Lançado em novembro de 2010, Donkey Kong Country Returns, como o nome indica, representou o regresso da série Donkey Kong Country às consolas da Nintendo. Mais ainda, representou o primeiro jogo de plataformas side-scroller feito pelo Retro Studios, estúdio que anteriormente nos tinha trazido a tão adorada trilogia Metroid Prime. Um pouco menos de 3 anos mais tarde, em maio de 2013, saia para a Nintendo 3DS um port entitulado Donkey Kong Country Returns 3D. Foram feitos alguns compromissos dadas as especificações mais modestas da Nintendo 3DS, mas o jogo continha agora também algumas adições tais como 3D estereoscópico, novos níveis bónus num mundo novo, e um novo modo de jogo com novos itens na loja do Cranky Kong.
Agora passados quase 12 anos(!), e após o lançamento de Donkey Kong Country Tropical Freeze, Donkey Kong Country regressa mais uma vez, desta vez em HD, em Donkey Kong Country Returns HD, lançado no passado dia 16 de janeiro para a Nintendo Switch. O nome por si só diz tudo: é o jogo de que todos nos lembramos, mas agora em alta definição.
Quanto ao jogo original do Retro Studios, não temos muito a apontar. Este continua a ser um excelente (e desafiante) jogo de plataformas que com toda a certeza vos irá divertir durante um bom número de horas, especialmente se tentarem completar o jogo todo a 100%. Tal inclui descobrir em todos os níveis as letras K O N G, assim como um número variável de peças de puzzle que vão desbloqueando peças de arte na galeria.

Os níveis que jogam com contraste e sombras são deslumbrantes numa Switch OLED.
Mentiríamos se disséssemos que este é exatamente o mesmo jogo que na versão original para a Wii, apenas agora com texturas em HD, uma vez que por exemplo algumas animações estão diferentes, resultado da transposição deste jogo para o Unity. Mas mais importante do que isso é que este inclui um “modo moderno” e um “modo clássico” de jogo. O modo clássico é aquele que encontravam na Wii, em que Donkey Kong e Diddy Kong têm cada um dois pontos de vida (ou corações, se preferirem) e em que a loja de Cranky Kong é bastante mais limitada. Já no modo moderno, cada um destes símios tem 3 pontos de vida e para além disso temos ao nosso dispor itens mais variados na loja, tais como poções que nos conferem invulnerabilidade durante um tempo limitado, ou um barril que nos permite invocar Diddy Kong a qualquer altura. Joguei o jogo até ao fim em modo moderno, não fazendo uso destes itens opcionais. E os níveis em que tive mais dificuldades foram aqueles com carris ou com um barril rocket(?) em que chocar contra o que quer que seja ou cair representa uma morte instantânea. Ainda assim, mesmo neste modo, os restantes níveis também representaram um desafio, embora não tanto, claro está, como no modo clássico. O jogo traz, assim, uma boa panóplia de opções para vários tipos de jogadores com diferentes níveis de experiência com jogos de plataformas.
Em relação ao próprio trabalho da Forever Entertainment em nos trazer este jogo para a Nintendo Switch, é bom ver aqui um rácio de fotogramas a 60 por segundo quase sempre constante, pese embora alguns momentos em que notei alguma quebra nos mesmos, especialmente em momentos mais tardios do jogo. Igualmente, as texturas agora em alta resolução, mesmo durante as cutscenes pré-renderizadas (um detalhe muitas vezes descorado neste género de lançamentos) apresentam-se bastante capazes e este é um jogo bastante aprazível ao olhar em 720p em modo portátil e 1080p na dock. Infelizmente, ainda assim não se encontra ao nível de Tropical Freeze, algo que se nota mesmo em detalhes omnipresentes como os pêlos de Donkey Kong e Diddy Kong.

Aconselho a que tenham muitas vidas preparadas antes de níveis com barris.
Dada a ausência de novos modos de jogo ou novo conteúdo, sendo esta simplesmente uma transposição de Donkey Kong Country Returns para alta definição, torna-se mais difícil de justificar o preço a que a Nintendo o colocou no mercado (embora haja formas de o adquirir mais em conta, oferecidas pela própria Nintendo): a 60€. Tal torna-se especialmente premente quando o comparamos este título a Metroid Prime Remastered, igualmente um relançamento de um (talvez mais) adorado clássico do Retro Studios, que sofreu alterações mais profundas e que, no entanto, foi lançado a apenas 40€.
Finalmente, algo que não podíamos deixar de apontar é que os nomes dos desenvolvedores da versão Wii de Donkey Kong Country Returns foram omitidos dos créditos finais do jogo. Em vez disso, vêmos uma mensagem inicial a agradecer à “equipa de desenvolvimento original”, a qual não é sequer mencionada diretamente. A Nintendo entretanto respondeu a algumas críticas neste sentido reiterando que acredita em dar o devido crédito aos seus criadores. Da nossa parte, gostávamos de ver estas palavras em prática mesmo em lançamentos de menor escala como este.

Imaginem o atrevimento de roubar bananas a Donkey Kong.
Opinião Final:
Donkey Kong Country Returns HD é uma transposição simples e sem aquela magia que costumamos esperar por parte da Nintendo de um excelente jogo de plataformas para a sua (ainda) mais recente consola. Apesar de não estar ao nível de Tropical Freeze, e de trazer consigo alguns problemas menores, esta continua a ser uma experiência muito aprazível. A questão é se consegue justificar o preço que a Nintendo pede pelo mesmo.
Do que gostamos:
- Continua a ser um excelente jogo de plataformas;
- Várias opções de jogo permitem adaptar a experiência ao vosso nível de experiência;
- Os ambientes tropicais de Donkey Kong Country Returns brilham em alta definição!
Do que não gostamos:
- Ligeira inconsistência a nível de fotogramas por segundo;
- Falta de novo conteúdo;
- Pode representar um passo atrás para novos jogadores relativamente a Tropical Freeze;
- Desenvolvedores originais não são creditados.
Nota: 8/10
Análise efetuada com um código Nintendo Switch cedido gentilmente pela Nintendo.