Entrevista a Nuno Donato do estúdio Bit Outside the Box

A Game of Changes é um dos jogos que está actualmente em destaque no programa Powered by IEPM e em parceria com a IEPM Gamers, decidimos fazer uma entrevista ao produtor de jogo Português.

Nuno Donato, do estúdio Bit Outside the Box, respondeu-nos às diversas questões, falando-nos dos seus jogos. Em baixo poderão ver a entrevista completa.

Portugal Gamers – Apresente-se aos nossos leitores.

Nuno Donato – Olá sou o Nuno Donato, eng. informático de formação. Sou do Porto mas estou há 5 anos a viver na Beira Interior (mais propriamente, no Fundão). Comecei a minha jornada no desenvolvimento de jogos há aproximadamente 4 anos.

Portugal Gamers – A Game of Changes é um dos seus jogos mais recentes. Como é que o descreveria?

Nuno Donato – É, acima de tudo, um jogo de puzzles, mas em 3D e com uma pitada de platformer. Aquilo que o distingue é o facto de o jogo se inspirar num clássico chinês chamado Book of Changes (I-Ching).

Portugal Gamers – O jogo é bastante distinto. Quais são as caracteristicas únicas de A Game of Changes que gostaria de destacar?

Nuno Donato – Tento que nos meus jogos as pessoas aprendam algo novo, não apenas sobre o jogo, mas sobre a vida real. O Livro das Mutações (Book of Changes) é uma obra fantástica sobre a vida e as mudanças que todos atravessamos. Nesse sentido, o jogo A Game of Changes destaca-se por pegar nesses conceitos e levar o jogador por uma viagem acerca da mudança. Um aspecto muito único no jogo é não haver uma progressão linear, isto é, não se passa do nível 1 para o 2, 3, 4 e por aí fora. Podemos estar no nível 3 e passar para o 57, depois para 6 e 32. Parte do puzzle é mesmo perceber como “navegar” pelos níveis.

Portugal Gamers –  Quantas pessoas é que estiveram envolvidas no projecto? E quanto tempo é que levaram a produzir o jogo?

Nuno Donato – O desenvolvimento do jogo foi feito apenas por mim, tive apenas ajuda externa de uma artista portuguesa (Sofia Silva) para o personagem e de um compositor para a música que acompanha o jogo. Demorou cerca de 8 meses, desde a fase de protótipo até ao lançamento.

Portugal Gamers – Durante a fase de desenvolvimento de um jogo, surge sempre alguns problemas. Quais foram os maiores obstáculos que enfrentou com A Game of Changes?

Nuno Donato – Para além da desmotivação que aparece após alguns meses? (smile) Como tenho estado a experimentar géneros diferentes, o meu maior desafio neste jogo foi mesmo o level design, porque exigiu um total de 64 puzzles diferentes. O facto de estar sozinho também dificulta algumas coisas porque não há mais ninguém a fazer o jogo com quem se possa partilhar ideias.

Portugal Gamers – A Game of Changes foi lançado para PC. Planeia lançá-lo eventualmente para a PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch ou qualquer outra consola doméstica ou portátil?
Nuno Donato – Estou neste momento a averiguar a possibilidade de lançar para a Xbox One e, talvez, PS4.
Portugal Gamers – Também já lançou outros jogos, como Missilium, Autumn e mais recentemente o Satellite Repairman. Pode descrever esses jogos para os nossos leitores?

Nuno Donato – Nem costumo mencionar o Missilium, porque foi apenas a minha primeira tentativa de “acabar” de fazer um jogo (smile). É um remake do clássico Missile Commander com algumas adições minhas que o tornam mais interessante.

Autumn é difícil de descrever porque tem um género que não encaixa em nada do que existe. É um jogo inspirado na natureza, cujo objectivo principal é criar um ambiente descontraído para o jogador relaxar, aprender e crescer, através de inúmeras histórias e textos inspiradores.
Satellite Repairman foi a minha primeira experiência em fazer um jogo apenas pelo puro divertimento, tem um ritmo bastante acelerado e é uma mistura de base-building com acção e estratégia. Através de diferentes cenários o jogador tem que manter um complexo sistema de satélites e edifícios terrestres para enfrentar as ameaças inimigas.
Portugal Gamers – Está neste momento a produzir um novo jogo? Se sim, pode dar uma pista do que se tratará?
Nuno Donato – Sim! Estou super entusiasmado com o meu próximo jogo, vou regressar ao 3D mais num estilo de open-world. Vai ser um jogo de exploração, focado na geologia. É um pouco ambicioso (não pelo open-world, mas pelo que quero fazer com a geologia), pelo que vou pela primeira vez tentar procurar financiamento externo para conseguir concretizá-lo.
Portugal Gamers – Os conteúdos adicionais pagos e microtransações tem-se vindo a estabelecer nesta industria. Qual a sua opinião em relação a essa prática?

Nuno Donato – Não é necessariamente bom nem mau, depende de como é feito. Há bastantes jogos que têm beneficiado de DLCs para expandir o seu conteúdo, enquanto que outros parecem depender dos DLCs porque o produto original estava incompleto.

Microtransações não gosto nem compro. Não era algo que me viria a incluir em jogo nenhum meu, mas percebo que funcione para algumas pessoas.
Portugal Gamers – Quais são os seus jogos favoritos de sempre?
Nuno Donato – Pergunta muito difícil, mas vou escolher dois jogos completamente diferentes e de épocas bem distintas. Dune 2 e Life is Strange.
Portugal Gamers – O que gostaria de dizer aos utilizadores do Portugal Gamers e IEPM Gamers?

Nuno Donato – A indústria de videojogos em Portugal é bastante pequena comparada com muitos outros países, apoiem e divulguem projectos nacionais. Há muita coisa interessante a ser feita por equipas portuguesas.

Já agora um muito obrigado ao Portugal Gamers e ao IEPM pelo seu esforço em dar visibilidade a trabalhos portugueses e contribuir para a comunidade de jogos em Portugal.
Portugal Gamers – Muito obrigado pelo tempo que disponibilizou a responder às diversas questões. Desejamos-lhe todo o sucesso do mundo.
Em baixo poderão ver todos os jogos que Nuno Donato desenvolveu.

Missilium


Tags: