
Há algo de profundamente satisfatório em regressar ao universo Digimon depois de centenas de horas gastas em jogos como Hacker’s Memory. Joguei Hacker’s Memory durante 378 horas (sim, 378) e já não me iria satisfazer facilmente com meros upgrades ou mecânicas superficiais. Por isso, quando Time Stranger foi anunciado, senti aquela pontinha de dúvida: será que podia superar as expectativas de um fã veterano? E, claro, comparações sempre surgem: se Pokémon tem os seus méritos, Digimon precisa de se afirmar não só como alternativa, mas como proposta diferente, rica, para quem quer mais do género de monster collecting / RPG por turnos.
Durante anos, Pokémon reinou como o sinónimo de batalhas entre criaturas e jornadas de amizade digital. Mas talvez esteja na hora da franquia da Game Freak começar a olhar por cima do ombro, porque Digimon Story: Time Stranger mostra o que acontece quando se leva o conceito de ligação entre humano e criatura a um novo patamar de profundidade e estratégia real. Aqui, os Digimons não são apenas “companheiros de batalha”. São extensões do jogador, moldadas por personalidades únicas, sistemas complexos de afinidade e, claro, o novo e impressionante Agent Skills System, que muda completamente a forma como pensamos cada combate.
Quando Time Stranger foi anunciado, a promessa era grande: ambientação ambiciosa, sistema vasto de Digimons, evolução não-linear, personalização, um enredo com entrelaço entre humanos e Digimons, etc. Agora posso dizer que não só corresponde, como é talvez o jogo mais completo da franquia em décadas, senão mesmo de sempre.
Narrativa e Ambientação
As cutscenes estão muito bem feitas…e as personagens tem vozes!!
A narrativa de Time Stranger coloca-nos no papel de agente da ADAMAS, uma organização encarregue de resolver fenómenos anómalos relacionados com Digimons. É um enredo que vai alternando entre o mundo humano e o mundo Digital, com crises, mistérios, interrupções, etc. Não é uma história revolucionária ao ponto de reinventar o género, mas faz bem o que promete: boas personagens secundárias, uma série de revelações interessantes, reviravoltas razoáveis. A densidade narrativa está lá, com momentos que emocionam ou com diálogos que conseguem surpreender.
Durante as missões de história e em muitas conversas, podemos escolher falas e reagir de diferentes modos. Isso não altera o rumo da narrativa, nem gera múltiplos finais, mas dá aquela sensação de ser um agente da ADAMAS e isso torna o jogador mais envolvido. É uma camada opcional, não decisiva, mas bem-vinda.
A ambientação está bem conseguida: mundos humanos, cenários digitais, digital worlds com criaturas, portais, zonas distintas, há variedade. Mesmo os interiores, os exteriores digitais, tudo isso com bastante cuidado estético. No entanto, em alguns lugares, especialmente nas dungeons ou “outer dungeons” (quando existentes como conteúdo extra), há repetições de layout e menos inspiração no level design, o que nesses casos pode tornar a exploração algo repetitiva, mas no fundo o farm é isso e quem gosta de Digimon e de fazer grinding, sabe que mesmo sendo repetitivo, tem a sua dose de desafio / diversão.
Mundo de jogo, Exploração e Quantidade de Digimons
Além de um mundo vivo, tenho que referir que a qualquer momento do jogo dá para escolher controlar o protagonista ou mudar para a sua versão feminina, algo que da forma como é feito não é assim tão comum, e muito menos neste tipo de jogo.
O mundo aberto / semi-aberto de Time Stranger agrada muito. Não é um mundo totalmente sandbox, mas há bastante liberdade de exploração: entre cidades, zonas digitais, dungeons, zonas de anomalia, etc. Um dos destaques é a capacidade de mover-te montado num Digimon (sistema DigiRide), o que ajuda a tornar as viagens mais rápidas e mais divertidas. Nem todos os Digimons são montáveis, mas há um símbolo que indica quais os que são. A presença desta mecânica quebra bastante o tédio da locomoção a pé. Enquanto exploras, podes usar a função Analyze e dar ordens de “DigiAttack”, que é útil para destruir objetos, coletar itens ou remover obstáculos. Interagir com o ambiente tem esta componente prática, não só estética.
