Mario & Luigi Brothership – Análise

A franquia Mario & Luigi é um nome já conhecido de RPGs de ação com os irmãos Mario e Luigi em aventuras cómicas e muito divertidas. Lançada originalmente em 2003 com Superstar Saga (para o Game Boy Advance), a franquia distingue-se pelo controlo simultaneo dos dois irmãos (cada salta ou faz uma ação com um botão dedicado), combates por turnos com comandos rítmicos (pressionar A/B no tempo certo) e um tom leve recheado de piadas. A Nintendo descreve os jogos como “RPGs de ação” onde Mario e Luigi trabalham juntos num equilíbrio de ação e puzzles, com histórias divertidas e reações caricatas típicas da série. Entre os títulos anteriores destacam-se Mario & Luigi: Superstar Saga (2003, GBA), Partners in Time (2005, DS), Bowser’s Inside Story (2009, DS) e Dream Team (2013, 3DS), todos conhecidos pelas suas histórias irreverentes e mecânicas de dupla acção. Após o último jogo (Paper Jam, 2015), estudo original AlphaDream faliu, e a Acquire assume o último título chamado de Brothership, o primeiro jogo novo da série em quase nove anos.

Em Brothership, Mario e Luigi atravessam um portal para Concordia, um mundo paralelo cuja Uni-Tree foi destruída e cujo continente se fragmentou em ilhas flutuantes. A missão dos irmãos é navegar no seu navio-base Shipshape Island, visitando ilhas distantes para restaurar cada uma delas à corrente de energia Connectar, reacendendo árvores de vida locais . O enredo envolve personagens influenciadas pelo tema “eletricidade”, como o simpático guia Snoutlet, a jardineira Connie e outros habitantes elétricos de Concordia. O principal antagonista é Zokket, líder do tal “Extension Corps”, responsável pela fragmentação de Concordia; grande parte da aventura consiste em perseguir Zokket pelos arquipélagos e ajudar os habitantes locais com missões secundárias.

Viaja pela terra (mar?) de Concordia através do teu barco ilha “Shipshape Island”!

A narrativa tenta inovar em certos temas, ao contrário dos jogos anteriores de progressão linear, Brothership explora laços de amizade, amor e rivalidade enquanto se reconectam as ilhas isoladas. Porém, parece-nos que o desenrolar da história é excessivamente longo e pouco envolvente: com missões de resgate repetitivas e diálogos superfluos, assim como piadas que não alcançam o humor memorável dos clássicos anteriores. Em suma, Brothership coloca Mario & Luigi num cenário original (o mundo de Concordia) mas o enredo principal é visto como apenas razoável e por vezes arrastado.

O combate em Brothership mantém o estilo classico por turnos com comandos sincronizados característico da série. O jogo evolui a fórmula clássica com algumas novidades, mas sem a revolucionar. Num confronto típico, cada irmão (Mario e Luigi) tem o seu turno individual, onde um ataca com saltos e o outro com o já conhecido martelo; cada golpe exige que se carregue no botão certo no momento certo para maximizar o dano, como nos jogos anteriores. Além dos ataques básicos, existem movimentos conjuntos (Bros. Attacks) que envolvem sequências rápidas de botões, permitindo combos bem vistosos (por exemplo, chutar carapaças ou lançar bolas de fogo entre ambos). Estas animações são divertidas, mas tornam as batalhas longas e muitas vezes repetitivas. Uma das novidades de Brothership é o sistema Luigi Logic. Luigi passa a ter “ideias” que o fazem partir sozinho para resolver puzzles ambientais ou recolher itens, transformando-se em formas especiais (por exemplo, em UFO giratório ou em bola rolante, à moda Metroid), permitindo ultrapassar obstáculos no mapa. Durante os combates, Luigi Logic também desencadeia golpes contextuais próprios para cada boss, uma luvada de ar fresco nas lutas mais longas. Outra inovação são os Plugs de Batalha, semelhantes às badges da franquia Paper Mário. Trata-se de itens equipáveis que conferem efeitos especiais aos ataques (por exemplo, criar uma onda de choque “Kaboom” ou um enxame de bolas com espinhos) ou facilitam contra-ataques automáticos (muito mútil dada a dificuldade de antecipar os ataques do inimigos). Cada plug tem cargas limitadas e entra em cooldown após uso, obrigando o jogador a trocar constantemente a combinação de plugs. Isso adiciona uma camada de estratégia e incentivo à experimentação de diferentes conjuntos durante a campanha. Além disto, em cada ilha de Concordia há sequências de puzzles e ambientes temáticos. Os irmãos utilizam as suas habilidades (e as novas formas de Luigi Logic) para, por exemplo, dançar para recuperar a energia de uma árvore musical ou movimentar-se em tubarões metálicos em puzzles de canos . O jogo mantém a tradição de exigir cooperação entre Mario e Luigi tanto no combate quanto na progressão dos vários níveis, mas a lentidão com que estas novidades aparecem é simplesmente demasiado lenta.

