Sea of Thieves coloca-nos uma nova premissa daquilo que podemos encontrar num jogo multiplayer. Depois de experimentar o novo projeto da Rare, fiquei com a sensação de que existe um enorme potencial neste gigantesco mundo rodeado por água, principalmente se for jogado com amigos, ou pelo menos de forma coletiva, mas já aí vamos.
Quando iniciei o jogo pela primeira vez começando a minha aventura, passei belos momentos apenas a apreciar o estilo gráfico que Sea of Thieves tem para oferecer, sem me preocupar com aquilo que deveria fazer para prosseguir com as minhas proezas de pirata. São de facto muito bonitos os visuais que a Rare conseguiu imprimir ao seu novo jogo, desde as armas aos barcos, incluindo a vegetação e o aspeto paradisíaco da ilha. Nada passa despercebido a um olhar atento que procura antes de perceber as mecânicas do jogo, interpretar os seus visuais e o seu mundo.
Depois do regalo visual que foram os minutos iniciais desta prometedora aventura, comecei então a descortinar aos poucos, sem pressas, o que era suposto fazer para avançar. Todo este processo incluiu desde a adaptação aos comandos do jogo até chegar ao barco e começar a ganhar traquejo para o velejar, fazendo assim, inveja a qualquer marinheiro de água doce. É importante referir que a Rare nos deu três possibilidades de iniciarmos esta ousada viagem: a solo, duo ou então com quatro pessoas e com a possibilidade de podermos escolher os amigos com quem vamos partilhar a experiência, porém, se preferires também poderás jogar esta Closed Beta com pessoas totalmente desconhecidas que estão à procura das mesmas respostas do que tu. O que fazer para ser o melhor ladrão dos sete mares? Inicialmente, optei por começar a jogar sozinho para ter o tempo necessário para me adaptar a tudo o que Sea of Thieves me poderia oferecer, claro que de uma forma muito embrionária. Apesar de ter perdido bastante tempo a apreciar, sentir e viver a aventura, não demorou muito tempo para perceber que se quisesse espremer mais do jogo teria que me reunir a uma tripulação e viver assim os perigos do que é caçar tesouros, velejar um barco em equipa e evitar que este naufrague, por exemplo.
Depois desta “pequena” introdução vou prosseguir com aquilo que podemos esperar em Sea of Thieves. A sensação de poder navegar pelos mares e fazer com que te sintas um pirata foi muito bem conseguida pela Rare, sem complicar demasiado são ótimas as experiências que conseguimos obter desta nova IP da Microsoft. Antes de embarcarmos temos de ter em atenção o loot que conseguimos recolher na ilha, como balas de canhão, as bananas que servem para recuperar a saúde e a madeira que embora não pareça útil rapidamente se torna, principalmente quando vês o teu barco em forma de queijo suíço e com demasiada água a invadir-te o porão. Além de tudo é importante usares os itens que te são inicialmente facultados, como a bússola, o balde, a lanterna, as armas e claro, os instrumentos musicais que se adequam em todas as situações da tua jornada tornando-a automaticamente mais divertida e descontraída, proporcionando-te momentos de gargalhadas garantidas.
Relativamente ao mapa em si, é enorme e conta com inúmeras ilhas onde podemos ir livremente, numa fase de Beta são poucas as que nos são úteis, e uma das dúvidas que tenho em relação ao jogo é se será que a Rare vai conseguir manter o jogo “vivo” com atualizações pertinentes que possam inovar e trazer-nos novas formas de nos aventurarmos num mar que neste momento é dos mais conhecidos e falados mundialmente. Para começarmos esta odisseia é necessário ir buscar os mapas dos tesouros que podem ser desvendados através da imagem da ilha que guarda o tesouro, ou então através de dicas como coordenadas para através dessas orientações chegarmos ao “X” que consta no mapa, e ao bom estilo pirata pegarmos na pá, encontrar o badalado baú e recebermos a nossa recompensa. Estas recompensas não são ganhas através da captura de loot do seu interior, o que me deixou algo insatisfeito aquando da conclusão da minha primeira odisseia pirata, isto porque não me senti recompensado no momento, eu queria o tesouro para obter a minha recompensa imediata, ao bom estilo Hollywoodesco. Mas não, quando encontramos o tesouro, temos de o levar para as Ilhas e troca-lo aí sim por uma recompensa, cedemos o nosso baú e recebemos ouro para podermos comprar itens, armas melhores etc… No fundo ajuda-te bastante no sistema de upgrade.