O jogo conta com mais de 450 Digimons. Isso dá imenso espaço para colecionismo, para experimentar builds diferentes, para evoluções não-lineares. Por exemplo, um Patamon pode seguir evoluções muito diferentes, dependendo de como trabalhas os seus atributos, a sua personalidade, os requisitos que vais satisfazendo, pode evoluir para Digimons bem distantes do “caminho óbvio”. Esta não-linearidade é um dos pontos fortes, pois em vez de uma árvore linear, há ramificações, condições alternativas de evolução. E a evolução máxima de qualquer Digimon exige planeamento: requisitos de personalidade, de estatísticas, de Agent Rank, etc.
Mecânicas especiais: Convert, Load Enhancements, Cross Arts, Digifarm e Mini-jogo de Cartas
Ativar o Cross Art é uma sensação entusiasmante, muito devido à animação daí derivada!!
O jogo introduz várias mecânicas diferentes ou aprimoradas de jogos anteriores, e há também novidades. O Convert é um dos métodos de obter Digimons. À medida que lutamos contra eles, vamos fazendo scan, e convém esperar que esse scan chegue aos 200% para depois fazer conversão e ficarmos com um Digimon mais poderoso. Ou seja, para desbloquear todas as estatísticas possíveis, habilidades ou certas Digievoluções, é necessário ser paciente, explorador, combater muito, escanear muito. Esse processo de “converter” Digimons, de atingir 100%, 200%, abre recompensas ou estatísticas cumulativas grandes.
Os Load Enhancements consiste em “sacrificar” Digimons mais fracos para fortalecer outro: ganha-se exp, mas também herda estatísticas dos Digimons fundidos, aumenta Talent Points, herda Attachment Skills, etc. Isso permite que o teu Digimon principal fique muito mais poderoso sem que tenhas de estar a evoluir para a frente ou para trás várias vezes. Ajuda a superar os limites de “Bond Stat” que restringem quanta estatística um Digimon pode herdar quando digievolui.
Em relação às Cross Arts, são técnicas poderosas que combinam o Digivice do jogador com Digimon para efeitos fortes em combate, como ataques, buffs, efeitos de suporte, etc. Para as usar, é necessário acumular pontos críticos (Critical Points, CP), atacando inimigos, curando ou atingindo fraquezas. Exemplos: Cross Art Field, Burst, Reverse, Strike, Aura, etc. Alguns apenas desbloqueiam mais tarde via Agent Skills, do qual falarei mais á frente.
Mover os nossos “monstrinhos” para um tipo de planeta algures no espaço – ou pelo menos é o que nos transmite visualmente – e vê-los ali a “passear”, ou no caso, explorar, à procura de itens, é satisfatório, sendo esse mesmo sitio onde treinamos os Digimons para melhorarem as suas estatísticas.
Não poderia deixar de referir o Digifarm, um local onde se deixa os Digimons para investigarem, irem atrás de itens, e também para treinar certas características. Podemos dar comida (Digimeat, DigiFish, DigiCarrot, DigiApple, DigiBanana, DigiProtein) para aumentar o Bond (o laço entre Tamer e Digimon). Também se pode mudar a personalidade, melhorar estatísticas específicas como ATK, INT, SPD, DEF, etc.
Por fim, mas não menos importante: o Mini-jogo de Cartas. Aí é possível enfrentar um oponente, usando cinco cartas. O objetivo é escolher a melhor carta no momento, que pode ser por valor numérico ou por elemento, sendo que a mecânica de fraqueza elemental é a seguinte: Vaccine > Virus > Data > Vaccine. Isso pode e deve ser usado a nosso favor. É algo simples, mas divertido, e também serve como colecionismo e talvez acima de tudo apreciar a arte das cartas.
