O mais recente título da franquia Yakuza ou Like a Dragon, da responsabilidade do estúdio Ryu Ga Gotoku e publicado pela SEGA, é no mínimo curioso. Depois de termos chegado ao Hawaii em Infinite Wealth, desta vez não só nos mantemos por esses lados do globo como nos tornamos também em… piratas?
A série Yakuza não é estranha a coisas disparatadas ou inusitadas, mas poderão recear que Pirate Yakuza in Hawaii leva as coisas demasiado longe. Apesar de tudo, gostamos que estes títulos mantenham nem que seja a ponta dos pés no chão, sem entrar por completo num mundo de fantasia. É isso que os torna tão aliciantes: o seu equilíbrio entre o cómico e inverosímil, e um tom mais sério e realista, com base no mundo do crime japonês. Na minha modesta opinião, no entanto, por mais incrível que possa parecer, este jogo consegue manter esse equilíbrio. Quando comecei o mesmo, confesso que estava bastante cética quanto a que conseguisse cumprir com esta promessa, no entanto o jogo consegue lentamente, mas de forma bastante interessante, embrenhar-nos nas aventuras do pirata Goro Majima. Começamos a trama numa ilha isolada do pacífico, Rich Island (lembram-se de Infinite Wealth?) em que piratas intimidam os locais e lhes estragam os dias. Majima sofre de amnésia e não se lembra de nenhuma das suas aventuras enquanto yakuza no Japão, nem como foi parar a estas partes, mas um pequeno rapaz de nome Noah e o seu pequeno tigre de estimação (sim, tigre), Goro, oferecem-lhe ajuda. Pouco depois, são descobertos por piratas, e Majima intuitivamente sabe como os defrontar e proteger Noah e Goro. A partir daí, Majima vai defender esta ilha e tornar-se num pirata à procura de tesouro.

Majima acorda sem fazer ideia de onde está e porquê.
Algo que os fãs de longa data poderão particularmente apreciar é que com este título o Ryu Ga Gotoku volta às origens da série, sendo este um RPG com combate de ação em que controlamos Majima livremente num ambiente 3D e realizamos combos com ataques leves, pesados e especiais, ao invés de um combate por turnos como aquele que temos visto nos títulos principais desta série nos passados cinco anos, desde o lançamento de Yakuza: Like a Dragon em 2020. Diverti-me bastante com as mecânicas deste combate, e após um período relativamente alargado em que a série se dedicou ao combate por turnos, é bom vermos de novo alguma variação.
Sendo nós (ex-)yakuza mas também piratas, claro está que este título introduz também mecânicas de batalha e exploração navais. Estas são também bastante competentes e fazem-nos lembrar rapidamente jogos como Assassin’s Creed III e principalmente Assassin’s Creed IV: Black Flag. Nos altos mares, devemos sobretudo tentar flanquear os navios inimigos, disparando contra os mesmos com os canhões nas laterais do navio, embora também tenhamos ao nosso dispor outros recursos como uma metralhadora que dispara em frente, ou simplesmente ir de encontro com a frente da nossa embarcação contra a lateral do nosso oponente. Tudo isto serve para nos apoderarmos dos seus espólios, que nos irá permitir obter uma série de materiais úteis tanto para a nossa jornada, como para o nosso navio e a nossa base.

Combater no alto mar é bastante divertido.
Fora do combate, há ainda vários bens que foram deixados para trás, porventura por navios que encontraram o seu fim nestas águas perigosas, os quais podem colecionar enquanto se deslocam entre as várias ilhas à caça de tesouros. Há ainda uma série de anéis que vos conferem um boost em termos de velocidade e que torna navegar de ponto A até B mais divertido.
No PC, plataforma em que desfrutei deste jogo, este mostrou-se bastante capaz a nível gráfico e em termos de performance. Demonstrou, ainda, uma boa capacidade de otimização, correndo bastante bem na minha Steam Deck OLED, onde o joguei durante a maior parte do tempo pela conveniência da sua portabilidade. As ilhas do Pacífico vibram no ecrã deste portátil de bolso.

Pirate Yakuza in Hawaii reutiliza alguns recursos de Infinite Wealth para nos trazer uma nova aventura no Hawaii.
Opinião Final:
Com uma premissa arriscada, mesmo para os padrões algo incomuns desta série, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii pode ser um bom ponto para fãs de longa data voltarem a dar uma oportunidade a esta série. Com um sistema de combate que nos remonta aos títulos de ação desta franquia, assim como um sistema de confrontos navais que vai buscar inspiração ao melhor que há nesta indústria, este é um título bastante competente e que mantém o espírito da série Yakuza/Like a Dragon aceso.
Do que gostamos:
- Sistemas de combate em terra e mar;
- Equilíbrio entre tom sério e cómico característico da série;
- Personagens carismáticos;
- Apresentação audiovisual competente.
Do que não gostamos:
- Temática de pirata pode em alguns momentos levar as coisas demasiado longe para alguns;
- Falta de mais momentos impactantes.
Nota: 9/10
Análise efetuada com um código Steam cedido gentilmente pela distribuidora.