Marvel’s Avengers – Análise (PS5)

Passados uns meses do lançamento atribulado, chega-nos Marvel’s Avengers na PlayStation 5, com a promessa de muitos reparos, melhor desempenho e mais conteúdo. Será que cumpre?

Para quem está atento à indústria, sabemos dos problemas que afetaram o lançamento original de Marvel’s Avengers e que ficou muito aquém das expectativas de vendas. Também não é segredo que, ainda assim, o jogo tem uma comunidade de fãs acérrimos, e que a receção à campanha e jogabilidade foi geralmente positiva, sendo as críticas mais focadas nos problemas técnicos e no multijogador, uma espécie de looter à semelhança de Destiny.

A Crystal Dynamics optou por deixar o lançamento na PlayStation 5 para Abril (saiu na geração anterior em Agosto de 2020)¸ aproveitando para ter uma espécie de relançamento, com todos os reparos e melhorias dos últimos meses, e mais conteúdo, nomeadamente a nova expansão com Hawkeye “Future Imperfect”. A decisão parece-nos sem dúvida acertada, e esta é uma versão do jogo vastamente superior que certamente trará uma nova vaga de jogadores, que não vão ter na sua experiência os mesmos problemas.

Para quem estiver a migrar da versão PlayStation 4, é possível migrar o vosso progresso e troféus para a versão PlayStation 5. À semelhança de outros títulos, e algo de que não somos fãs mas que deverá ser problema das ferramentas da Sony, é preciso ir à versão PlayStation 4, garantir que temos a última versão, e aceder à funcionalidade in-game de migração. Depois, na PlayStation 5, é possível importar o mesmo.

Se estiverem a começar do zero, a primeira hora pode ser algo confusa, principalmente se não optarem pela campanha original do jogo. Não nos parece que Marvel’s Avengers seja muito claro na receção a novos jogadores, algo que podia ter melhorado nesta versão. Vão ser bombardeados de menus com texto pequeno, e dependendo das opções que escolherem podem andar para trás e para a frente no desenrolar lógico da história. Com isto dito, desde que optem por fazer a campanha original, as coisas ganham forma rapidamente.

Deitados na ação, Avengers é rápido a convencer-nos das suas valências, mas também mostra as fragilidades. Já tinha falado dos textos pequenos, mas algo que é realmente um problema é a resolução dos mesmos quando jogamos em modo performance. Este modo usa resolução dinâmica, e apesar da apresentação ser muito boa e não notarmos falta dos pixéis na ação, o texto fica igualmente afectado, algo que não acontece em todos os jogos. As técnicas de upscaling, popularizadas com as consolas “mid-gen” e com a tecnologia de placas gráficas no PC, permitem muitas vezes manter a interface a uma resolução diferente do rendering do jogo, mas isso não acontece em Avengers, e é extremamente notório, visto que há quase sempre texto no ecrã e vemos claramente os drops da resolução.

Se passarmos para o modo de fidelidade, com os seus 4k nativos, isto deixa de ser um problema, e os menus são muito melhores. Graficamente, temos uma imagem algo mais nítida, mas o que realmente salta à vista são os efeitos de partículas, por exemplo quando embatemos no chão com Hulk. Ainda assim, a responsividade que se ganha no modo de 60 fps compensa mais, na minha opinião, e as quebras de frames são muito raras.

Graficamente o jogo é bastante impressionante, e ganha outra vida na PlayStation 5. A variedade de ambientes e a qualidade de modelos e cinematografia é de um verdadeiro AAA, e deixou-me positivamente surpreendido com o trabalho visual. Ainda que ocasionalmente apareçam algumas texturas de baixa resolução na exploração, os glitches visuais estão praticamente erradicados e é um jogo incrível de ser ver, mesmo para quem só está a assistir ao lado.

Quanto à jogabilidade, continua recomendável e é ainda mais interessante com o DualSense. A Crystal Dynamics deu grande atenção ao comando da Sony, com cada personagem a oferecer “sensações” completamente diferentes. A maioria do feedback é extremamente satisfatório, desde esmagar com o Hulk até “sentir” os raios de Thor, mas há algumas escolhas que podiam ser mais suaves, achei por exemplo que o uso do arco de Hawkeye não fornece o melhor feedback, com vibrações demasiado violentas a cada “foco”.

Fora o DualSense, para quem não jogou ainda Avengers, devo dizer que os trailers não fazem jus. Implementar controlos de super-heróis é notoriamente difícil, e há aqui um trabalho de tirar o chapéu, principalmente com a variedade de heróis oferecida. Voar com Iron Man, saltar com a Ms. Marvel, lutar como a Black Widow, todos têm os seus twists e são intuitivos de aprender.

A campanha principal é a mesma, e para mim a melhor parte do jogo. A história é interessante e nova, consegue cativar até ao fim e oferecer muita variedade e horas de jogo. Com a adição das campanhas “Taking AIM” e “Future Imperfect”, e a promessa da campanha com Black Panther ainda este Verão, há muito conteúdo para explorar, e de excelente qualidade.

Para quem estiver mais interessado na vertente multijogador, Avengers brilha quando temos amigos para jogar, mas é geralmente frustrante com desconhecidos, na minha experiência. A ainda falta de jogabilidade com outras plataformas é um calcanhar de Aquiles, que dificulta ainda mais a tarefa de arranjar com quem jogar. O motivo pelo qual digo que com desconhecidos não é atraente prende-se com o facto de, após completar as campanhas (onde também podemos optar por co-op), o looting é bastante repetitivo e não tem grandes objetivos, com a maior parte do loot a continuar apenas estatísticas do nosso personagem, não oferecendo modificação estética da personagem.

Quanto aos infames bugs, esta versão é muito mais limpa. Os loadings, como seria de esperar, são muito mais rápidos, e as quebras de física ou lógica não são uma constante. Ainda assim, tive alguns encontros pouco felizes, como por exemplo inimigos “fantasma” que ficam a flutuar mesmo depois de derrotados, e tive uma situação em que a minha personagem ficou num estado “a morrer” infinitamente, só resolvido com carregamento do último check-point.


Opinião Final:

Marvel’s Avengers continua a ser um jogo à procura da sua identidade, mas que brilha mais forte nas suas campanhas e a solo. Se tinham curiosidade sobre o jogo, esta é sem dúvida a altura certa para o experimentar, com muitas melhorias e um desempenho fantástico na PS5. Ainda que continue com vários problemas, garantidamente encherá as medidas aos muitos fãs da Marvel.

Do que gostamos:

  • Desempenho e melhorias face ao original;
  • Campanhas envolventes;
  • Controlos e diversão garantida com os nossos heróis favoritos;
  • Uso vasto das funcionalidades do DualSense.

Do que não gostamos:

  • Alguns bugs ainda teimam em aparecer;
  • A apresentação narrativa continua confusa;
  • O modo online mantém-se pouco apelativo após algumas horas, com muita repetição e poucos objetivos interessantes;
  • O texto pequeno e afetado pela resolução dinâmica.

Nota: 7,5/10


Marvel’s Avengers está disponível para PlayStation 4, Xbox One, PC, Xbox Series, Stadia e PlayStation 5 por um PVP de 69,99€.

 

Esta análise foi feita na PS5, com código gentilmente cedido pela editora.