Hyrule Warriors: Age of Imprisonment – Análise

É difícil de admitir que já se passaram mais de 10 anos desde que analisei o primeiro Hyrule Warriors quando o mesmo foi lançado na distante e esquecida Wii U. Ao mesmo tempo, é fácil continuar a elogiar esta série de spin-off que junta a série de aventura e representação de papéis da Nintendo, com a série de estratégia e combate de ação com centenas de inimigos no ecrã da Koei Tecmo. Apesar de ter tentado dar um passo maior que a perna na sua segunda entrada na Switch em Age of Calamity, resultando em visuais bastante enovoados e numa performance que falha em alcançar os 30fps durante praticamente todo o gameplay, agora em Age of Imprisonment, Hyrule Warriors volta a tentar alcançar os 60fps (algo que tentara com a Definitive Edition do primeiro jogo na Switch) e com visuais muito mais detalhados e vistosos.

É interessante ver como nesta série tivemos uma progressão em que a Nintendo foi concedendo uma confiança cada vez maior aos escritores para se envolverem na co-criação do universo de The Legend of Zelda. Ao passo que no primeiro jogo fomos presenteados com uma estória completamente original, com várias personagens novas e completamente fora do cânone, e no segundo jogo nos foi apresentada uma estória que, embora ainda não-cânone estava agora muito mais ligada ao universo de um dos jogos da série principal, neste terceiro jogo temos finalmente um jogo que faz parte do cânone de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom.

Age of Imprisonment, tal como o nome fortemente sugere, conta-nos a estória de como Rauru e os seus aliados aprisionaram Ganondorf nos primórdios do Reino de Hyrule. A guerra que leva a Ganondorf ser selado e aos momentos iniciais e todas as peripécias de Tears of the Kingdom são o palco perfeito para um jogo estilo Warriors, uma vez que podemos ser brindados com um mapa-mundo ao estilo mapa de guerra e em que podemos confrontar as forças do Demon King. O nosso grande objetivo (a partir de dado momento, cedo na trama) é claro: libertar Hyrule das forças opressoras e do Gloom de Ganondorf. Desta forma, Age of Imprisonment contém muito do ADN de Tears of the Kingdom, contendo muitos dos seus lugares comuns.

Tal não se fica pela narrativa, mas está também fortemente presente em termos da própria jogabilidade de Age of Imprisonment. Grande parte da experiência de Tears of the Kingdom é usar os dispositivos Zonai espalhados pelo mundo tanto como armamento, como nas nossas próprias construções. Hyrule Warriors sendo uma série focada na ação, faz uso de construtos Zonai, claro está, para combate. Assim, este é um jogo em que para se saírem bem, não devem simplesmente “desligar o cérebro” e esmagar os botões Y (ataque básico) e X (ataque pesado), embora claro está os usem bastante. Vão ter de fazer bastante uso das habilidades únicas de cada personagem, assim como dos elementos e vários atributos dos dispositivos Zonai, de forma a responder adequadamente a diferentes formas de defesa e investida dos inimigos.

Apesar desta variedade, e tal como vimos fazendo notar, os jogos Warriors acabam frequentemente por se sentir a certo ponto um pouco repetitivos. E, apesar de conter uma boa variedade de personagens, uma jogabilidade bastante competente e replicar bem a forma como jogamos em Tears of the Kingdom, neste jogo continuamos a sentir, após algumas horas, a fadiga habitual dos jogos Warriors.

O que ajuda um pouco com esta fadiga é a já referida narrativa. Tal como dito anteriormente, esta é uma experiência que adiciona diretamente ao cânone de Tears of the Kingdom e Breath of the Wild. Esse facto poderia gerar constrangimento: serão a Koei Tecmo e o AAA Game Studio capazes de nos apresentar um enredo à altura desta que é uma das séries mais adoradas da Nintendo? Felizmente a resposta é que sim. É claro que temos aqui alguns clichés a que a série Hyrule Warriors já nos habituou, e alguns detalhes são um pouco forçados (por exemplo, a presença de algumas personagens que não são mencionadas em Tears of the Kingdom), mas no geral esta é uma interpretação muito interessante da Imprisioning War, e que realiza o potencial de Age of Calamity.

Algo que é especialmente de destacar é que Age of Imprisonment não tem medo de ser um jogo especialmente focado no seu enredo. Talvez especialmente no início, deparamo-nos com cinemáticas surpreendentemente longas, especialmente para um jogo publicado pela Nintendo. Muitos jogos forçam-se a interromper cinemáticas com breves momentos de jogo, um pouco como pedindo desculpa por se focarem tanto em nos contar uma narrativa entre os momentos de ação. Age of Imprisonment é refrescante por ser um jogo que ao mesmo tempo apresenta bastante conteúdo narrativo, mas também bastante um sistema de jogabilidade profundo em que poderão investir várias horas (penso ter completado uma parte bastante substancial das missões secundárias e terminei a campanha com cerca de 30 horas de jogo).

Infelizmente, nem tudo é ouro sobre azul. Ao posso que enquanto estamos na ação o jogo é detalhado e vibrante, nas cinemáticas o jogo tem um aspeto enovoado e entorpecido, corre a metade dos frames por segundo e apresenta mesmo alguns problemas de inconsistência nos frames por segundo. Tal parece ser resultado de as cinemáticas serem pré-renderizadas e terem sido fortemente comprimidas. É-nos difícil compreender esta decisão, que parece igualmente ser responsável pelo tamanho elevado do jogo, acima dos 40GB. Adoraríamos ter visto as cinemáticas a correr em tempo real no jogo em vez de pré-renderizadas, imaginamos que o resultado teria sido muito melhor. Ao mesmo tempo questionamo-nos se o desenvolvimento foi um pouco apressado, e se este terá sido mais um título que começou o seu desenvolvimento na Switch, antes de passar para a sua sucessora. Quem sabe.

Opinião Final:

Hyrule Warriors: Age of Imprisonment realiza os nossos sonhos tanto de ver finalmente um jogo da série Hyrule Warriors que faz parte do cânone, como de vermos à frente dos nossos olhos como realmente se passou o confronto que levou a Ganondorf ser selado por baixo do castelo de Hyrule. A Koei Tecmo mais uma vez conseguiu apresentar-nos uma jogabilidade competente e que emula bem a série em que o crossover Warriors se baseia. A narrativa é igualmente competente e esta rendição de Hyrule é bela. Infelizmente, não há bela sem senão, e alguns elementos da narrativa são ligeiramente forçados, as cinemáticas foram demasiado comprimidas, e este título não consegue eliminar por completo a fadiga que é comummente reportada em jogos Warriors.

Do que gostamos:

  • Viver a Imprisioning War;
  • A combinação da jogabilidade Warriors com as novidades de Tears of the Kingdom;
  • Narrativa envolvente;
  • Jogo é muito fluido a 60fps;
  • Gráficos detalhados e vibrantes durante a jogabilidade.

Do que não gostamos:

  • Alguns elementos forçados da narrativa;
  • Alguma repetição que leva a fadiga;
  • Cinemáticas sofreram demasiada compressão.

Nota: 8,5/10

Análise efetuada com um código Nintendo Switch 2 cedido gentilmente pela distribuidora.