Sendo sincero, nunca tive um grande contacto com os jogos da Team ICO, tendo apenas jogado breves minutos de Ico, do qual, sendo sincero, não fiquei grande fã. Tirando esta breve experiência, apenas ouvi falar bastante bem quer desse mesmo jogo quer do que é talvez o jogo mais aclamado da equipa – Shadow of the Colossus -, que ainda não experimentei.
Assim, não me integro no grupo de fãs que está à espera de The Last Guardian há já 10 anos, tal como não fiquei muito ansioso após a sua aparição súbita na memorável apresentação da Sony na E3 2015. Não obstante, durante o Lisboa Games Week deste ano, tive a oportunidade de, em nome do site, jogar o exclusivo e finalmente lhe dar uma hipótese.
Neste foram-me apresentadas duas demos, uma que parece corresponder aos momentos iniciais (ou, em todo o caso, muito próximo disso) em que finalmente conhecemos Trico – a «besta devoradora de homens» – que acaba, no entanto, por ser uma bastante agradável companhia. De facto, nos primeiros instantes do jogo, devido a uma série de fatores que não irei detalhar, Trico aparece-nos como uma criatura bastante perigosa e com um ar tudo menos amigável, uma visão que rapidamente se altera.
E tudo isto é fenomenal, em (bem) menos de uma hora, este passa de uma criatura perigosa da qual nos aproximamos com muita cautela a um grande amigo, revelando também as suas fraquezas, como, por exemplo, ter medo de água. Assim, o suporte não é unilateral, isto é, não é apenas Trico que nos vai ajudar, mas também nós a ajudá-lo. Tudo depende do tipo de situações com que nos iremos deparar.
Assim, e como seria de esperar, à medida que avançamos vai-se estabelecendo uma relação entre a criança que controlamos e a criatura. Mas não é tudo. Também à medida que vamos avançando vamos, nós próprios, estabelecendo uma forte relação com as duas personagens, o que se torna especialmente fácil de criar devido à expressividade que a Team ICO lhes conferiu, assim como às suas personalidades únicas. No geral, o sentimento é o mesmo que se encontra em Journey, o jogo indie que nos faz sentir bastante próximos de jogadores que nem sequer conhecemos.
Tal como em Ico (embora eu tenha gostado muito mais da maneira como The Last Guardian está organizado) encontramos um jogo que é, na sua essência, um título em que temos de resolver puzzles, precisando de, para isso, estar bem atentos ao ambiente à nossa volta, bem como a tudo o que temos em nossa disposição.
Em algumas partes fiquei especialmente contente ao encontrar elementos que me recordaram instantaneamente de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, um dos jogos que marcou a minha infância. Por exemplo, houve um momento em que Trico ficou à espera e tive de controlar a criança, agachada por um túnel, até encontrar um género de escudo que gera um feixe de luz, o que me fez lembrar do momento em que se consegue a espada inicial em Ocarina of Time.
Isto não quer dizer, é claro, que os jogos sejam iguais. Apenas identifiquei (e isto é bastante subjetivo, sem dúvida) uma certa ligação entre os puzzles de The Last Guardian e aqueles que já estamos habituados a encontrar na série da Nintendo. O que é bastante positivo, pois adoro os da segunda e, por conseguinte, também gostei bastante dos desafios que a Fumito Ueda e a sua equipa tinham à minha espera neste jogo.
Outro dos pontos que mais me deixou espantado foi a qualidade gráfica. O jogo está qualquer coisa de espantoso neste quesito e é mais um dos títulos que prova como é possível ter um estilo artístico de «ver e chorar por mais» sem a necessidade de uma apresentação hiper-realista (embora possamos dizer que os pelos de Trico e alguns detalhes apontem nesse sentido).
Após a primeira demo, que como referi retrata os momentos iniciais, colocaram-me perante uma situação completamente diferente em que, em cima de Trico, voei por ente torres, cujo objetivo seria alcançar o topo da mais elevada. Infelizmente, não progredi muito nesta segunda parte da experiência (tanto por aselhice minha, como por falta de tempo, uma vez que a sessão de experimentação era limitada), mas mesmo assim pude perceber como The Last Guardian apresenta tanto cenários mais fechados e sombrios como mais abertos, cheios de luz e de construções de uma civilização antiga que prendem facilmente o olhar.
Em suma, a minha experiência com The Last Guardian foi bastante positiva, em que só tive um problema: querer jogar mais. O estilo de jogo idêntico a Ico continua, mas, na minha opinião, mais bem executado, especialmente quando aliado à relação bonita e comovente entre a criança e Trico que é, no fundo, também a nossa.
The Last Guardian chega dia 7 de dezembro para a PlayStation 4 e mal podemos esperar para jogá-lo!