Mario Tennis Aces – Análise

A série Mario Tennis faz parte daquele conjunto de spin offs (a que também pertencem franquias como Mario Kart, Paper Mario, Mario & Luigi ou Mario Party) com o ex-canalizador mais famoso dos videojogos e os seus companheiros de sempre, que constam no catálogo de qualquer consola da Nintendo dos últimos largos anos. Nesta, encontramos uma franquia que mistura o que o ténis tem de melhor, com vários elementos fantásticos característicos do Reino Cogumelo.

Os elementos clássicos da série, como os cinco tipos de pancadas –  topspin, slice, flat, lob e drop shot – estão presentes, e continuam a ser a adaptação (algo) exagerada de movimentos existentes no desporto real, para o mundo de fantasia da Nintendo. No entanto, desta vez não vêm sozinhos e algumas alterações bem interessantes foram introduzidas. Estas não se tratam de um mero aperfeiçoar do que já existe, ou numa simples melhoria em termos de visuais (que no entanto existe, estando estes muito mais nitídos e destacando-se melhorias claras nos contrastes e no jogo de luzes). Trata-se de um conjunto de novas mecânicas que altera de forma profunda os mecanismos da série, a que já nos vínhamos habituando depois de alguns lançamentos sem grandes novidades.

As questões prementes aqui são: “que alterações são essas?”; e “será que funcionam bem na série?”. Como primeira resposta à segunda pergunta digo desde já que funcionam muito bem, e que Mario Tennis fica enriquecido com as alterações introduzidas. Que são: os Zone Shots; a Zone Speed; os Trick Shots e os Special Shots. Irei expor brevemente em que consiste cada um, mas antes disso faço reparar que todos se ligam a uma novidade: a introdução de uma barra de energia. Dependendo de certas ações, como devolver bem certas bolas ou realizar realmente bem um serviço, esta vai progressivamente preenchendo-se, o que permite a execução de uma série de habilidades especiais.

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Comecemos pelos Trick Shots (os meus favoritos). Estes consistem em, movendo o analógico direito numa certa direção, a personagem que controlam movimentar-se rapidamente e em grande estilo (por exemplo Mario dá um grande salto acrobático, Yoshi atravessa o campo a alta velocidade dentro de um ovo, Peach, como boa ginasta artística que é, faz a roda, etc.) nessa mesma direção. Este movimento é ótimo para momentos em que estão em dificuldades porque o vosso adversário coloca a bola bem distante de vós, mas não só. Se o Trick Shot for feito com precisão e suficientemente antes da bola passar por vós, ganharão energia para a já referida barra. Já se fizerem o Trick Shot tardiamente, perderão alguma desta energia (isto se a tiverem, não é necessário gastar energia para realizar um destes “disparos”). Este é, por isso, um movimento arriscado, mas que compensa pelo estilo e pela vantagem que vos dá quando bem executado, pois para além de vos poder abençoar com uma recuperação inesperada e aumentar a vossa energia, coloca (não raras vezes) de forma perigosa a bola no campo do adversário. Esta é a única das novas habilidades que não consome energia.

Em dados momentos da partida irá surgir uma estrela num determinado ponto do vosso campo. Tal irá ocorrer caso o vosso oponente atire a bola para o vosso campo pelo menos não com muita força. Caso tenham mais de um terço da barra de energia preenchida, e se dirigirem até essa estrela (que já aparece na sua versão simples antes de terem um terço da energia, permitindo que realizem um disparo mais potente)podem realizar, pressionando o botão R, um Zone Shot – um dísparo forte cuja direção determinam movendo os Joy-Con, o Pro Controller ou a própria Switch (dependendo do modo como estiverem a jogar), numa visão em primeira pessoa. Quanto mais energia tiverem, mais tempo terão para decidir que sentido dar ao movimento da bola, sendo que esta se vai esgotando progressivamente, até ao momento do disparo, que consome uma razoável porção da mesma.

Se vos for arremessado um Zone Shot, muitas vezes o melhor a fazer será ativar a Zone Speed, que abranda a passagem do tempo e torna mais fácil Bloquear (mais sobre esta funcionalidade mais à frente) o disparo do adversário. Para a ativarem, têm de esperar que a bola se encaminhe para o vosso campo, e aí manterem premido o botão R, o que irá fazer com que a vossa barra de energia se vá progressivamente (e rapidamente, diga-se) esvaziando.

Por fim, se conseguirem encher completamente a barra de energia poderão realizar um Special Shot, pressionando a qualquer momento em que a bola estiver no vosso campo o botão L. Se já jogaram Mario Strikers, com certeza não estranharão esta funcionalidade – trata-se de um dísparo super poderoso, antecipado por grandiosos efeitos únicos para cada personagem, praticamente indefensável e que pode causar graves problemas ao adversário. Este disparo consome uns cerca de dois terços da vossa energia, mas vale bem a pena, pelo que terão de saber gerir bem este trunfo, que pode mudar o jogo por completo.

