
Em conferência de imprensa após o lançamento do relatório “Make Our Children Healthy Again”, Robert F. Kennedy Jr., secretário norte-americano da saúde, voltou a sugerir uma possível ligação entre videojogos e a epidemia de violência armada nos EUA. Kennedy afirmou que o problema pode ter inúmeras causas, excluindo as armas de fogo, e mencionou alternativas como a dependência de fármacos psiquiátricos, o impacto das redes sociais e, uma vez mais, os videojogos. O governo afirmou que o NIH (National Institutes of Health) está a dar início a estudos para investigar esta alegada ligação, bem como outros fatores.
Kennedy exemplificou com o facto de, quando era jovem, existirem tantos ou mais armas nas escolas dos EUA, mas nunca se testemunharem tiroteios em massa. Referiu como exemplo a Suíça, país com alto número de armas per capita, que à mais de duas décadas não regista um massacre semelhante. Segundo o governante, o fenómeno do “repentino aumento de violência” surgiu nos anos 90, coincidindo, no seu entendimento, com a ascensão dos videojogos e redes sociais.
Apesar das declarações, a vasta maioria dos estudos científicos internacionais não encontra correlação significativa entre videojogos violentos e comportamentos agressivos no mundo real. Instituições reputadas como a American Psychological Association e diversas universidades reforçam que o verdadeiro fator diferenciador nos EUA é o acesso facilitado a armas, bem como questões de regulação e saúde mental, não os videojogos.
Especialistas e académicos sublinham que culpar os videojogos serve frequentemente como “bode expiatório” para desviar atenções do problema central: a facilidade no acesso a armas de fogo e a ausência de regulamentação eficaz. Tal acusação evita enfrentar as raízes profundas da violência, sendo portanto conveniente para o discurso político, mas que é desmentida tanto pelos dados globais como por exemplos de outros países, onde existem jogos, mas não esses tiroteios em massa.
Fonte: PC Gamer