O assassino mais famoso do mundo está de volta, desta vez na sequela direta de Hitman [2016], Hitman 2. O agente 47 terá de encontrar forma de eliminar os novos alvos presentes na sua jornada, e para tal terá de recorrer a toda a sua criatividade para amealhar mais pontos e se tornar ainda mais letal.
Hitman 2 surge depois do estúdio IO Interactive deixar de fazer parte dos quadros da Square Enix, tornando-se num estúdio independente, que, como muitos, avistou o fecho de portas por insustentabilidade financeira. Foi então que surgiu a Warner Bros., que agarrou no estúdio tornando-se publisher da empresa dinamarquesa. Esse foi sem dúvida um ponto fulcral que tirou o IO Interactive das ruas da amargura, salvando também um jogo que é muito acarinhado por todos os fãs de stealth.
Ao contrário de Hitman [2016], a sua sequela não é lançada de forma episódica. Desta vez o jogo chegou-nos na sua totalidade. No entanto, no seguimento do seu antecessor, este jogo é constituído por missões individuais que se interligam através de pequenos trechos de CGI e constituem o enredo ao longo das viagens que marcam a busca pela verdadeira identidade do agente 47, identidade esta que envolve grandes alvos mundiais e temáticas clássicas de espionagem. O estúdio dinamarquês está de parabéns por ter conseguido conciliar o processo de separação da Square Enix e o lançamento deste novo título que, como o anterior, respira o ADN da série.
A história chega-nos através de pequenas animações bastante criativas que nos são apresentadas no início e final de cada capítulo, e, apesar de muito bem contada e de se mostrar bastante interessante, acaba por ser apenas um aperitivo para o potencial da série, que para mim foi realizado em Hitman: Absolution, lançado para as plataformas da anterior geração. Este formato de episódios ou capítulos não favorece o potencial que existe relativamente ao enredo de Hitman. No total, devemos ter aproximadamente trinta minutos de CGI, e quando falamos de um jogo como este, lançado a 69.99€ (PlayStation 4/Xbox One) tem de haver um maior compromisso no que toca ao propósito da história. Apesar do ponto forte de Hitman ser o seu gameplay único, acho que devia ter sido dada mais atenção ao próprio guião, tendo em conta o universo gigante à volta do assassino mais letal que conhecemos, e que persegue agora a suspeita e misteriosa Shadow Client.
Comparativamente à história, o gameplay segue um caminho completamente diferente. Durante o jogo são-nos exibidos sete locais totalmente originais, desde Mumbai à Nova Zelândia, sendo a sua espetacularidade tão grande quanto a nossa imaginação, criatividade e improviso. Aqui Hitman 2 não falha. Desde alvos a assassinar, até dados de inteligência a ser recolhidos, não faltam formas alternativas de concluirmos um capítulo, desde mortes básicas com uma pistola ou com o mítico fio de aço, a também outras formas de assassinatos dignas do agente 47, como por exemplo causando despistes de carros ou incendiando as vítimas.
Sendo Hitman uma série em que é algo complexo concluir uma missão de forma totalmente limpa e criativa, existem três dificuldades que o jogo disponibiliza: Casual, Profissional e Mestre. Na dificuldade Casual são-nos exibidos todos os caminhos e todas as abordagens que pretendemos seguir, sendo a forma menos atrativa de se jogar visto que temos a papinha toda feita. No modo Profissional são-nos apresentados os “segmentos de história” de cada capítulo, que surgem quando avistamos a possibilidade de prosseguir essa abordagem mortal, indicando-nos o caminho a seguir para concluir essa forma de terminar a vida do nosso alvo. Por fim, se jogarmos em Mestre as coisas complicam-se, ficamos por nossa conta e temos de nos desenrascar como podemos, sendo a dificuldade de longe mais elevada, constituindo uma experiência desafiante.
Os objetos que encontramos pelos níveis são praticamente os mesmos que vimos em Hitman [2016], como chaves de fendas, pés-de-cabra, bustos e cartões de acesso a áreas restritas, mudando apenas o cenário e os outfits que fazem parte dos pequenos mundos a que o agente 47 se tem de sujeitar a explorar para concluir a sua busca pela verdade. Existe uma enorme variedade de trajes, que são fundamentais para nos infiltrarmos nas diversas áreas existentes pelos vários cantos do mapa, para termos consequentemente melhores acessos e perspetivas para completarmos um assassinato silencioso, que é, como sabem, a especialidade do nosso protagonista. Existe também um conjunto de armas considerável, mesmo que quando usadas chamem a atenção dos nossos inimigos e comprometam a nossa posição. Apesar disso, a IO Interactive quis apresentar o maior número de possibilidades trazendo para a série o maior número de jogadores possível.
