Mega Man 11 – Análise

Fãs de jogos de plataformas, rejubilem! Chegou o dia! Mega Man 11 é uma realidade! Passados 8 anos desde o lançamento de Mega Man 10, a 11ª iteração nas aventuras do blue bomber está disponível para os fãs! A Capcom parece querer contrariar as vozes que a acusavam de não tratar bem as suas IP’s, com o caso de Mega Man Legends 3 sendo o principal exemplo do abandono das suas propriedades – não esquecendo a saída polémica do pai da série, Keiji Inafune, da Capcom. Mega Man 11 consegue provar que com dedicação suficiente, qualquer coisa pode acontecer nesta indústria, e os novos caminhos trilhados, inspirados na filosofia clássica da série, encaixam perfeitamente nesta nova geração de videojogos.

Comecemos pela narrativa, Mega Man 11 oferece uma maior exposição naquilo que é o lore da saga, sem no entanto querer ser demasiado sério no seguimento dos outros jogos da série. Mega Man nunca teve uma narrativa tão adulta como as séries que se lhe seguiram, Mega Man X e Mega Man Zero sendo os principais exemplos, e neste título o mesmo mantém-se, sendo exposta com sucesso uma estória divertida acerca da rivalidade antiga entre o Dr. Light e o Dr. Wily. Acontece que durante os tempos da Universidade, ambos os doutores tinham projetos de investigação diferentes, Light tinha o seu projeto sobre a consciência independente dos robots (um pequeno easter egg para quem conhece a história de Mega Man X), e Wily trabalhara num projeto sobre o sistema de Double Gear – sistema que fora reconhecido por ser demasiado exigente para os circuitos internos dos robots, fazendo-os sobreaquecer. Após um debate caloroso, o comité científico decide abraçar o projeto de Light, fazendo com que Wily abandone esse mesmo comité, começando a sua descida por caminhos malévolos. No presente, Dr. Wily relembra-se do seu antigo projeto e decide raptar um conjunto de 8 robots para poder experimentar o seu sistema de Double Gear. Sem conseguir impedir esse mesmo rapto, Mega Man pede a Dr. Light que também lhe instale esse sistema de modo a conseguir lutar contra Dr. Wily – pedido que, após inicialmente recusar, o velho cientista finalmente aceita.

A divertida estória de Mega Man 11 leva-nos para a rivalidade entre Dr. Light e Dr. Wily.

É com base nesse sistema apresentado na narrativa que se foca a principal novidade de Mega Man 11, o sistema Double Gear – um sistema que permite a Mega Man ativar duas capacidades distintas: 1) a capacidade de se mover mais rápido do que a luz; e 2) a capacidade de aumentar o seu power output acima dos níveis normais. Saber gerir ambas as engrenagens (gears), cada uma modificando as capacidades de Mega Man, sem que as mesmas sobreaqueçam, é uma das mecânicas a que os jogadores vão ter de se habituar. Naturalmente, os níveis fazem imenso uso destas mecânicas (talvez um pouco mais da mecânica da velocidade), apresentando obstáculos, juntamente com inimigos que não param de aparecer, que obrigam os jogadores a ativar o modo de velocidade e só assim conseguindo lidar mais facilmente com toda a ação no ecrã. Aliás, o jogo apresenta uma dificuldade bastante “old school” pelo que, mesmo nos modos de dificuldade mais acessíveis, as quedas e os danos causados pelos inimigos serão mais que suficientes para apresentar um bom desafio! Em caso de emergência – isto é, estando a barra de vida nas lonas – Mega Man pode ativar as duas engrenagens ao mesmo tempo, ganhando ambos os poderes, o que lhe permite sair de situações perigosas e até derrotar aquele boss que está mesmo prestes a ser vencido!

