Dead Rising Deluxe Remaster – Análise

Foi em 2006 que a versão original cambaleou na consola da Microsoft, apanhando aquela altura em que os zombies ainda estavam na berra, com o remake brutal de Dawn of the Dead ou o fantástico Shaun of the Dead. E muito de mim ansiava por um jogo que levasse o tema a sério, sem a galhofada da praxe, até pegar em Dead Rising e constatar que tão cedo, ou nunca, iria jogar um jogo sério — excluindo os Resident Evil, principalmente os Outbreak.

Quase duas décadas depois, a Capcom decide lançar uma versão Deluxe Remaster para fazer pandã com as siglas DR de Dead Rising, já com os zombies há muito dormentes no imaginário popular. Ao mesmo, sendo uma oportunidade de acordar a franquia e o interesse pelo tema, já que a quarta sequela ficou bastante aquém das expectativas. Portanto: esta versão chega numa altura interessante, mas com um preço nada interessante, mas valerá a pena? Complicado.

Voltamos a encontrar Frank West, jornalista freelance, novamente com uma voz diferente. Frank vem cobrir os acontecimentos estranhos numa cidade remota dos Estados Unidos para acabar no centro comercial à Dawn of the Dead e é durante este breve prólogo que aprendemos a brincar com a câmara fotográfica que será o foco deste jogo. Talvez o mais interessante das 72 horas de jogo, para além de distribuir tareia com tudo o que não esteja preso ao chão.

Frank West continua a ser uma pessoa adorável. Ou não.

Em suma, apesar de uma premissa interessante, a história não é grande coisa e nem precisa de o ser. O bom é que a podemos ignorar para fazer tudo o resto. Vendo bem, vamos ter de ignorar grande parte do jogo se o quisermos acabar sem frustrações porque as 72 horas são rígidas, com as missões a decorrer em momentos fixos no tempo com, ou sem, a nossa presença. Ainda antes de ter tocado num Majora’s Mask ou num Persona com gestão de tempo, Dead Rising já me estava a fazer arrancar cabelos até me mentalizar de que não iria fazer tudo. E não fiz. A ideia está lá, a execução continua pobre.

A primeira coisa que vai saltar à vista é o upgrade gráfico: graças ao RE Engine, os gráficos ganharam um novo fôlego, apesar de alguns NPC continuarem com aspeto de antigas gerações e alguns glitches visuais saltarem aqui e ali. Frank e o elenco principal têm novos visuais e estão mais realistas. Já o centro comercial, o destaque de Dead Rising, está melhor do que nunca, com cenários completamente refeitos e um novo sistema de luminosidade. Willamette Mall é um cenário memorável do imaginário da série e seria uma pena se não tivessem respeitado a visão original. A Capcom fez um bom trabalho ao atualizar o ambiente sem alterar a dinâmica do jogo original — e ei, apesar de não termos modos de desempenho, o que nos foi disponibilizado corre a uns 60 FPS quase estáveis, salvo em momentos caóticos.

Centros comerciais em tempos de festas é sempre um horror.

O que vai prender veteranos e curiosos é mesmo a jogabilidade que continua um dos pontos positivos desta versão, com controlos mais modernos que nos permitem ser mais ágeis na hora de atropelar hordas com carrinhos de compras ou mandá-los ao chão com técnicas de wrestling, mas os confrontos contra os humanos psicopatas continuam a ser o ponto menos bom, assim como as missões de escolta que continuam um suplício devido à inteligência artificial dos sobreviventes. Há que manter aquele toque do original, não é?

No final, se os gráficos levaram uma demão e melhoraram algumas das entranhas, não chega ao patamar de um Resident Evil 2 a que já estávamos habituados e também com os remakes lançados depois. Talvez, um mea culpa…, o que funciona também a favor de Dead Rising, mantém o espírito original da coisa, embora possa parecer datado.

Não obstante, agora é a melhor forma de o descobrir e partir para as sequelas ou consumir os filmes que foram saindo.

Opinião Final:

Dead Rising tem a intenção de fazer jus ao título e reanimar uma série há muito falecida, enterrada e quase esquecida. Só que em vez de um título novo ou de um remake completo ao que fomos habituados pela Capcom, calhou-nos um meio termo, um morto vivo. E se pensarmos bem nisso, até tem a sua piada.

Do que gostamos:

  • Visuais melhorados;
  • Jogabilidade atualizada;
  • Oportunidade de voltar às compras.

Do que não gostamos:

  • O sistema de horas continua opressor;
  • É mais um port em alta definição do que um remaster ou remake;
  • Loadings constantes.

Nota: 6/10

Análise efetuada com um código Xbox cedido gentilmente pela distribuidora.