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Embora os Special Shots possam mudar o rumo da partida de um momento para o outro, nada pode causar uma reviravolta tão inesperada e automática como destruir a raquete do adversário. Sim, leram bem. Em Mario Tennis Aces é possível destruir a raquete do adversário (e vice-versa)! Na parte superior do ecrã encontrarão tanto uma imagem da personagem que vós e o vosso adversário estará a usar, como um indicador de quantas raquetes têm ainda (no caso de uma ser destruída, podem ainda usar as outras), e de quanto falta para estas se partirem. Quando todas as raquetes são destruídas, perdem por KO.

As raquetes podem ser destruídas se forem alvejadas por um Zone Shot ou por um Special Shot. No primeiro caso, são preciso três disparos contra a raquete para que esta se destrua; já no segundo, a destruição é imediata. Assim, com qualquer um destes ataques especiais poderão optar por uma de duas estratégias: ou colocar a bola longe do adversário e ganhar simplesmente o ponto; ou tentar acertar na raquete do mesmo, destruindo-a.

Pelo retrato dado até ao momento destes poderes, poderão ficar a pensar que estes são overpowered e trazem um grande desequilíbrio para Mario Tennis, favorecendo aqueles que apostam num estilo mais ofensivo. É aqui que entra a funcionalidade de Bloquear. Se conseguirem devolver um Zone Shot ou um Special Shot no exato momento em que este chega até vós, não só não perderão a vossa raquete, como ainda conseguirão colocar a bola no campo do vosso adversário (que, por causa dos grandiosos movimentos durante estes disparos, se encontram mais vulneráveis e desprevenidos). Bloquear um Zone Shot com um Trick Shot seguido de um pressionar do botão A mesmo a tempo é tanto incrível, como uma ótima defesa e contra-ataque.

Vejam em detalhe as novidades introduzidas em Mario Tennis Aces neste trailer de lançamento
(cortesia  da Nintendo Portugal)

Na nossa análise a Mario Tennis Ultra Smash, o principal ponto de crítica foi a ausência de conteúdo, pois apesar das partidas online permitirem uma extensão do número de horas de jogo, de uma maneira mesmo indefenida, a verdade é que faltava algo mais para justificar a compra do título da Wii U. Outra das críticas foi o facto de não se ter aproveitado os controlos por movimento que a Wii U permitia. Felizmente (pelo menos em um dos casos), a Camelot parece ter ouvido muitas das nossas críticas, e ambos os problemas desapareceram.

Em Mario Tennis Aces temos quatro modos disponíveis: Adventure Mode; Swing Mode; Tournament Mode (online e local) e Free Play (online e local). O primeiro destes é o modo campanha do jogo e leva-nos numa aventura com Mario para acabar com os planos de uma raquete poderosa e que controla as mentes dos gananciosos Wario e Waluigi, e do desprevenido Luigi. Este apresenta desafios crescentes, em vários cenários diferentes e deparando-nos com obstáculo também únicos e inventivos. Por exemplo, um dos courts de ténis em que jogamos trata-se de um navio… com um mastro bem no meio do court, onde a bola pode bater e ganhar uma trajetória totalmente nova, enganando os jogadores. A aventura é linear e embora não seja extraordinariamente profundo, este modo acaba por cumprir bastante bem o seu propósito: introduzir os jogadores a este novo título, com as suas peculiaridades, ensinando-lhes as mecânicas essências e forçando-os a saber fazer bom uso delas para vencer.

Ao longo deste modo, Mario vai evoluindo e com ele as suas estatísticas – poder, agilidade e velocidade. Mas como ténis não se joga apenas com o corpo, mas é necessária ainda uma raquete, ao longo deste modo iremos ainda ganhando algumas raquetes temáticas, que para além de serem mais resistentes, melhoram certos tipos de disparos.

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Muitos têm afirmado que este modo é exageradamente difícil, tornando-se frustrante. É verdade que o modo Adventure é frustrante em alguns momentos, no entanto toda a experiência Mario Tennis, como Mario Kart, por exemplo, o pode ser.  Tal está como que inscrito na possibilidade da convergência entre as nossas emoções e certos elementos destes títulos, como uma blue shell quando estamos prestes a cortar a meta em primeiro numa partida online, ou, no caso de Mario Tennis, um drop shot à traição. Para além do mais, caso o modo Adventure fosse mais fácil, não cumpriria o seu propósito, pois nas partidas online, aí sim, existe frustração a sério e jogadores que parecem fazer magia com a raquete.

