da moeda o jogo acaba, literalmente, com todos a serem libertados e sem memória do que acabou de acontecer. Na linha de tempo em que falhámos, as 3 equipas acordam separadas em 3 zonas diferentes de um abrigo anti-bombas onde cada equipa tem de votar em outra equipa e a que tiver mais votos será executada. O jogo está cheio de cruzamentos com outras linhas de tempo e de voltas e vira-voltas na narrativa sendo que, um jogador menos atento irá com certeza acabar por ficar muito confuso ao explorar todas as possibilidades.

Existe alguma inconsistência em alguns dos puzzles na medida em que um ou outro pode ser facilmente resolvido em poucos minutos, e outros podem levar “horas”. A dificuldade extrema deve-se ao (muitas vezes) mau controle de camera e de ângulo da mesma que são complementados com dicas que na maioria das vezes são completamente inúteis pois nem aparecem. O jogo exige muita experimentação o que é um pouco estranho pois a seleção aleatórea de fragmentos acaba por complicar em muito na resolução dos puzzles pois alguns deles exigem que alguns fragmentos já estejam jogados. Isto leva muitas vezes a repetição de cenas causando monotonia e cansaço de estar a ter de repetir váriaos fragmentos só para ver se aquele puzzle finalmente segue em frente.

Preparem-se para algum (muito!) sangue.

Preparem-se para algum (muito!) sangue.

A nível visual, até está bem conseguido em 3D total e vozes totalmente faladas. O estilo faz lembrar um pouco os jogos da Telltale como The Walking Dead ou The Wolf Among Us e isto parece causar um pouco de esforço à portátil da Nintendo pois notam-se algumas quebras esporádicas na suavidade. As músicas usadas durante o jogo resultam, não sendo nada de memorável. O trabalho de voz está surpreendentemente acima do normal com alguma qualidade em todas as personagens. Mesmo assim, por vezes achei o jogo demasiado “silencioso” com pausas um pouco estranhas.

Fica também uma palavra de aviso que este jogo é definitivamente não aconselhado ao público mais jovem, tanto pela sua complexidade a nível de narrativa, como pelas mortes que são bastante gráficas, chegando mesmo algumas a serem mesmo muito violentas, ao bom estilo dos filmes “Saw”. No meu ver poderiam ter baixado um pouco o tom de violência simplesmente não demonstrando tão visualmente as mortes e sendo um pouco mais subtis mas isto são escolhas feitas e. uma vez mais, no meu ver poderia ser ligeiramente menos gráfico que conseguiriam causar o mesmo impacto.

Esquema que mostra ordem correta dos fragmentos

Esquema que mostra ordem correta dos fragmentos

Opinião final:

Estamos perante um jogo que pouco explica e muito confunde. Com alguma dedicação e atenção acabamos por conseguir entender o que se está a passar no entanto nota-se que quem não jogou os jogos anteriores fica ainda mais à deriva com este pois algumas perguntas que ficaram pendentes são respondidas neste capítulo final. Apesar disso, o jogo tem o talento de prender o jogador por todo o mistério envolvido. Os puzzles podem ser demasiado frustrantes para muitos especialmente devido a alguns deles só “abrirem” após algum progresso, sendo este ainda por cima aleatório. O jogo é também bastante gráfico a nível da violência e pode ferir algumas susceptibilidades. Acaba por ser um jogo interessante que fica manchado por correntes do passado e dificuldade desnecessária.

Do que gostamos:

  • Narrativa complexa, interessante e apelativa;
  • Trabalho de vozes bem conseguido;
  • Para quem gosta, faz lembrar “Saw”;
  • Para quem jogou as sequelas, complementa bem a série.

Do que não gostamos:

  • Para quem nunca jogou nenhum jogo da série é bastante complicado compreender;
  • Violência visual bastante explícita e gráfica pode ser demais para muitos;
  • Puzzles desapontam por serem dependentes de um progresso específico.

Nota: 7/10