A série FIFA tem vindo a ser, ao longo dos anos, fustigada pela crítica. Isto acontece essencialmente porque os seus criadores deixaram de apostar na inovação e mantêm uma fórmula demasiado estagnada, sempre com uma forte presença de microtransações.
FIFA 21 chega-nos, como sempre, pelas mãos da Eletronic Arts e representa o final do ciclo para a atual geração de consolas. A partir desta mais recente edição, tudo será feito a pensar no poder das novas consolas. A partir daí talvez se consiga tirar um proveito muito maior do mesmo para dar um boost aos videojogos de futebol, que precisam de uma urgente renovação e adptação ao mercado atual, evitando assim, um sentimento de mais do mesmo cada vez mais evidente.
Para este ano, a Eletronic Arts apresenta algumas alterações no que toca aos licenciamentos dos estádios e das equipas. Por exemplo, a segunda liga italiana foi removida do jogo, porém, o lendário estádio de San Siro, palco dos jogos das duas equipas de Milão (AC Milan e Inter de Milão) faz parte dos relvados que podem ser pisados. Neste quesito, FIFA deixa pouco espaço à concorrência (Pro Evolution Soccer), tendo geralmente um monopólio de licenças, deixando muito evidente o seu domínio mundial a nível de vendas e adesão. Prova disso mesmo foi a adição da licença das principais ligas europeias, Liga dos Campeões e Liga Europa.
Nos modos de jogo offline, o rei continua a ser o modo carreira. Neste modo é possível escolhermos uma equipa à nossa escolha e ingressar numa aventura sem fim, literalmente. Ir começando com uma equipa mais pequena e ir desenvolvendo o seu plantel com bons resultados acaba por ser bastante divertido para os fãs mais fãs de jogos de futebol. Existe um vasto leque de opções no mercado de transferências que possibilita que a mais pequena das equipas consiga, ao longo do tempo, chegar aos maiores palcos do futebol mundial.
Vamos agora falar sobre o modo mais conceituado e mais badalado de todo o jogo, e que provavelmente faz com que tanta gente o adquira. Este modo de jogo é o Ultimate Team, onde os jogadores podem medir egos através do modo online, que traz muitas horas de diversão e provavelmente de revolta também. O Ultimate Team é a combinação de vários modos de jogo que culminam da criação da nossa equipa online através de cartas que nos saem em packs que vamos adquirindo. Com muita sorte, pode ser que nos saia um equipa minimamente decente para que possamos competir com todos os outros jogadores, isto sem gastarmos dinheiro claro.
Dentro do modo Ultimate Team existem os modos: Division Rivals, FUT Draft e FUT Champions. Todos eles apresentam vários objetivos semanais que, sendo concluídos, no final da semana nos permitem receber recompensas que nos chegam, regra geral, através da atribuição ou de moedas de jogo, ou de packs de cartas que nos trazem mais valias para o plantel (ou não). O Division Rivals é a porta de entrada para o nosso progresso online, onde vamos experimentando as várias táticas e formas de jogar contra outros jogadores, sendo que o “sonho” de qualquer jogador é terminar na Weekend League ou FUT Champions, a que só podemos ter acesso se atingirmos um número mínimo de pontos. Após a inscrição, temos 30 jogos pela frente, nos quais vamos disputar um lugar num ranking já muito bem definido pela EA, que vai de Bronze 3 ao número 1 mundial. Consoante o nosso número de vitórias, vamos conseguir um ranking específico com rewards já pré-definidas. É nesta mecânica viciante que FIFA consegue, e com mérito, prender os jogadores aos seus servidores.
Quando nos referimos à jogabilidade, a sensação que me passa é a de uma falta de novidades e de evolução gritantes. FIFA parece estar confortável na forma como se apresenta e naquilo que já conquistou no mercado online, deixando para trás uma aposta rasgada em querer trazer um jogo com mais qualidade. Abro aqui a exceção para o modo Volta que trouxe algo de fresco ao jogo, apesar de não apresentar grandes novidades em relação à versão passada. É, no entanto, de lamentar que tanto FIFA como PES não tenham trazido grandes novidades este ano, terminando a geração com uma grande necessidade de se readaptarem para a nova geração. Além disso, FIFA 21apresenta um número de bugs bastante considerável o que mostra um polimento e acabamento mal feito e que nos faz transparecer de forma ainda mais vincada o “mais do mesmo”.
Graficamente, este novo título na série vacila. Comparativamente ao seu rival direto, FIFA apresenta uma qualidade gráfica extremamente baixa. Vai apresentando alguma qualidade, em algumas faces por exemplo, mas deixa a desejar no seu todo. É um jogo que aparenta puder ter saído há quatro ou cinco anos atrás e mesmo assim não seria de todo surpreendente. Veremos se na próxima geração a EA aplica uma nova fórmula que traga texturas, animações e qualidade que se destaque entre os demais jogos de desporto, porque neste momento fica bem atrás de quase qualquer um que exista no mercado.
O último ponto que quero referir, de novo negativo, é o uso exorbitante de microtransações. O modo online é munido de opções para que os consumidores gastem dinheiro para terem a mínima possibilidade de conseguirem uma carta melhor. Isto é de facto preocupante porque grande parte do público alvo da empresa é jovem e passível de se viciar neste tipo de propostas.
Opinião Final:
FIFA 21 continua a ser o expoente máximo no mercado de videojogos relativamente ao desporto, com momentos divertidos e de bom futebol, mas cronicamente manchado por uma jogabilidade muito débil e por práticas algo duvidosas. Quem gostou das versões anteriores julgo que irá gostar desta também. A mais recente edição de FIFA vem com pequenas alterações, como na forma como a defesa reage ao ataque do adversário, sendo que de um modo geral se apresenta igual a si mesmo, o que faz há demasiado tempo. Talvez a nova geração faça bem à franquia e possa trazer algo de melhor nas suas próximas iterações.
Do que gostamos:
- Rei dos modos online;
- Momentos de diversão.
Do que não gostamos:
- Jogabilidade débil;
- Online exige demais;
- Microtransações;
- Grafismo.
Nota: 6,5/10