Kingdom Hearts 3 – Análise

Depois de quase 14 anos à espera da terceira sequela da franquia de videojogos mais adorada pelos fãs de Disney, Kingdom Hearts, eis que a Square Enix finalmente decide terminar com a eterna espera.

Kingdom Hearts é um JRPG de acção que mistura anime com os famosos personagens da Disney, dividindo estes últimos em mundos únicos cheios de magia e fantasia. Esta franquia nasceu através de uma conversa entre Tetsuya Nomura e um dos directores da Disney durante uma subida de elevador, até à data não haviam jogos Disney que se destacassem na indústria dos videojogos.

Kingdom Hearts conta a história de um rapaz de 14 anos que, juntamente com os seus melhores amigos Riku e Kairi, sonham em deixar o seu “mundo” e explorar os mais diversos mundos existentes no universo Kingdom Hearts. Depois de certos acontecimentos, Sora desperta um poder único, que lhe permite materializar uma Keyblade, uma arma ancestral utilizada para manter a paz e proteger os mundos das trevas, embora algumas possam ser usadas para fazer exactamente o oposto. Utilizando a Keyblade, Sora aventura-se por diversos mundos Disney, aliando-se a personagens muito famosos e acarinhados pelos fãs, tal como Donald e Goofy, leais parceiros de Sora na sua aventura para resgatar os seus melhores amigos das mãos das trevas.

Em Kingdom Hearts II Sora tem 15 anos, conhecendo as raízes das ameaças por detrás de várias desgraças, sendo o principal factor para estes, Xehanort, um mestre da Keyblade que sucumbiu às trevas, Sora enfrenta vários aliados deste, protegendo vários mundos Disney das garras malignas deste carismático vilão.

No entanto, Kingdom Hearts II não finaliza a história de Xehanort, estendendo-se para vários jogos spin-off, tal como Birth By Sleep, que nos explicou alguns acontecimentos chaves da lore de Kingdom Hearts. Kingdom Hearts X, um jogo de telemóvel que nos leva algumas centenas de anos no passado, mostrando as origens da história de Kingdom Hearts e como tudo começou.

Enquanto que alguns jogos nos explicam o passado, outros tentam tapar buracos da história entre Kingdom Hearts 1,2 e 3, tal como: Kingdom Hearts Re:Chain of MemoriesKingdom Hearts 3D: Dream Drop DistanceKingdom Hearts Re:Coded Kingdom Hearts 358/2 Days. Todos estes jogos estão disponíveis nas colecções Kingdom Hearts 1.5+2.5 e Kingdom Hearts 2.8. No entanto, estas colecções estão disponíveis apenas para a PlayStation 3 e 4, uma jogada pobre vinda da parte da Square Enix, visto que Kingdom Hearts 3 foi lançado para a Xbox One e PlayStation 4, obrigando os jogadores da plataforma Xbox One a procurar outros meios para perceber a longa história de Kingdom Hearts, tal como vídeos de YouTube.

Sora, Donald e Goofy fazem uma bela equipa, não só nos combates, como fora deles.

Em Kingdom Hearts III Sora e seus parceiros irão partir em busca de aliados para enfrentar Xehanort e terminar a guerra entre luz e trevas de uma vez por todas. Depois de alguns anos desde o início da sua aventura, Sora amadureceu e ficou experiente ao utilizar uma Keyblade, o que seria de esperar que pudesse utilizar o seu poder máximo, no entanto, devido a um acontecimento em Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance, Sora perdeu os seus poderes e terá de os reconquistar em uma nova aventura. É esta aventura que iremos viver em Kingdom Hearts III, fechando com uma chave de ouro a história de Xehanort.

Não são muitos os mundos Disney disponíveis para exploração em Kingdom Hearts III, estando disponíveis apenas 7 destes, sendo estes Tangled, Hercules, Big Hero 6, Piratas das Caraíbas, Frozen, Monster Inc. e Toy Story. Embora sejam poucos em comparação com os seus antecessores, Kingdom Hearts III espreme ao máximo cada mundo, sendo que cada um tem o dobro ou triplo da duração comparativamente a Kingdom Hearts II. Recheados de vida e gráficos abismais, estes mundos permitem aos jogadores apreciar ao máximo a essência mágica dos filmes Disney, tanto nos confrontos com os Heartless/Nobodies, como contra os carismáticos vilões de cada mundo, tal como Hades em Hercules.

Uma das características únicas de Kingdom Hearts é a sua enorme liberdade fornecida aos jogadores para controlar Sora e os seus parceiros, tanto na exploração dos diversos mundos ou nos combates frenéticos. Kingdom Hearts III é o limiar destas características, dando uma nova definição a “liberdade” nos JRPG, permitindo a Sora saltar, planar, subir paredes ou planaltos/montanhas, destruir cenários ou recompor este e interagir com os mais diversos personagens presentes na sua aventura. Sora está de volta melhor do que nunca, fazendo agora uso de uma liberdade fantástica para se movimentar e explorar os lugares fantásticos que frequenta. Não existem limites, tudo é alcançável em Kingdom Hearts III.

Uma das mecânicas de exploração implementadas é o modo Focus para fazer air stepping entre vários ramos ou blocos espalhados pelo cenários, permitindo a Sora olhar para o seu redor e saltar entre estes. É uma boa mecânica mas consegue ser irritante, pois o foco tem um limite de tempo e estamos sempre a saltar de 1 bloco para outro bloco, tentando centrar a câmara do mesmo nos sítios que queremos alcançar, uma das pequenas falhas do jogo, sendo que poderia ser bem mais simples.