O jogo de cartas é um extra bem vindo, devo dizer que fiquei impressionado com a arte das mesmas.
O Field Guide funciona como uma enciclopédia, ajuda a “rastrear” Digimons, ver as suas linhas de evolução, estatísticas, ver de uma outra perspetiva o modelo do Digimon, etc. Conversation Log permite rever diálogos anteriores, ideal para seguir a história ou perceber reacções. Digiline é um sistema em que Digimons nos mandam mensagens e podemos lhes responder, sendo que isso pode afetar a sua personalidade. Também na party, Digimons que estão sempre ao nosso lado enquanto exploramos, tem uma presença mais contínua, e interagindo com eles podemos moldar relações ou personalidades. Isto dá profundidade ao “companheiro digital”, não só como ferramenta de combate, mas como entidade relacional.
O Sistema de Agent Skills
Muita coisa (importante) para desbloquear.
Há quem ainda pense que os jogos de monstros digitais se resumem a colecionar criaturas e apenas fazê-las lutar por turnos previsíveis. É aí que Digimon Story: Time Stranger dá uma verdadeira lição a Pokémon e a tantos outros RPGs do género. Aqui, a personalização e profundidade tática não são um extra, são o coração da experiência. Se há algo que distingue este jogo dos demais é o sistema Agent Skills. À primeira vista, pode parecer apenas uma árvore de talentos típica, mas rapidamente percebemos que é muito mais do que isso: é um sistema que redefine por completo o ritmo das batalhas, o crescimento dos Digimons, o tipo de exploração que fazemos e até a forma como pensamos as builds a longo prazo.
Os Agent Skills estão intrinsecamente ligadas às personalidades dos Digimons, e nelas encontramos uma enorme variedade de habilidades para desbloquear. Entre as categorias principais, temos as chamadas Bonds, que representam diferentes tipos de ligação entre o tamer e os seus parceiros digitais: Bonds of Loyalty, Bonds of Valor, Bonds of Philanthropy, Bonds of Amicability e Bonds of Wisdom. Cada uma destas linhas de habilidades foca-se num conjunto distinto de efeitos e benefícios, criando caminhos únicos que moldam a tua equipa e o teu estilo de jogo.
Por exemplo, as Bonds of Valor podem reforçar o ataque físico e a resistência em combates prolongados, as Bonds of Wisdom favorecem builds mágicas, melhorando INT, SP e SPI, já as Bonds of Philanthropy e Amicability oferecem vantagens mais utilitárias, como maior ganho de experiência, aumento de bond entre Digimons e suporte passivo durante os combates. É um sistema que recompensa tanto o jogador tático como o explorador que quer dominar todos os cantos do jogo.
Mas é quando se entra nas Personality Skills que Time Stranger mostra a sua verdadeira profundidade. Estas habilidades, desbloqueadas ou melhoradas através do Agent Skills, afetam diretamente o comportamento e a eficácia dos Digimons em combate. Há passivos tão específicos quanto “Boost INT from round 4 onward (The more rounds pass, the greater the boost to INT)” (aumenta o ataque mágico a partir da quarta ronda – quanto mais rondas passam, maior o aumento do INT), “Revives with 50% HP when KO’d once per battle” (ressuscita com metade da vida uma vez por batalha) ou “At start of battle, boost ATK and INT for all allies based on the total Bond of all battle members” (no inicio da batalha, aumenta o ataque e ataque mágico de toda a equipa baseado no bond total dos membros de batalha).
A Personality Skill faz toda a diferença durante os combates e é importante para criar estratégias.
Em batalhas contra bosses, onde cada turno conta, estas diferenças tornam-se abismais. Um Digimon bem configurado com as Personality Skills certas pode transformar completamente o rumo de uma luta. E o melhor é que o sistema é altamente personalizável: é possível aprimorar as personalidades, ganhar efeitos cumulativos e melhorar atributos individuais como ATK, INT, SP, SPD, HP, DEF, SPI, conforme o tipo de personalidade predominante. Os Agent Skills também permitem aumentar o ganho de experiência tanto para os Digimons que participaram diretamente nas batalhas como para os que ficaram em reserva, elevar a taxa de obtenção de Talento, e até melhorar a eficiência de treino e exploração. Tudo isto faz com que o sistema não se limite aos combates, ele afeta também o ritmo de progressão e a gestão da tua Digifarm.