Quando completamos um nível, podemos prosseguir para o próximo, ou então repetir o mesmo para concluirmos os desafios que deixámos para trás numa primeira abordagem – e acreditem que são imensos. Para completarmos a 100% qualquer um dos 7 níveis temos de lhe dedicar bastante tempo, e, sem ajudas, mesmo repetindo a experiência, tal torna-se algo muito, mas muito complicado de se fazer, dadas as inúmeras possibilidades que estão ao nosso dispor. Existe um nível de experiência associado a cada um deles e à medida que completamos desafios temos acesso a novas armas, locais de início, trajes e outros apetrechos que nos são úteis para completar na plenitude os desafios que nos são propostos, aumentando significativamente o número de horas de jogo.
Para quem gosta de desafios, foi também introduzido o modo Sniper Challenge (já analisado aqui no Portugal Gamers). Neste modo podemos jogar de forma solitária, ou com outros jogadores online, um desafio que temos de ultrapassar apenas com uma sniper nas mãos. O contrato é proposto apenas a dois jogadores, o que significa que podem passar um bom serão com um amigo vosso que possua o jogo. Apesar da inclusão deste novo modo, o melhor ficou reservado para o Ghost Mode, que consiste numa disputa entre dois jogadores para lutar pelo lugar de melhor assassino. É apresentado o mesmo mapa aos dois jogadores e estes têm de eliminar os mesmos cinco alvos. Resta saber quem o consegue fazer de forma mais rápida, criativa e silenciosa, sendo assim determinado o vencedor. Um dado importante é o de que os jogadores nunca se encontram no mapa, sendo como se estivessem a habitar duas realidades diferentes.
A nível da interface dos menus, Hitman 2 apresenta-se também muito semelhante ao seu antecessor. Quem jogou Hitman [2016] vai sentir uma familiaridade imediata assim que iniciar o jogo. Parece que foi agora simplesmente lançada a segunda parte do mesmo. Mas isso não é mau, até porque os menus conseguem expressar de forma muito positiva todo o mundo de espionagem e confidencialidade que se concretizam nas temáticas do gameplay.
Existem duas edições disponíveis para quem quiser comprar o jogo: a versão standard; e a versão gold. Existe, aqui, um claro destaque para a edição gold, pois quem a adquirir vai não só ter acesso à experiência de Hitman 2, mas também poderá jogar todos os níveis da primeira temporada. Para quem não teve oportunidade de jogar os episódios lançados em 2016, esta é uma oportunidade para se ter uma experiência mais completa em apenas um jogo, o chamado dois em um. Esta edição está disponível pelo preço de 99,99€ (PlayStation 4/ Xbox One), 89.99€ (Steam).
Apesar dos visuais ótimos e coloridos, não se notou uma evolução a nível gráfico neste jogo, tendo-se apenas de fazer uma pequena referência à melhoria dos efeitos de luz. Mesmo com um excelente level design e cenários, pedia-se algo ligeiramente melhor, afinal, uma sequela deve tentar melhorar todos os aspetos dos jogos que a antecedem. É, no entanto, compreensível pela situação à qual o estúdio foi sujeito e todas as consequências que lhe podem ser associadas. Mesmo assim, a performance compensa com distinção a falta da ascensão visual. Hitman 2 é extremamente fluido e não nos deixa ficar mal com bugs, defeitos da IA ou qualquer tipo de erro. Honestamente, não me lembro de me sentir comprometido por culpa do jogo, contrastando com as que me expus por culpa própria.
Opinião Final:
Hitman 2 ainda nos pede os ingredientes para sermos os melhores assassinos – uma frieza e uma metodologia rigorosa que se traduzem na eliminação de qualquer alvo. Nada escapa ao engenho mortal do nosso estimado agente 47, e o jogo oferece uma vasta gama de possibilidades em cada nível para confirmarmos isso mesmo! Apesar de toda essa liberdade que nos é relegada por Hitman 2, há ajustes a fazer. Uma história mais abrangente e completa, juntamente com uma maior diferenciação gráfica, maximizariam de uma forma estrondosa o poderio da mais recente IP da Warner Bros.. Mesmo assim, este continua a ser um ótimo jogo, ao qual prevejo um futuro ainda mais risonho.
Do que gostamos:
- Introdução de Sniper Challenge e Ghost Mode;
- O mundo que envolve o agente 47;
- Criatividade ainda é essencial;
- Localizações.
Do que não gostamos:
- Pouca evolução a nível visual;
- Enredo muito curto.
Nota: 7,5/10