Sora utiliza a Keyblade e magias para derrotar os seus inimigos

Sora poderá utilizar a sua Keyblade e as suas magias para destruir ou modificar os caminhos que percorre, ultrapassando certos obstáculos devido a estes, no entanto, uma das grandes novidades que Kingdom Hearts III nos apresenta é a interacção com os personagens que se aliam a nós nos diversos mundos Disney, que além de lutarem ao nosso lado (já não substituem Donald nem Goofy), fornecem-nos certas habilidades interactivas para alcançar locais distantes ou inalcançáveis, tal como Rapunzel, que utiliza o seu cabelo como corda para Sora baloiçar e alcançar o pico de uma planície distante. Claro que as interacções de ataque com Donald, Goofy e o resto dos personagens aliados estão de volta melhor do que nunca, permitindo uma variedade tremenda no que poderemos executar para destruir os nossos oponentes, além dos combos de Sora com a Keyblade e os seus novos limit form.

Estas limit form focam-se na keyblade de Sora, ao contrário de Kingdom Hearts II, onde Sora utilizava várias Keyblades por um tempo limitado em limit form, aqui as Keyblades mudam de aparência e combos, transformando-se em várias armas baseadas nos mundos de onde provém, tal como duas pistolas que disparam lasers ou um escudo que utiliza trovões para infligir dano aos inimigos.

Além destas novidades, Sora poderá ainda utilizar certas “atracções” alusivas às que se encontra na Disneyland, tal como um barco pirata que atira jatos de água, carrinhos de choque em forma de canecas de chá alusivas a Mad Hatter do mundo Alice no País das Maravilhas, entre outros. Embora estas atracções sejam giras e divertidas de usar ao início, torna-se repetitivo e irritante estar sempre a utilizar estas em vez de mais variedade nos combos de Sora ou ataques especiais, é pena o jogo não fornecer uma opção para bloquear estas.

Algumas funcionalidades de combate estão de volta, tal como a invocação de personagens Disney para ajudar Sora, tal como Stitch ou Wreck It Ralph e claro, as magias habituais dos JRPG da Square Enix. As magias estão fluídas e funcionam exactamente como os elementos, sendo a magia de água efectiva contra inimigos que utilizem fogo, fornecendo a estes mais dano.

Sim, é possível fazer selfies no jogo, e as personagens põem-se a jeito para a foto.

Os cenários de jogo nunca estiveram mais vivos, cheios de vida e animação, tal como os filmes da Disney nos tem habituado quando a Pixar está ao comando, Kingdom Hearts III fornece a experiência que estamos a jogar um filme da Pixar, aliado à banda sonora fantástica a que Tetsuya Nomura nos tem habituado, fornecendo um ambiente de pura magia e alegria.

O modo Gummy, conhecido pelas famosas lutas espaciais na nave de Sora e seus parceiros, está de volta com uma cara totalmente nova. Este modo foi implementado em um mundo totalmente aberto em 3 dimensões, onde poderemos explorar todos os cantos do universo Kingdom Hearts III e destruir meteoros e cristais para obter peças para melhorar a nossa nave ou destruir inimigos nas missões de ataque, onde poderemos enfrentar fortalezas de inimigos como bosses. É ainda possível descodificar bolas de ouro enormes, alusivas ao Planeta do Tesouro, que nos fornece puzzles, sendo que ao terminar estes ganhamos itens raros e poderosos para a nossa nave.

Como já é habitual em Kingdom Hearts, existem vários mini-jogos que poderemos efectuar para ganhar regalias, uma das novidades é os jogos clássicos em que Mickey e Sora enfrentam perigos em jogos 2D alusivos aos primeiros jogos da Disney a preto e branco. Outro mini-jogo é alusivo a Ratatouille, onde poderemos cozinhar variados pratos (para recuperar vida, focus e mana) com a ajuda do Pequeno Chefe, utilizando os ingredientes que apanhamos durante as aventuras.

Alguma vez desejas-te tirar uma selfie a Sora ou ao Donald/Goofy? Agora já podes! Em Kingdom Hearts III podemos utilizar o Gummyphone para tirar fotografias às paisagens (e procurar Lucky Emblems para obter recompensas) ou tirar Selfies com Sora, Donald e Goofy.

Opinião Final:

Kingdom Hearts 3 é tanto um jogo simples, como complexo, com mundos mágicos e lindos de deixar qualquer pessoa boquiaberta, que não poderia ser mais fiel aos mundos no qual se inspira. As animações e todo o detalhe presente não só nas diversas personagens como nos vários mundos, é incrível. É acima de tudo um jogo para os fãs, devido a toda uma história que advém dos jogos anteriores, mas também é um jogo para “newcomers”, desde que gostem do género e universos da Disney. O jogo apresenta um resumo da história dos jogos anteriores, mas só isso não é suficiente, e é inevitável ir ver um resumo mais alargado e detalhado no Youtube. Obviamente que o melhor seria jogar os jogos anteriores, mas infelizmente os jogadores da Xbox One não tem essa possibilidade, já que as colecções não foram lançadas na consola. Com isso dito, a espera pelo novo jogo da série foi bastante longa, mas compensou na qualidade, e isso é o que se queria.

Do que gostamos:

  • Jogabilidade simples mas com muitas possibilidades;
  • Enredo e acontecimentos extremamente interessantes;
  • Os mundos de jogo são belos e fidedignos aos universos em que se inspira;
  • Banda sonora fantástica que se adequa muito bem ao que está a acontecer;

Do que não gostamos: 

  • O Air Stepping é uma mecânica desajeitada;
  • Há alguns universos menos interessantes do que outros.

Nota: 9,5/10


Informações adicionais:                                                           Versão analisada: Xbox One X

Produtora: Square Enix

Editora: Square Enix

Data de lançamento: 29 de Janeiro

Preço do jogo base: 69.99€

Página do jogo na PlayStation Store

Página do jogo na Xbox Game Store

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