Quando o PS VR foi lançado no ano de 2016, muitos consideraram que o acessório para a PS4 não teria o acolhimento necessário por parte dos jogadores, de forma a ser um sucesso de vendas. Não tendo sido um recordista de vendas, pois apenas vendeu 5 milhões em mais de 100 milhões de consolas PS4 vendidas – o acessório não era para toda a gente, mas apenas para aqueles que queriam saltar para o mundo da realidade virtual sem necessitar de um PC topo de gama e um headset VR cujo preço se aproxima dos €800 – a verdade é que o PS VR vendeu acima do esperado e continua a ser uma das melhores maneiras (e a mais acessível) de aceder aos jogos e experiências de realidade virtual.
A Sony também contribuiu para que o investimento no acessório valesse a pena, através do lançamento de vários jogos VR que anteriormente eram exclusivos do PC, mas também através do lançamento de vários títulos exclusivos para a plataforma.
Um desses títulos, e possivelmente o último grande exclusivo para o PS VR na sua iteração pela PS4 é IRON MAN VR. Anunciado no ano passado durante o evento State of Play, IRON MAN VR torna realidade – bem, realidade virtual – o sonho dos fãs do Homem de Ferro: entrar na armadura e voar pelos céus a altas velocidades enquanto combatem inimigos usando os repulsores e todos os brinquedos do génio Tony Stark.
Temos de admitir que quando vimos o trailer de anúncio do jogo pensamos imediatamente que provavelmente não haveria conteúdo suficiente para um jogo completo de mais de 8 horas. Em parte, os nossos medos não foram materializados: o jogo apresenta uma narrativa que se encaixa perfeitamente no universo de Iron Man (e da Marvel), indo buscar imensos elementos não apenas à banda desenhada, mas em especial aos filmes (a casa de Tony Stark em Malibu é diretamente retirada dos filmes, sendo mais “distante” da sua congénere BD). Por outro lado, há que admitir que o jogo se depara com a necessidade de reciclar alguns objetivos e atividades de forma a artificialmente aumentar a sua longevidade.
É curiosamente um problema que atinge os jogos à volta do Super Homem (um problema para o qual ainda não houve solução) e que não atinge super heróis mais “vulneráveis” como Batman, que tem uma franquia fantástica de videojogos – isto é, o que fazer quando o nosso herói voa e é literalmente feito de ferro? Com que desafios se poderá possivelmente o nosso herói deparar que o levem ao limite dos seus poderes?
É aqui onde a narrativa – e o lado mais humano de Tony Stark – entra em jogo. Vestir o fato do génio/filantropo/playboy e ter de interagir com o seu interessante mundo serve de aperitivo para a restante experiência, mas também quebra a mesma através de interlúdios bem agradáveis, em que podemos respirar fora da armadura. Tony depara-se com um fantasma do seu passado, que não o deixa esquecer que anteriormente fora um vendedor de armamento e que à sua custa imensas vidas foram perdidas. Este fantasma – literalmente chamado “Ghost” – conhece Tony intimamente e possui acesso a armamento Stark com que visa fazer a vida do protagonista um verdadeiro inferno.
É nestes momentos em que Stark, ajudado pela F.R.I.D.A.Y (a inteligência artificial posterior a Jarvis), o Gunsmith (uma inteligência artificial dedicada a criar armamento) mas também Nick Fury, luta contra o fantasma, visando descobrir a identidade do mesmo. Contudo, as aparências iludem e Tony descobrirá que não está a lutar contra um inimigo qualquer.
No que toca à experiência VR, esta é das mais polidas possíveis no PS VR – a casa de Tony Stark (e os seus brinquedos) estão perfeitamente reproduzidos e é possível brincar com os mesmos – mas o mais importante, e o que todos queremos saber, é se a experiência dentro da armadura é solida. Sim, é muito muito sólida, sendo absolutamente incrível disparar a voar pelo céu fora utilizando a armadura, acelerando ao encontro dos inimigos e utilizando todo o tipo de armamento para os reduzir a sucata, enquanto somos assistidos pelo HUD visual da armadura que nos coloca no capacete de Iron Man. O momento em que vestimos pela primeira vez a armadura é algo digno dos filmes, fez-me sentir que era mesmo o Iron Man!
As missões não são das mais diversas, mas podemos dizer que a narrativa intercala bem as mesmas, sendo que conseguem ser sempre mais interessantes quando os objetivos nos obrigam a fazer algo que não seja apenas disparar contra inimigos ou voar entre anéis. Não por tal não ser divertido – é muito divertido disparar os repulsores ou até os mísseis –, mas é interessante ter de vez em quando de abrir algo usando as mãos, desativar uma bomba ou usar um extintor incluído no fato. Existem alguns desafios opcionais estilo carreira de tiro ou então corridas time attack a voar entre anéis. Para os jogadores mais dedicados, é uma forma de aumentar o tempo de jogo e dar algo para os colecionistas, mas preferíamos uma maior variedade nas atividades.
É possível customizar não apenas a armadura, mas também os vários acessórios e sistemas da mesma, de forma a melhorar a nossa performance em combate. Embora admitamos que as customizações são uma questão de preferência – entre mísseis ou metralhadora, um sistema de reparação mais rápido ou uma maior capacidade de munição – nenhuma das opções está errada ou inadequada para uma missão, sendo que dependerá do jogador encontrar a sua forma de jogar preferida.
A experiência VR é muito confortável, mesmo na configuração para jogadores mais experientes, sem a vinheta de conforto e com o movimento em 360 seguido sem interrupções. Tudo isto é personalizável, permitindo a que jogadores sem grande tolerância a VR se adaptem a jogar. Em momento nenhum sentimos qualquer enjoo ou desconforto, o que diz imenso do exclusivo PS VR. A utilização dos PlayStation Move é obrigatória, mas o jogo é vendido em conjunto com um par de comandos, pelo que não há razão para não o jogar!
A apresentação é muito boa, embora não seja a melhor alguma vez vista, mesmo em termos de PS VR, cuja resolução é ligeiramente inferior a jogos na televisão. Não nos podemos esquecer que o jogo está a ser renderizado duas vezes, uma por cada olho – o prémio a nível gráfico continua a ir para Blood & Truth. Isto não quer dizer que os gráficos de IRON MAN VR sejam maus, mas claramente a preocupação aqui foi manter o framerate o mais fluido possível, assegurando uma experiência rápida e frenética. A experiência sonora é interessante, acompanhando a narrativa como se de um filme se tratasse, embora, na nossa opinião, abuse demasiado do tema principal.
Opinião Final:
IRON MAN VR é o último título exclusivo desta geração para o PS VR e, de certo modo, aplica todo o conhecimento e técnicas dos jogos VR num título derradeiro de despedida do acessório e da consola. É um jogo obrigatório para quem possuir um PS VR, e uma boa experiência para os fãs do Homem de Ferro.
Do que gostamos:
- É possível encarnar Tony Stark e ser o Iron Man;
- A experiência de voar pelos céus na armadura e disparar os repulsores é algo sem igual no mundo dos videojogos;
- Experiência VR muito confortável, das mais confortáveis que já jogamos!
Do que não gostamos:
- As missões tornam-se um bocado repetitivas
- O tema principal é divertido ouvir pelas primeiras 2 a 3 vezes, depois cansa um pouco.
Nota: 8/10