Marvel’s Spider-Man 2 (PC) – Análise

Lançado originalmente para a PlayStation 5 a 20 de outubro de 2023, Marvel’s Spider-Man 2 (de agora em diante, apenas Spider-Man 2) foi um forte concorrente a jogo do ano num ano que nos trouxe títulos tão adorados como Baldur’s Gate 3, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom ou Alan Wake 2. Estamos a falar de um dos pináculos do que a indústria nos ofereceu nesta década (como refere o meu colega André na sua análise que obteve nota 10/10) não só a nível de jogos de super-heróis, mas também em termos de jogos de ação e aventura em geral.

Seria, por isso, estar a chover no molhado repetir aqui em detalhe as inúmeras qualidades deste mais recente título da Insomniac Games. Como destacámos na nossa análise, esta é uma experiência que nos cativa logo desde início com a sua narrativa, gráficos e jogabilidade. Nova Iorque conta agora com dois Homens-AranhaPeter e Miles — e é impossível esconder o sorriso na nossa cara ao ver as interações entre ambos, enquanto Peter ocupa uma posição de mentor e vai ensinando a Miles (sem ser condescendente) como ser o melhor Homem-Aranha possível. Outros reencontros como o de Harry com Peter e Mary Jane deixam igualmente transparecer várias emoções positivas e tudo na trama nos faz ficar investidos nas vidas destas personagens tão adoradas, que seguimos através de bandas desenhadas, filmes, desenhos-animados e jogos desde crianças.

Uma das novidades deste jogo é a inclusão das Web Wings, que nos permitem planar a toda a velocidade pela cidade.

A jogabilidade é aperfeiçoada face aos dois jogos anteriores destes super-heróis produzidos pela Insomniac Games para as consolas PlayStation, e conta com uma variedade de desafios, opções de combate e colecionáveis. Miles conta mais uma vez com as suas habilidades Venom e vai desbloqueando ainda novos poderes ao longo da campanha, ao passo que Peter tem novas engenhocas inventadas pelo duo aranhiço em fase experimental e mais tarde os poderes do sombrio simbionte, que é também um elemento muito importante na narrativa. Mais não podemos dizer: joguem.

Mas… por enquanto talvez não seja ideal jogarem num PC. Testei Spider-Man 2 num portátil Lenovo IdeaPad Gaming 3 com uma placa gráfica Nvidia RTX 3050 (4GB de VRAM) e um processador Intel i7-12650H, assim como numa Steam Deck OLED. Fiz vários testes com definições diferentes. No meu portátil, o jogo selecionou como padrão o preset High, com algumas opções incluídas para ajudar na performance, como DLSS 3.1 e a tecnologia FSR Frame Generation, a tentar alcançar 60 fotogramas por segundo. Rapidamente notei que nestas definições, no entanto, o jogo não iria ser jogável, especialmente em cinemáticas, em que o áudio ficava desfasado da imagem e tudo se tornava bastante lento. Pensei que talvez estivesse a ter mais problemas por serem os momentos iniciais do jogo e possivelmente estar a ser gerada shader cache enquanto jogava. Infelizmente, continuei sem sentir grandes melhorias: o jogo não vinha com especificações adequadas por definição.

Pus então mãos à obra e comecei a mexer nas definições gráficas. Demorei um pouco a acertar com definições que me satisfizessem, mas assim que consegui, a minha experiência melhorou bastante. Optei pelo preset Medium, com algumas opções em High, como o detalhe do cabelo (que inicialmente tinha um aspeto muito estranho com DLSS, especialmente em opções mais baixas, mas que entretanto foi algo suavizado com um patch) e a qualidade das texturas.

Mesmo com estas alterações, o jogo continuou a demonstrar problemas. Felizmente, ao contrário de outros jogadores, não tive crashes. No entanto, reparei em diversos bugs e glitches visuais, como por exemplo personagens com pestanas e olhos esbranquiçados, ou cabelos com cores fora do normal à luz do sol. Igualmente, apesar de limitar os fotogramas por segundo a 45 (desculpem, não sou uma purista dos 60), reparei em flutuações no valor dos mesmos: o jogo em momentos parecia ‘acelerar’ e noutros ficar mais lento. Tal nota-se especialmente em momentos em que a PlayStation 5 faz a sua magia de carregar cenários de forma muito rápida graças ao seu CPU mais avançado. Nesta versão PC o jogo parou para mim em algumas destas situações. Claro está, talvez não tenham este problema num PC com melhores especificações que o meu, mas dada a experiência que tive com outras apostas da PlayStation para PC, incluindo Ratchet & Clank: Rift Apart, em que acontece o mesmo fenómeno, diria que o jogo poderia estar um pouco mais otimizado.