Outra funcionalidade de peso é o impacto direto nas Cross Arts, as habilidades combinadas entre o agente e os Digimons. Com os Agent Skills certos, é possível começar o combate com um CP Gauge (Cross Points) mais elevado, desbloquear novas formas de Cross Art, como curar toda a equipa, infligir dano a todos os inimigos ou aplicar buffs coletivos, e até acelerar o ganho de CP durante a luta. As variações táticas que isto abre são quase infinitas.
Escolher o que desbloquear primeiro é um verdadeiro dilema estratégico: deves apostar em fortalecer o teu poder ofensivo? Maximizar o ganho de experiência e talento para crescer mais rápido? Ou talvez priorizar as Cross Arts e as habilidades de suporte para batalhas prolongadas? Cada escolha altera significativamente a experiência, tornando impossível dois jogadores seguirem exatamente o mesmo caminho.
Tudo isto é alimentado pelos Anomaly Points, uma espécie de moeda de progresso que obténs ao longo do jogo. Estes pontos são preciosos e insuficientes para desbloquear tudo numa só jogada, o que dá origem a um ciclo viciante de planeamento e experimentação. Felizmente, Time Stranger incentiva à rejogabilidade, com um New Game+ exemplar.
Seja nas missões principais ou secundárias, ganhamos Anomaly Points para depois investir no Agent Skills.
No New Game+, tudo o que conquistaste transita para a nova campanha: Digimons, Partners, Scan Rates, Agent Skills, Anomaly Points, Itens e Dinheiro. A única coisa que recomeça são as missões principais e secundárias, o que significa que terás novamente oportunidade de acumular Anomaly Points e desbloquear tudo aquilo que ficou por desbloquear no Agent Skills do primeiro playthrough.
E o mais empolgante é que o New Game+ permite iniciar em qualquer uma das dificuldades, incluindo as novas Mega e Mega+, que adicionam um grau de desafio considerável. Ir para essa segunda jornada com quase tudo desbloqueado, mas agora enfrentando inimigos mais duros e bosses mais desafiantes, dá uma sensação de “endgame real”, uma espécie de recompensa justa por todo o esforço anterior. É a prova de que o Agent Skills não é apenas um sistema de progressão, mas o verdadeiro motor estratégico do jogo, o elemento que liga todas as suas camadas – combate, exploração, treino, personalização – num ecossistema coeso e irresistivelmente profundo.
No fundo, este é o tipo de sistema que transforma Digimon Story: Time Stranger num RPG com longevidade e densidade impressionantes. Dominar os Agent Skills é quase como aprender uma nova linguagem: exige tempo, experimentação e visão de longo prazo, mas quando tudo se encaixa, o resultado é uma das experiências mais recompensadoras que o género já ofereceu.
Jogabilidade, Combates e Dinâmica
Num jogo destes, algo que decide entre o sucesso ou fracasso, são os combates, e posso dizer que Digimon Story: Time Stranger faz isto com maestria, o sistema está muito bem executado, as lutas e animações estão melhores do que nunca.
Os combates são por turnos, mas com muitos refinamentos. Tens um sistema em que podes atacar, explorar fraquezas elementares, acumular Critical Points para usar Cross Arts, curar, fazer buffs / debuffs, etc. Há também funcionalidades como velocidade de combate acelerada (até ×5), e lutas aleatórias raras, agora as batalhas aparecem ao aproximares-te de Digimons no mundo, ou ao ativar encontros, o que dá mais controlo e fluidez.
