Com tantos géneros de jogos a receberem continuações umas atrás das outras, há um que fica quase sempre para trás — os jogos de karaoke. Estes aparecem de tempos a tempos e, consoante a sua qualidade, tanto podem ser um divertimento pegado como uma perda de tempo deprimente.
Os jogos de karaoke já passaram por várias consolas e normalmente tentam enfiar o máximo de músicas possível no disco para te manter a cantar até a tua voz virar uma lenda urbana. Estou a dizer isto logo de início por uma razão: quero mesmo que tenhas isto em mente. Estes jogos são um dos maiores tiros no escuro que há — é que com a música a ser algo tão pessoal, há uma grande probabilidade de não sentires que o dinheiro foi bem gasto. Let’s Sing 2025, publicado pela Plaion GmbH e desenvolvido pela Voxler SAS, é mais um desses tiros.
Começando pelo princípio: não, não precisas de microfone para jogar isto — o que até funciona a seu favor. Basta descarregares a app Let’s Sing e ligar o teu telemóvel ao jogo, usando-o como microfone. Claro que, se quiseres usar um micro a sério, também podes ligar um à consola. Esta ideia do telemóvel traz alguma conveniência, apesar de a ligação inicial não ser assim tão suave. Mas até que o reconhecimento de voz funciona bem — o que é ótimo, porque o jogo vive de acertar em tons musicais e, para isso, precisas de um micro minimamente decente.
Ao entrar em Let’s Sing 2025, não esperes um mundo de opções.
O novo modo Carreira deixa-te escolher um avatar e fazer umas personalizações básicas, que desbloqueias consoante a tua performance. Depois, conheces as tuas primeiras “professoras” — a Zoe e a Chloe. São literalmente cabeças flutuantes com mãos, cheias de atitude cliché e expressões exageradas. Querem que lhes mostres do que és feito, por isso escolhes uma música para começar. Eu, num momento de inspiração duvidosa, comecei com “Hakuna Matata” da Disney. Depois da performance, o jogo leva-te para a tua “carreira musical” em Soundtown — um mapa que te guia pelos vários níveis de fama musical. Pensa em algo tipo Guitar Hero, onde começas em bares de esquina e acabas em palcos de festival com uma plateia de milhares de pessoas a clamar por nós.

A seleção musical pode ser variada… se pagarem por isso.
Para te acompanhar nesta jornada musical? Uma carrinha da música, claro. É aqui que encontras tudo sobre a tua carreira — fãs, desafios, personalização do avatar, personagens, e até um podcast. Os desafios de canto dão-te faixas desbloqueadas e a hipótese de ganhar até três estrelas. Ganhas pontos de canto e, com isso, desbloqueias mais itens para o teu avatar flutuante. Também tens dois outros medidores — o LSMA (Let’s Sing Music Awards) e o de “Mastery” da zona onde estás. O LSMA funciona como um tipo de Battle Pass em que vais subindo de nível e desbloqueando mais cosméticos.
Há também o podcast Shaw & Tell, que tenta contar uma história sobre um DJ misterioso chamado Neon Ghost e festas secretas. Na prática, é uma desculpa para te arrastar por diferentes zonas de Soundtown e dar um bocadinho mais de contexto ao jogo — porque cantar por cantar… enfim, pode saber a pouco.
No Fan Club, encontras publicações de “redes sociais” falsas, todos motivacionais, como “és incrível, acredita em ti!” e por aí. Vês também o número de fãs, mas não há nada de realmente útil aqui. O mesmo se aplica à secção das personagens: é só um arquivo com NPC que não te dão nada de concreto — mas lá estão, como quem diz “olha, fizemos isto”.
A carreira está dividida por zonas de Soundtown, e cada zona tem várias etapas para brilhares com a tua voz. Dependendo da área, tens acesso a certos estilos e listas de músicas. Por exemplo, no início, vais parar ao “Party District”, com oito músicas à escolha. E não, não podes escolher qualquer uma — és limitado ao que o jogo te dá naquela fase. Portanto, convém gostares de alguma delas.

Algumas das escolhas não são as melhores.
Depois de cada atuação, recebes um resumo com os teus resultados, como número de fãs ganhos, entre outros dados. Quanto melhor cantares, mais fãs ganhas.Entre eventos principais, podes aceitar missões secundárias — escolhas que bloqueiam outras, por isso pensa bem antes de te comprometeres. Algumas são a solo, outras em dueto, ou até batalhas contra outras cabeças flutuantes para ver quem saca mais estrelas.
Há também “eventos estúdio” que te avaliam em detalhe com um medidor de ondas coloridas: vermelho (mau), verde (bom), amarelo (perfeito). Mas mesmo com isto tudo, o jogo tem vários problemas.
Primeiro: não podes escolher variações de tons vocais conforme o género (masculino/feminino). Ou seja, podes acabar a esforçar-te à toa para atingir notas que simplesmente não são para a tua voz. Isto limita logo a tua liberdade. Depois, o catálogo de géneros musicais também é restrito. Queres cantar country? Esquece. Queres variedade a sério? Boa sorte. A maior parte das músicas está bloqueada por Paywall — e pior: quase tudo está bloqueado atrás do VIP Pass, que é uma subscrição. Sim, tens de pagar de novo quando o passe acabar. Se não pagares, ficas com menos de 10 músicas. Para comparar: havia jogos de karaoke na PS2 com 50 músicas no disco logo de início, sem subscrições e sem estas modernices predatórias.
Para piorar, o modo carreira força-te a cantar duetos… mesmo que estejas a jogar sozinho. Que lógica é essa? Enfim.
Resumindo? Let’s Sing 2025 tem uma ideia gira — usar o telemóvel como microfone, mas perde-se num modo carreira aborrecido e demasiadas limitações. Se quiseres aceder a mais de meia dúzia de músicas, tens de pagar o VIP. Vale a pena? Nem pensar. Honestamente, mais vale ires ao YouTube, meter uma música de que gostes e cantares por lá ou jogar um Yakuza/Like a Dragon (esta sugestão tem tanto de séria como brincalhona).
Pensando bem: jogos de karaoke bons? Tens vários na PS2, mas este sempre desenrasca.
Opinião Final:
Seguindo um modelo associado a subscrições, Let’s Sing 2025 poderia ser uma experiência divertida, a solo ou com amigos, mas que acaba por limitar a sua experiência aos jogadores que tenham interesse em manter uma subscrição – assumindo erroneamente, que a sua base de jogadores vai querer andar a brincar ao karaoke todos os dias, relegando-se à obscuridade.
Do que gostamos:
- Quem canta, seus males espanta;
- Variedade de canções;
- Simplicidade de controlo.
Do que não gostamos:
- Músicas bloqueadas por paywall.
Nota: 6/10
Análise efetuada com um código Xbox cedido gentilmente pela distribuidora.