Venom continua a ser dos vilões mais aterradores e fascinantes deste universo.

Alguns dos bugs a nível da jogabilidade que encontrei na versão PlayStation 5 de Spider-Man 2 regressam nesta versão PC, e penso encontrar na verdade mais bugs nesta versão (embora tal possa ter sido pura coincidência). Por exemplo, já aconteceu ver o Homem-Aranha com que não estou a jogar parcialmente dentro de um edifício ou a pairar no ar. Na primeira missão em que confrontamos Kraven e os seus Hunters, um evento necessário para iniciar o combate não foi ativado e não podia fazer nada até que outro inimigo por fim me resolveu atacar. Bugs como estes retiram-nos um pouco deste mundo e é pena que permaneçam tanto tempo depois do lançamento original.

Na Steam Deck OLED, os gráficos pré-definidos eram adequados à plataforma da Valve. Claro está, temos aqui de nos habituar a uma qualidade de imagem bastante mais modesta, com vários compromissos. Ainda assim, o jogo tem dificuldades por vezes em alcançar os 30 fotogramas por segundo, mesmo com a tecnologia de Frame Generation ligada. É um jogo que está nos limites do que se pode considerar jogável na Steam Deck, e talvez para muitos seja mesmo injogável nesta plataforma. No entanto, é estranho que o jogo sofra tanto em momentos em que parece haver relativa pouca ação. Joguei Marvel’s Spider Man na sua totalidade na Steam Deck e embora haja um claro salto para este jogo, há momentos em que não parece haver justificação para algumas deficiências que esta versão traz consigo.

Miles não perdoa Li pela morte do seu pai.

Outro ponto que não poderia deixar de apontar é que não parece ter havido grande cuidado no que toca a que compromissos tomar nas definições mais modestas. Por exemplo, há algumas cinemáticas em que é suposto lermos o que se encontra em ecrãs, mas a não ser que o nível de detalhe esteja em high, as letras vão estar muito mal definidas, de tal modo que é muito difícil de ler o que o jogo espera de nós. Ao mesmo tempo, elementos do cenário são renderizados com muito maior detalhe. É algo que é difícil de acreditar que tenha passado pelo controlo de qualidade.

Em geral, sentimos que a Nixxes esteja talvez a lançar estas versões para PC a um ritmo demasiado elevado para o tamanho da sua equipa, criando a necessidade destas dificuldades serem corrigidas após o lançamento. Felizmente, estas parecem estar realmente a ser resolvidas: a Nixxes já lançou um hot fix para os crashes e um patch desde o lançamento a 30 de janeiro. Imagino que os patches continuem até que tenhamos uma versão muito mais capaz desta que é uma experiência incrível… na PlayStation 5. Voltaremos mais tarde a esta análise e reavaliaremos a nota caso a experiência de jogo seja melhorada.

Opinião Final:

Marvel’s Spider-Man 2 é uma das mais aprimoradas, emocionantes e divertidas experiências produzidas pelos PlayStation Studios nesta geração, e continua a sê-lo, com tudo a que tinha direito na versão PS5, incluindo suporte para troféus e feedback háptico. Infelizmente, apesar de todas as suas qualidades a sua transposição para o PC sofre alguns solavancos nestes dias a seguir ao seu lançamento, e esta versão não está ainda num estado que possamos recomendar sem reservas.

Do que gostamos:

  • O conteúdo que garantiu a nota máxima da nossa parte continua todo lá;
  • Suporte para feedback háptico e troféus.

Do que não gostamos:

  • Bugs que afetam os gráficos e jogabilidade;
  • Falta de otimização;
  • Algumas más decisões no que toca a compromissos para definições mais modestas;
  • Tempos de loading.

 

Nota: 7/10

Análise efetuada com um código PC cedido gentilmente pela PlayStation Portugal.