A composição da party tem peso: três Digimons ativos, três de reserva, slots de convidados também. Há que gerir quem leva e quem fica de reserva, que habilidades / attachment skills usar, que personalidade é mais conveniente, que atributos desenvolver. As linhas de evolução não são lineares: um DemiDevimon pode evoluir para um Bakemon, por exemplo, e daí irmos para um Ultimate Myotismon, BlueMeramon ou um Phantomon e mais tarde evoluir para um Mega Creepymon, Pharaohmon ou Piedmon, ou seguir outra linha completamente diferente com o Devimon e irmos até ao Beelzemon.
Os Digimons da nossa party andam sempre connosco, sendo possível usar o sistema “DigiRide” a qualquer momento, e neste caso andar de “boleia” na mota do Beelzemon.
Em relação à dificuldade, joguei em Difícil (Hard) e achei a experiência equilibrada. Não é fácil demais como muitos jogos Pokémon me pareceram, mas também não é injustamente punitivo. O jogo oferece vários modos de dificuldade: Story para quem quer focar só no enredo sem grandes desafios, Balanced como modo ideal para quem quer uma experiência moderada, Hard, que tem um desafio extra, e depois Mega e Mega+ (estes dois últimos desbloqueados só após terminar o jogo pela primeira vez, e que servem para desafiar o jogador ao máximo). Independentemente da dificuldade, mas principalmente nas mais difíceis, é sempre recomendável pensar no preparo da party, nas habilidades, nos buffs, nas fraquezas e nos Cross Arts no momento certo. Picos de dificuldade nos bosses? Como em qualquer jogo, e desde os primórdios dos videojogos, os bosses, foram feitos para ser um desafio extra em comparação com os inimigos normais. Este jogo não é um souls nem nada que se pareça, até porque pode-se escolher a dificuldade e mudá-la a qualquer momento. Os bosses são mais difíceis que os Digimons tradicionais com que costumamos lutar, naturalmente, mas não de forma exagerada ou injusta, até porque tendo jogado na dificuldade Hard não tive nenhum problema em particular.
A Parte Técnica
O jogo tem uma arte bonita e é visualmente agradável, no entanto sem HDR nota-se que a cor é um pouco esborratada, e os 30 fps são um empecilho na hora de virar a câmera, pois nota-se algum arrastamento de imagem, coisa que com os 60 fps não acontece.
No PC, o Digimon Story: Time Stranger permite taxas de frames por segundo (fps) maiores, chegando a 60 fps ou mais, conforme o hardware. No entanto nas versões de consola (PS5, Xbox Series X|S), o jogo está limitado a 30 fps. Mesmo sendo o hardware capaz, não há modo performance que permita 60 fps. Essa limitação é um ponto negativo, especialmente porque a nível visual o jogo não é tão exigente que justifique isso.
A resolução nas consolas é bastante alta, na PS5 corre a 4K nativo com 30 fps. Mesmo assim, a ausência de um modo HDR ou de opção de desempenho é notória e faz pensar que houve compromissos no motor ou priorização visual em detrimento de fluidez. Há momentos com quedas de fps em cenas mais carregadas ou quando há muitos efeitos, ou animações de fundo, embora seja raro. De resto, gráficos e arte são muito fortes, bons efeitos de luz e ambientes bem trabalhados, as cutscenes têm um bom polimento. Mas talvez o maior destaque seja mesmo os modelos / design dos Digimons, animações de ataque e partículas, tudo isso está muito bem feito.
Ambientes, Som e Estética
Não, este jogo não tem um mundo vazio e parado, os humanos e Digimons estão sempre em movimento, e os cenários estão bem construídos.
Portanto, Time Stranger aposta numa estética muito cuidada. Cenários humanos, ruas, prédios, interiores contrastam com os digitais (Digital World), estes tendem a ser mais fantasiosos, vibrantes, cheios de cores, com iluminação que destaca monstros, estruturas estranhas, portais, formas alienígenas. A direção artística funciona bem em criar sensação de “este mundo digital é outro nível”, com a saturação certa, efeitos visuais de glitch / anomalias, etc.
