
Poucas séries de videojogos carregam um peso histórico tão relevante quanto Donkey Kong. Foi em 1981, com a estreia do jogo clássico nas arcadas que a Nintendo deu um passo decisivo na indústria, apresentando não só o carismático gorila, mas também aquele que viria a ser o seu maior ícone: Mario (na altura, Jumpman). Desde então, Donkey Kong tornou-se um dos pilares da empresa de videojogos, atravessando diferentes gerações de consolas e géneros — dos clássicos de plataformas 2D, como a trilogia Donkey Kong Country na SNES desenvolvida pela Rare, aos divertidos jogos ritmicos na Gamecube Donkey Konga, ou aventuras tridimensionais (embora divisivas) como Donkey Kong 64 na Nintendo 64.
Mais do que uma mascote, DK sempre funcionou como uma zona de testes para novas e revolucionárias ideias: desde níveis com barris explosivos, o uso inovador da pré-renderização gráfica nos anos 90, ou até mesmo a aposta em controlos alternativos, como os bongos da Gamecube. A cada retorno, a franquia procura reinventar-se, ora em paralelo, ora em contraste com a saga Super Mario, embora ultimamente estivesse totalmente dedicada ao estilo de plataformas com um nível de dificuldade acrescida com os títulos Donkey Kong Returns e Donkey Kong Tropical Freeze.
Com a chegada da Nintendo Switch 2, a série regressa em força com Donkey Kong Bananza, um título que recupera o espírito de descoberta num vasto mundo tridimensional ao estilo Donkey Kong 64, mas com uma identidade própria e adaptando mecânicas livres de destruição e manipulação do terreno através de mecânicas “voxel” inicialmente vistas em Super Mario Odyssey.
A palavra de ordem em Donkey Kong Bazanza é a destrutividade dos níveis!
A narrativa de Bananza aposta numa abordagem mais cinematográfica do que os títulos anteriores, embora as questões narrativas neste tipo de jogos da Nintendo seja sempre um meio que serve a jogabilidade como fim e não o contrário. De qualquer dos modos, a paz da selva é interrompida quando os Cristais de Banandium— pedras preciosas em forma de banana, dotadas de energia ancestral — são levados pela corporação maligna Void Company, liderada pelo enigmático Void Kong.
Donkey Kong embarca então numa viagem subterrânea, acompanhado por uma carismática e jovem Pauline, a mesma Pauline de Super Mario Odyssey, embora uns bons anos mais nova. Juntos, atravessam biomas exuberantes nas “layers” ou estratos do planeta — de tundras geladas a florestas tropicais e canyons áridos — até alcançarem o núcleo do planeta, o coração do mundo, onde Void Kong planeia usar o poder místico dos cristais para dominar a superfície.
Descobre as várias transformações Bananza que te dão poderes especiais!
Cada área é construída de forma aberta, com múltiplos caminhos e segredos escondidos, incentivando a curiosidade do jogador. Um dos pontos de inovação, diretamente adaptado das mecânicas de voxels de Luncheon Kingdom em Super Mario Odyssey é que DK pode esmagar paredes, abrir túneis e remodelar o terreno. A sensação de poder físico do gorila nunca foi tão palpável pois este consegue criar caminhos novos através da destruição do terreno. Mas a destruição do terreno não é tudo que Donkey Kong pode fazer, pois usando as canções de Pauline, Donkey Kong transforma-se em animais como zebra, toupeira ou avestruz, cada um com habilidades únicas — correr em alta velocidade, escavar, planar. Estas metamorfoses são essenciais para ultrapassar puzzles ambientais e alcançar zonas secretas. Por sua parte, Pauline não é uma mera personagem de apoio. No modo a dois jogadores, ela pode interagir com o cenário através do canto, atordoar inimigos e abrir passagens escondidas. Contudo, a experiência foi criticada por não estar tão afinada quanto poderia. Os Cristais de Banandium funcionam como as “Power Moons” de Super Mario Odyssey, desbloqueando novas habilidades numa árvore de progressão. O jogo alterna entre secções de plataforma 3D expansivas, níveis em 2D de inspiração retro ao estilo “Donkey Kong Country”, sequências de perseguição e puzzles ambientais, criando um ritmo variado que manterá os jogadores entretidos durante muitas horas.
Explora um mundo vasto e complexo com imensas layers (camadas) à espera de serem descobertas!
A nível visual cumpre-nos apenas dizer que Donkey Kong Bananza é um verdadeiro espetáculo em 4K. A Nintendo aproveitou o poder da Nintendo Switch 2 para criar ambientes riquíssimos em detalhe e atmosfera que a nosso ver ultrapassam em muito o mundo de Super Mario Odyssey. As selvas vibram com cores saturadas, as tundras brilham com efeitos de neve realistas, e os túneis subterrâneos misturam fantasia com uma estética quase mineral.
A banda sonora é um dos pontos altos e mistura arranjos nostálgicos de temas clássicos com composições novas. A inclusão de um “DK Rap” reimaginado, funciona como homenagem e reinvenção que deixará os jogadores dos títulos clássicos a sorrir de orelha a orelha.
Opinião Final:
Donkey Kong Bananza não é apenas um novo capítulo na longa história do gorila mais famoso dos videojogos: é uma celebração da própria Nintendo, que soube reinventar uma das suas propriedades intelectuais mais antigas com frescura e ousadia. Entre humor, espetáculo e criatividade, o jogo prova que Donkey Kong continua a ser, quase meio século depois da sua criação, um protagonista indispensável no universo das consolas. Parabéns Nintendo!
Do que gostamos:
- Jogabilidade inovadora com destruição criativa do ambiente;
- Mundo aberto e variado, repleto de segredos;
- Banda sonora de excelência, misturando nostalgia e frescura.
Do que não gostamos:
- Não há pontos fracos!
Nota: 10/10
Análise efetuada com um código Nintendo Switch 2 cedido gentilmente pela distribuidora.