Antevisão – Blackwood Crossing

A relação entre irmãos é sempre um assunto delicado, já que aquela pessoa que temos ao lado tem o nosso sangue, cresceu no mesmo ambiente, mas sempre será a “criatura” mais estranha e ao mesmo tempo mais próxima aos nossos olhos, e é com essa premissa que a PaperSeven, estúdio independente britânico fundado em 2011 por veteranos da industria e ex-funcionários da Black Rock Studio (Pure e Split/Second) está em fase final do desenvolvimento de Blackwood Crossing.

Blackwood Crossing é um jogo de aventura na primeira pessoa, que promete levar os jogadores numa grande aventura fantástica cheio de intrigas e mistérios.

O jogador vai assumir a pele de Scarlett, uma adolescente à procura do seu lugar no mundo, assim como a grande maioria dos jovens na sua idade. Num determinado dia Scarlett acorda desorientada, e dá por si e o seu irmão mais novo Finn numa viagem inexplicável num comboio onde nem sequer sabem qual será o destino.

E se tudo isso já não fosse um mistério suficiente, quando menos esperam surge uma criatura misteriosa, que deixa bem claro que aquele comboio e a própria viagem será tudo menos normal. Essa viagem promete ser algo totalmente mágica, repleto de aprendizagens, amor e perdas tanto para os personagens, quando para o próprio jogador.

Os jogadores terão em mãos dois irmãos órfãos e que sempre tiveram uma relação forte e unida pelas experiências semelhantes da vida, mas que com o avançar da idade, e diferenças de personalidade, começaram a ter interesses e visões completamente opostas da vida e a seguir caminhos quase opostos.

E o jogo promete levar os jogadores não apenas numa viagem física dos personagens, mas numa viagem analítica da sua própria vida, à medida que gradualmente a dimensão das angústias de Finn e o efeitos desse afastamento começam a tornar-se claras de maneira cada vez mais intensa.

A nível gráfico o jogo é simplesmente de fazer brilhar os olhos, com cenários extremamente detalhados, cheios de vida e na sua grande maioria uma iluminação constante e bem balanceada. Os personagens possuem traços bem simples que contrastam totalmente com os locais que são sempre cheios de detalhes e conteúdos que alimentam pouco a pouco a historia do jogo.

Mas algo que é possível perceber à medida que se avança na história, é que a beleza de alguns momentos, esconde mistérios e um lado muito emocional, se não fosse o próprio jogo transmitir essa. Não é uma história de felicidade e sim uma história de duas pessoas que sempre estiverem juntas, mas que a determinado momento e sem nem mesmo perceberem (ou pelo menos um dos lados perceber) começaram a afastar-se cada vez mais em sentidos opostos e a própria viagem promete ser uma grande metáfora a um viagem muito mais pessoal, intensa aos sentimentos e que trará ligações à própria vida dos jogadores.

E essa metáfora aparentemente funciona muito bem, já que Blackwood Crossing é um jogo onde a palavra “viagem” consegue ramificar-se e entrelaçar-se com grande frequência, já que apesar de Scarlett e Finn serem aparentemente os grandes protagonistas, eles não serão os únicos nessa experiência. O jogador irá encontrar várias representações mentais e visuais da maneira como Finn vê pessoas e situações da sua vida, com pessoas a perder a sua identidade própria para ganhar uma imagem com base no sentimento que despertaram.

Esse promete ser um jogo, não para jogadores que procuram ação, mecânicas inovadoras e muito menos uma diversão sem compromisso, Blackwood Crossing é indicado para quem procura uma história profunda, para quem quer mergulhar numa história cheia de sentimentos, e por aquilo que foi possível perceber, talvez seja um dos melhores jogos para um pai, mãe, irmão mais velho…experimentar e talvez pela primeira ver o mundo numa perspectiva que até então era muito difícil, perceber que nem sempre um “monstro” é uma figura cheia de dentes afiados e garras, o maior monstro é a própria mudança sem compreensão.

Blackwood Crossing será lançado para PC (Steam), PlayStation 4 e Xbox One no inicio de 2017.