Os únicos inimigos com real pertinência que encontramos durante toda a Beta foram mesmo as outras “equipas” de Piratas que tinham o mesmo intuito do que nós, saquear e naufragar os barcos adversários. Esta vertente concorrencial entre nós e os outros piratas, numa disputa insaciável pelo lugar de melhor pirata dá muito ao jogo, é aqui que Sea of Thieves se diferencia em tudo o que estamos habituados a ver num videojogo. Quando sentes que te estás a aproximar do tesouro, já em gargalhadas com a tua equipa e no entanto avistas um barco ao longe, rapidamente as gargalhadas se tornam em gritos como “vai carregar os canhões!”, “vê as velas!” entre outras frases que instantaneamente são adicionadas ao teu dicionário. Tu percebes que queres realmente ganhar aquela disputa e chegares ao teu objetivo primeiro do que os outros. As ilhas também contam com inimigos, são esqueletos demasiado fáceis de derrotar, estão lá para defender o que as suas ilhas escondem, contudo deveriam ser mais desafiantes para não haver um contraste tão grande entre jogadores reais e NPC.
A navegação é outro dos pontos fortes em Sea of Thieves, o mar está de tal forma tão bem construído que qualquer jogador fica encantado com o balancear do barco pelas infinitas ondas do oceano como se que o ranger da madeira na água fosse a banda sonora perfeita para o momento. Os que preferirem jogar de forma solitária podem embarcar num barco mais modesto, os que preferirem aventurarem-se com apenas mais uma pessoa já encontram um barco que, embora seja modesto já é uma embarcação mais robusta com capacidade máxima recomendável para dois tripulantes, mas se quiserem dominar os mares terão de jogar com mais 3 pessoas, é o maior barco (pelo menos disponibilizado na beta), onde as 4 pessoas são requisitadas para diferentes funções, isto se quiseres levar o teu barco a bom Porto. Desde de definir os ângulos das velas para rentabilizar todo o vento recebido, a sala de operações na parte inferior do navio onde temos o “Mapa Mundo” com todas as ilhas descobertas e outros pontos que certamente estarão por descobrir, a um ou outro conjunto de ferramentas que na beta parecem um pouco simples, como arranjar os furos dos barcos quando recebemos danos de outros navios ou apenas pelo mau tempo que se pode fazer sentir, mas que na versão final se podem tornar mais complexas, com criatividade e novas formas de te dificultar a vida.
Relativamente à história, ainda não é claro se Sea of Thieves contará com modo história propriamente dito, ou se esta vai ser contada através de quests e pequenos textos informativos encontrados “aqui ou ali”, ou que nos sejam cedidos por personagens do jogo. Do que vi até agora, não reparei em qualquer evidência que irão existir sequências narrativas em torno destes piratas, resta-nos esperar por mais informações.
De uma forma geral esta “Closed Beta” foi realmente muito bem-recebida por todos os jogadores e o seu feedback foi muito positivo por parte das mais de 300 mil pessoas que tiveram acesso a esta. Eu, como a grande maioria apreciei de forma muito positiva aquilo que a Rare nos preparou, acabando com muito do mau olhado que havia sobre o jogo. Contudo, nem tudo é um mar de rosas nesta aventura pirata, faltam ainda muitas respostas sobre Sea of Thieves, o jogo custará cerca de 70€ e o que nos foi mostrado na Beta apesar de bem polido e trabalhado a meu ver é insuficiente para o preço pedido pelo jogo. Restam-nos muitas duvidas sobre como é que o jogo se vai atualizar para manter os jogadores ativos e continuarem com vontade de explorar os recantos de cada ilha. São precisas novas mecânicas, novos modelos de missões para a captura de tesouros, pois senão o jogo rapidamente se pode tornar monótono e sendo um jogo multiplayer é um risco a evitar. A Beta foi um ótimo Hall de entrada para que possas impor a tua espada e pistola nesta cartonesca odisseia. E claro que daqui para a frente podes acompanhar todas as novidades de Sea of Thieves aqui no Portugal Gamers.