O modo Tournament foi o que puderam experienciar na versão experimental temporária disponibilizada pela Nintendo no início do mês. Basicamente, estamos aqui perante um torneio com várias rondas de partidas a eliminar. Localmente, podem disputar com os vossos amigos e familiares, ou jogar a solo em uma das três taças disponíveis. Estas são praticamente idênticas e todas bastante acessíveis, em comparação com o modo Adventure e a dificuldade de disputar partidas online. Este modo é, portanto, infelizmente um tanto limitado e cria uma sensação de insatisfação perante a diferença (diria mesmo abissal) na dificuldade entre os modos de jogo de Aces.

O modo Swing, contudo, é a maior desilusão. Embora tenhamos pedido por um modo que fizesse uso dos controlos por movimento da Wii U em Ultra Smash, não era algo como o que nos foi entregue que com certeza tínhamos em mente, mas algo mais próximo do saudoso Wii Sports. Em particular, o problema deste modo é o facto de os movimentos dos Joy-Con serem demasiado sensíveis, não se podendo fazer praticamente qualquer movimento com os mesmos sem que estes sejam entendidos como uma tentativa de bater a bola – o que muitas vezes não é o caso, pois apenas queremos mudar o lado com que vamos bater na mesma, e acabamos por perder o ponto por isso. O modo é muito simples, e elimina, para poder ser funcional, tudo o que separa a série Mario Tennis de um simples rebater de bolas de ténis, embora seja “possível” (com muitas aspas) realizar vários efeitos movendo os Joy-Con de determinadas formas. Dadas estas limitações, este é um modo que se torna enjoativo passados pouco mais de 5 minutos, e que não está de todo ao nível do resto que Aces oferece.

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Ao lado deste modo Swing, o grande defeito de Aces  é o equilíbrio entre as personagens disponíveis. Certas personagens são claramente melhores contra umas do que contra outras, o que cria desequilíbrios injustos nas partidas online. Antes da partida começar, num período de dez segundos é possível optar não jogar e procurar outro oponente. E a comunidade aproveita-se destas vantagens de personagens sobre outras para ir recusando jogar partidas até encontrarem uma personagem favorável em relação à sua personagem. Tal é algo que dificilmente a Camelot poderá ser completamente resolvido no futuro – afinal de contas, as personagens já foram desenhadas, com os seus movimentos específicos.

Finalmente, existe o modo Free Play, cujo nome diz praticamente tudo. Trata-se do comum modo de partida rápida em que podemos escolher as nossas próprias regras (se jogamos por sets ou por tiebrakers; se a bola salta muito ou pouco, quão veloz é; entre outras opções). Este tanto pode ser jogado a solo, como em multijogador tanto local como online.

Em termos de apresentação, como já mencionado, Mario Tennis Aces apresenta melhorias em relação a Ultra Smash. Tendo Ultra Smash sido decente neste campo quando lançado para a Wii U, Aces faz justiça ao nome de Mario, com a sua palete de cores vibrantes e que trazem vida às carismáticas personagens do Reino Cogumelo (e não só), que se encontram bem desenhadas e animadas, tais como os cenários, cinemáticas e efeitos.

 

Opinião Final:

Mario Tennis Aces é o mais recente título na franquia de jogos de ténis com o bigodudo mais famoso dos videojogos. E talvez também o melhor da série. Com uma série de inovações que trazem nova vida à série, e uma maior profundidade às partidas, Aces tem tudo para ser um jogo com uma boa comunidade online dedicada. Infelizmente, o equilíbrio entre as personagens ficou algo a desejar, o que acaba por limitar a experiência e diminuir o que de bom o jogo tem.

Com um bom modo campanha, e uma experiência online satisfatória, mas que promete melhorar no futuro, estamos perante um jogo que vale a vossa atenção, apesar dos seus erros, como o modo Swing. Numa altura mais pobre em lançamentos, como costuma ser o Verão, Aces é uma boa aposta e uma boa adição ao catálogo da vossa Switch.

Do que gostamos:

  • Modo aventura leva-nos a aprimorar as nossas habilidades;
  • Novas mecânicas tornam Mario Tennis mais estratégico e viciante;
  • Boa variedade de modos de jogo, local e online;
  • Promessa de novas personagens mensalmente;
  • Apresentação competente.

Do que não gostamos:

  • Equilíbrio entre as personagens jogáveis;
  • Modo Swing mal conseguido.

Nota: 8.5/10

Mario Tennis Aces já se encontra disponível tanto na Nintendo eShop, como nas lojas habituais, em exclusivo para a Nintendo Switch.

Agradecemos à Nintendo Portugal que por nos ter cedido uma cópia do jogo, tornou possível a redação desta análise.