Entrevista a Ricardo Cesteiro, produtor de Syndrome

Syndrome

Juntamente com a IEPM Gamers, tivemos a ideia de fazer uma entrevista a um dos responsáveis pelo jogo português, Syndrome.

A ideia foi avante e entrevistámos Ricardo Cesteiro, onde lhe fizemos várias perguntas relacionadas com o jogo, com a indústria de videojogos em Portugal e outros assuntos, que poderão ver em baixo.

Portugal Gamers:

Syndrome será lançado em setembro para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Como gostaria de o descrever para os nossos leitores?

Ricardo Cesteiro: 

Syndrome é um jogo de survival horror de ficção científica, passado numa nave que se encontra à deriva no espaço.
A personagem principal acorda sem qualquer memória do que se passou, e rapidamente descobre que algo está errado, ao encontrar mortos e sinais de destruição por todo o lado.
É aqui que o jogador entra: através de exploração, resolução de problemas e combate, terá que conseguir sobreviver, descobrir o que aconteceu na nave e tentar resolver o problema.

Portugal Gamers: 

Quais as características do jogo que gostaria de destacar?

Ricardo Cesteiro: 

Todo o ambiente de terror e mistério que foi muito trabalhado, desde a parte gráfica até à sonora e escrita, e o facto de incluir combate, que tem sido bastante descurado neste género nos últimos anos.

Portugal Gamers: 

Qual foi o momento em Syndrome que o deixou mais surpreendido e ao mesmo tempo mais assustado?

Ricardo Cesteiro:

Mais surpreendido foi talvez quando fizemos os primeiros testes de gameplay do início ao fim, e percebemos que o jogo estava demasiado curto. Foi também um pouco assustador, pois isto viria a implicar grandes alterações no jogo.
Tivemos que modificar a história e os mapas para que a experiência fosse mais longa.

Portugal Gamers: 

Em que jogos, filmes ou séries é que foram buscar inspiração para o vosso jogo?

Ricardo Cesteiro: 

Este jogo vai buscar inspiração a várias fontes. Sendo nós fãs de terror e ficção científica, é natural que assim seja.
Mas os que gostaria de destacar são: Resident Evil, System Shock e Alien Isolation (jogos), Event Horizon, Virus, Pandorum (filmes).

Portugal Gamers: 

Qual foi o seu papel no desenvolvimento de Syndrome?

Ricardo Cesteiro: 

Neste jogo usei vários chapéus: fiz a co-produção e gestão do projecto, game & level design, e história/escrita.

Portugal Gamers:

Quanto tempo é que o jogo esteve em produção e quantas pessoas é que estiveram responsáveis pelo mesmo?

Ricardo Cesteiro: 

O jogo está a ser produzido há cerca de 20 meses. A equipa principal tem 3 pessoas, mas contámos também com a ajuda de alguns freelancers, e da equipa da Bigmoon Entertainment, que tratou do port para consolas e que também acabaram por dar uma grande contribuição para o projecto no geral.

Portugal Gamers: 

Quais foram os maiores desafios que enfrentaram durante a fase de desenvolvimento de Syndrome?

Ricardo Cesteiro: 

Um dos maiores desafios, que exigiu muitos testes e polimento, foi conseguir alcançar um equilíbrio entre combate e sentimento de impotência, para que a atmosfera geral fosse a de um ambiente de terror. Isto porque não queremos que o jogador se sinta completamente vulnerável no jogo, pode ser escolher combater. Mas também não queremos que o jogador tenha tantas armas e munições que possa enfrentar tudo o que lhe apareça à frente. É preciso existir um equilíbrio entre estes dois factores que muitas vezes é difícil de alcançar.
Outro desafio foi construir uma narrativa misteriosa, que fosse dando pistas sobre o que se está a passar, mas que ao mesmo tempo mantivesse o jogador na dúvida. Tivémos que fazer várias alterações à história até ficarmos contentes com o resultado.

Portugal Gamers: 

O que distingue Syndrome de outros jogos do género?

Ricardo Cesteiro:

O facto de haver possibilidade (mas não obrigatoriedade) de combate, é um dos pontos de referência deste jogo. Embora não seja exactamente uma novidade, esta é uma forma de gameplay que tem desaparecido nos jogos de survival horror nos últimos anos.
Os twists na narrativa também são muito importantes. Penso que vamos conseguir baralhar o jogador até perto do final do jogo.

Portugal Gamers: 

Pensa que a indústria de videojogos em Portugal está num bom caminho? O que acha que é necessário evoluir?

Ricardo Cesteiro: 

Penso que está sem dúvida no bom caminho. Há malta muito talentosa em Portugal, e equipas a trabalhar em projectos muito interessantes. Claro que isto é um caminho que leva tempo a percorrer, mas os resultados estão aí à vista. Cada vez temos mais empresas (ainda que pequenas) a ganhar destaque internacional e a lançar bons jogos.
Existe já um número considerável de títulos portugueses no Steam, jogos em consolas, mobile, malta a trabalhar em VR e AR, etc.
O que é necessário evoluir? Talvez por vezes falte um pouco de ambição e falta de confiança no próprio trabalho, o que acaba por impedir o pessoal de abraçar projectos de maiores dimensões. Claro que também isto é uma questão de tempo.

Portugal Gamers: 

Qual será o vosso próximo passo? Irão apostar em jogos de terror ou tencionam explorar um novo género?

Ricardo Cesteiro: 

Nós temos já vários projetos em papel que podem vir a ser desenvolvidos. Temos sempre muitas ideias que gostaríamos de explorar, mas obviamente que muitas delas têm de ser abandonadas (somos uma equipa pequena).
Neste momento ainda não sabemos qual será exactamente a direcção que vamos seguir depois do Syndrome, mas provavelmente será algo dentro do mesmo género.

Portugal Gamers: 

Quais são os seus jogos favoritos?

Ricardo Cesteiro: 

Se tivesse que escolher um, diria a trilogia Mass Effect.
Sendo eu um grande fã de RPGs, narrativas fortes e de ficção científica, este jogo foi realmente qualquer coisa de marcante para mim.
Mas tenho um gosto bastante variado: gosto de tudo desde jogos de estratégia, a survival horrors e simuladores.

Portugal Gamers:

O que gostaria de dizer aos leitores do Portugal Gamers e aos utilizadores da IEPM Gamers?

Ricardo Cesteiro:

Espero que tenham a oportunidade de experimentar o Syndrome, e espero que gostem.
O jogo é assustador e intenso, e tenho a certeza que vai agradar a apreciadores do género.
E claro, vai também estar disponível em Português.

Portugal Gamers: 

Agradecemos imenso pelo tempo que disponibilizou para responder ás diversas questões e desejamos toda a sorte e sucesso do mundo com Syndrome e com os vossos próximos projectos.

Podem ver abaixo o novo video de Syndrome que foi revelado na Gamescom. O jogo será lançado em setembro para PC, PlayStation 4 e Xbox One.