Os Bros. Attacks estão de volta, com mais estilo que nunca!

Em geral, Brothership traz de volta o combate de tempos da série com a precisão e o desafio de sempre, enriquecido pelas mecânicas novas. Contudo, o ritmo de jogo sofre com combates prolongados e excesso de conteúdo desnecessário que artificialmente “enche um chouriço” que não precisava de existir. As mecânicas cooperativas clássicas (atacar em dupla, coordenação Mario/Luigi) permanecem sólidas, enquanto as adições como Luigi Logic e Battle Plugs refrescam a jogabilidade sem descaracterizá-la.

A apresentação gráfica de Brothership é vibrante e colorida. Pela primeira vez na franquia, os cenários e personagens são totalmente modelados em 3D. Esta evolução permitiu animações expressivas: Mario e Luigi têm reações faciais detalhadas e gestos cheios de personalidade, conferindo dinamismo às cutscenes. Faz recordar o filme de Super Mario que recentemente estreou no cinema, sendo verdadeiramente adorável a relação entre os dois irmãos.

Os ambientes das ilhas apresentam uma grande variedade de temas visuais. Cada ilha de Concordia tem design próprio já perfeiramente expectável de um jogo Super Mario (ilhas geladas, florestas tropicais, desertos, etc.). Apesar de não buscar realismo, o estilo animado combina bem com o humor da série. Em suma, Brothership destaca-se pela animação fluida e mundo rico em cores, superando em muito a limitada fidelidade visual de entradas anteriores.

Uma das inovações é a Luigi Logic, momentos em que o irmão mais novo brilha com a sua inteligência!

A trilha sonora de Mario & Luigi: Brothership é encomendada a Hideki Sakamoto, em vez da veterana Yoko Shimomura. Sakamoto entrega temas de fundo alegres e memoráveis para cada ilha. Essas músicas ambientais ajudam a manter um clima festivo constante no jogo. Todavia, reconhecemos que o tema de combate se tornará cansativo, sem qualquer variedade, à exceção dos bosses, durante toda a aventura. Assim, as lutas podem soar repetitivas musicalmente, o que é uma oportunidade perdida para diversificar.

Os efeitos sonoros seguem o padrão das aventuras de Mario: saltos, marteladas, explosões e várias vocalizações e exclamações clássicas (“pou!”) reforçam a identidade sonora familiar da franquia. Como em todos os outros jogos Mario & Luigi, não há diálogos falados; toda a narrativa é feita por texto e vocalizações animados dos personagens, muito engraçadas – embora ligeiramente cansativas com o tempo. Em suma, a sonoplastia de Brothership cumpre bem seu papel de evocar o universo Mario, com faixas de fundo agradáveis, mas talvez falte variedade sonora nas batalhas.

Opinião Final:

Mario & Luigi: Brothership é uma edição bem-vinda que ressuscita a franquia após anos de hiato, mas fica aquém das melhores entradas. Nos pontos fortes estão os gráficos mais animados que nunca e o combate clássico melhorado. As mecânicas e a nova Lógica do Luigi tornam as lutas envolventes para fãs da série. Por outro lado, o jogo peca pela repetitividade e excesso de conteúdo: batalhas longas, muitas missões secundárias e diálogos excessivos que fazem o ritmo parecer dilatado e francamente aborrecido. A história não puxa tanto por nós tanto quanto as narrativas mais criativas de títulos como Superstar Saga ou Inside Story consideramos que Acquire conseguia fazer muito melhor com o espólio rico que herdou da AlphaDream.

Do que gostamos:

  • Gráficos coloridos e brilhantes, fazem parecer que estamos num filme de animação;
  • Sistema de combate refinado, melhora em muito o sistema de combate classico da série.

Do que não gostamos:

  • Narrativa não é assim tão interessante;
  • Música do combates não é variada o suficiente para nos aguentar durante mais de 50% do que vamos fazer no jogo;
  • Jogo torna-se desnecessariamente alongado, tornando-se monotono e aborrecido.

Nota: 7/10

Análise efetuada com um código Nintendo Switch cedido gentilmente pela distribuidora.