A banda sonora acompanha isso com músicas épicas durante as batalhas, temas mais calmos para exploração, música ambiente para zonas digitais com toques electrónicos ou sintetizados, lembra que Digimon sempre juntou elementos de JRPG + sci-fi / digital, e Time Stranger consegue essa fusão bem. A música ganha outra dimensão especialmente nos momentos contra “Bosses”, ou nas cenas mais dramáticas da história. Vozes também são bons complementos e aumenta a imersão, pois sentimos que não estamos num mundo “mudo”. Pode parecer algo normal hoje em dia, até mesmo algo básico, mas há jogos reconhecidos e de grande sucesso de “monster collecting” que nem isso tem.
Agora coisas menores mas que enriquecem a experiência, é a personalização estética, como trajes, (os Costumes) que não só alteram a aparência, mas em alguns casos fornecem benefício visual, imersivo, aquele toque de identidade.
Podem ver acima um gameplay do jogo Digimon Story: Time Stranger. Aproveita e subscreve o canal do Youtube para não perderes nenhuma novidade!
Opinião Final:
Digimon Story: Time Stranger é um título que consegue agradar tanto a quem já investiu centenas de horas em jogos anteriores (como Hacker’s Memory, por exemplo), como a quem está curioso por monster-taming / RPGs por turnos. A profundidade mecânica (Load Enhancements, Agent Skills, personalidades, evoluções não-lineares), o número enorme de Digimons, a personalização, o facto de cada combate poder ser estratégico, a exploração com DigiRide, os sistemas sociais como Digiline, etc, tudo isto eleva o jogo muito acima da média. Se jogares no PC, aproveitas ao máximo, pois o frame rate mais alto resulta em melhor fluidez geral. Nas consolas, a experiência ainda é muito boa visualmente, mas a limitação dos 30 fps pesa, sobretudo em zonas de exploração.
Para os fãs de Digimon, para fãs de JRPGs, este é um jogo imperdível. Em suma, Time Stranger não é “mais um jogo de monster collecting”, é uma carta de amor para todos os fãs de Digimon: é um jogo simplesmente incrível, uma grande evolução na franquia e até posso dizer que é o melhor no seu género desta geração.
Do que gostamos:
- História envolvente e coerente, com boas reviravoltas e personagens secundárias cativantes;
- Sistema de Agent Skills profundo e estratégico, que redefine a forma de jogar e personalizar Digimons;
- Mais de 450 Digimons disponíveis, com evoluções não-lineares e mecânicas de crescimento que recompensam a experimentação;
- Design e detalhe dos Digimons impressionam, cada criatura é rica em personalidade e animação;
- Estrutura de jogo sólida, rica em conteúdo, colecionismo e opções de personalização;
- Mundo semi-aberto vibrante, com boa variedade de áreas, excelente direção artística e uso eficaz da iluminação;
- Combates por turnos bem equilibrados, com algum desafio e combinações interessantes de habilidades;
- As animações e efeitos das batalhas estão fantásticos, com impacto visual que tornam cada luta emocionante;
- Banda sonora e Voice Acting muito competentes, acompanhando perfeitamente a ação e o ambiente;
- Longevidade elevada, com New Game+ recompensador e dificuldade progressiva bem calibrada;
- O jogo é extremamente divertido do início ao fim, com uma jogabilidade envolvente e recompensadora.
Do que não gostamos:
- A versão de consolas não corre a 60 fps, o que limita a fluidez visual e deixa a desejar nesse aspeto para um título desta geração;
- Alguns mapas, dungeons e outer dungeons não têm o mesmo nível de qualidade de design e inspiração dos restantes;
- Existem algumas paredes invisíveis em certas zonas.
Nota: 9.5/10
Análise efetuada após aquisição da versão PlayStation 5.
Informações adicionais:
Produtora: Media Vision
Editora: Bandai Namco Entertainment
Data de lançamento: 2 de Outubro 2025
Preço do jogo base: €69,99
Página do jogo na PlayStation Store