Já se passaram quatro anos desde God of War (2018), um ponto de viragem não só na série God of War, como na história de Kratos. Um jogo muito diferente dos seus antecessores, quer em termos de jogabilidade como de narrativa, deu-nos uma história de família, de crescimento e de aceitação própria. Foi um dos meus jogos favoritos desse ano, sem qualquer sombra de dúvida, por inúmeros motivos – mas nunca achei que me fosse prender tanto a uma história e a um mundo como os de God of War (2018).
Certamente que muitos devem partilhar da minha opinião, pelo que não é exagero dizer que God of War Ragnarök é sem dúvida um dos títulos mais aguardados do ano e tivemos o privilégio de poder já dar início à continuação da história de Kratos e Atreus. Não se preocupem, não vou deixar aqui qualquer spoiler à história, pelo que podem avançar sem medos.
Ragnarök percebe muito bem aquilo que tornou o seu antecessor num clássico e segue ao máximo a regra de que em equipa que ganha, não se mexe. Ainda tenho muitas horas de jogo pela frente, considerando que esta antevisão se baseia em cerca de 6 horas de jogo, pelo que muito ainda pode mudar, mas a primeira impressão é que houve uma preocupação em manter consistência no que toca à jogabilidade e até os próprios menus do jogo, face ao título de 2018. Pouco mudou, mesmo no que toca ao combate, ainda que tenhamos um pouco mais de variedade de inimigos (pelo menos numa fase inicial) e também uma maior liberdade de utilização do ambiente no combate, como os ataques aéreos ou arremesso de blocos de pedra para derrotarmos os inimigos. Os próprios menus, como já referi, e até as mecânicas de crafting e melhoria de equipamento são quase idênticas ao anterior – se bem que agora se podem desfazer de todo o equipamento que não vos interessar e ainda aplicar automaticamente todo o melhor equipamento que possuem, se não se quiserem preocupar com a gestão do vosso inventário.
Kratos começa com o seu machado e as Blades of Chaos (bem como um escudo para poderem fazer parrys à vossa vontade) e estou francamente entusiasmada para ver que mais armas vamos poder utilizar ao longo do jogo. Mesmo com estas duas armas, o combate continua desafiante (não ao nível de um Dark Souls, atenção) e acima de tudo, divertido. Cada encontro com inimigos ainda me obrigou a tentar algumas vezes (vergonha, eu sei), mas isto porque o jogo não recompensa de todo um estilo de combate em que estejam sempre em cima de um inimigo a atacar constantemente. É frenético, têm de estar sempre atentos ao que vos rodeia, felizmente sempre com a ajuda de Mimir e de Atreus – que está claramente mais crescido e capaz. No jogo de 2018, Atreus já era um NPC extremamente competente e aqui não é diferente, ajudando Kratos e acedendo aos comandos de ataque, quando assim o comandamos.
O foco na exploração e nos puzzles continua bem aqui presente, com colecionáveis e outros itens para descobrirem – bem como os corvos de Odin, que continuam a assolar o mundo.
Graficamente, creio que ainda não vi nenhum jogo na Playstation 5 que me deslumbrasse desta forma. Mesmo em modo performance, estava constantemente embasbacada e embrenhada nos detalhes dos cabelos, das cobertas de pelo, todas as texturas e cenários envolventes – as expressões das personagens, das principais às mais secundárias e as transições fluídas entre cutscenes e sequências jogáveis. A adicionar a isto, temos um jogo que assim que começa entra a matar. Não, mais uma vez, não se preocupem que aqui não há spoilers. Mas logo nos primeiros minutos, Ragnarök prova que não é meramente um jogo e que a jogabilidade não é o seu único ponto forte. A narrativa e as performances dos actores são fulcrais em trazer à vida a história de Kratos e Atreus, com uma atenção ao detalhe – quer em inglês ou na localização em português – é exímia e deixou-me completamente presa ao jogo.
Videojogos podem ser experiências competitivas, demonstrações de habilidades, meios de contar boas histórias ou experiências imersivas que juntam o melhor de todos os mundos do entretenimento. Não me quero adiantar, porque ainda vou ter oportunidade de aprofundar a minha experiência de jogo e contar-vos tudo na nossa análise, mas God of War Ragnarök parece-me certamente um mundo perfeito para escapismo, um mundo onde nos vamos todos querer perder. Se gostaram do primeiro, quer-me parecer que certamente vão adorar este. Se não gostaram/jogaram o primeiro… que raio andam a fazer com a vossa vida? Resolvam isso e vemo-nos na análise!