A nível de jogabilidade, sistema de Double Gear posto de lado, Mega Man 11 apresenta uma serie de ideias novas nos vários níveis disponíveis. Desde níveis que têm de ser atravessados saltando em cima de bolas, até níveis de fogo e de gelo em que qualquer falha resulta numa morte instantânea, Mega Man 11 obriga-nos a utilizar as armas retiradas aos bosses, juntamente com o sistema Double Gear, não esquecendo o cão Rush, de um modo tão inventivo que nos obriga a ficarmos bastante competentes na gestão de todos estes sistemas. Aliás, é perfeitamente percetível como a nossa capacidade de reação e gestão das ferramentas disponíveis vai melhorando à medida que vamos jogando. Um dos melhores exemplos é o nível de blast man em que tudo fica escuro e é possível utilizar a arma elétrica para iluminar o caminho – caso que não é único. Os mini bosses e os bosses são rápidos, mas bastante justos – só os vencemos se merecemos mesmo vencer – e jogo baseia-se numa lógica em que a habilidade do jogador é o essencial – dando um sentimento de felicidade sempre que os conseguimos ultrapassar. Mais uma vez, os bosses (Robot Masters) têm os seus padrões de ataque e as suas vulnerabilidades a certas armas – em resposta aos quais há táticas específicas que os jogadores deverão descobrir.

Os níveis são extremamente criativos, colocando-nos verdadeiramente à prova.

É bastante interessante que Mega Man possa aumentar o poder dos ataques através da engrenagem de poder, conseguindo, por exemplo, eliminar vários inimigos no ecrã ao mesmo tempo. De facto, deste modo até compreendemos porque é que o jogo consegue por vezes ser tão exigente com o jogador – o sentimento de aumento das capacidades através da utilização das engrenagens e das armas é real e deve ser corretamente utilizado. Dos jogos anteriores volta a possibilidade de comprar itens, como E-Tanks e vidas, e também de comprar equipamento que nos dá algumas invulnerabilidades, como a possibilidade de andar em cima dos picos sem morrer! Existem alguns modos extra para aqueles que não ficaram satisfeitos com os níveis do jogo principal – como desafios em que não se pode disparar ou níveis em que se tem de destruir balões de uma certa cor, evitando os de outra cor.

Graficamente, ficamos bastante surpreendidos pela escolha da Capcom. Quem for fã da série saberá que a mesma manteve o seu estilo 8 bit durante os 6 primeiros títulos, adotando um estilo 16 bit para Mega Man 7 – uma mudança que adoramos – evoluindo esse mesmo estilo para um de 32 bit com melhores animações em Mega Man 8 e Mega Man and Bass e estranhamente, regredindo ao estilo clássico 8-bit para os dois últimos jogos. Desta vez, Mega Man 11 adotou um estilo moderno, com modelos tridimensionais de uma animação soberba, juntamente com artwork extremamente colorida e detalhada – algo que poderia sair diretamente de um episódio de Astro Boy. O estilo gráfico de Mega Man, Light, Wily, Roll, Auto e Rush, juntamente com o dos Bosses e os seus níveis servem que nem uma luva naquilo que imaginaríamos ser o futuro de Mega Man, pelo que estamos bastante contentes com a escolha gráfica da Capcom. A nível da sonoplastia, um elemento que é essencial à serie Mega Man, digamos que esta cumpre o seu propósito, sendo a nosso ver a música mais memorável a do ecrã inicial, o que não significa que as outras simplesmente sejam más, apenas que não são tão boas como as restantes músicas da série. Finalmente, o jogo contém vozes em Inglês e Japonês, pelo que escolhemos manter-nos do lado do voicework original nipónico – Gear Change!!!!!

A apresentação gráfica de Mega Man 11 é um verdadeiro mimo.

Opinião Final:

Mega Man 11 é uma das razões pelas quais gostamos de videojogos, é a fórmula perfeita do jogo de plataformas. É dotado de uma jogabilidade perfeita dentro do género, o que faz com que este seja obrigatório. A nova apresentação gráfica é quase perfeita e o facto de que as músicas não são tão memoráveis pouco detrai da experiência de jogar este novo pedaço de história videojogável. Se gostam de videojogos, independentemente do género, este precisa de estar na vossa coleção. Agora só precisamos que o mesmo tratamento seja dado a Mega Man X, pode ser Capcom?

Do que gostamos:

  • Jogabilidade perfeita, utilização ideal do sistema Double Gear e das armas dos bosses;
  • Níveis bastante desafiantes, que nos fazem ficar cada vez melhores;
  • Apresentação soberba, evolui aquilo que esperamos a nível gráfico na série Mega Man.

Do que não gostamos: 

  • Música poderia ser ligeiramente melhor.

Nota: 9,5/10

(Mega Man 11 na Nintendo Switch interage com um amiibo Mega Man especial, é possível ler a figura para ficar com a vida e a munição das armas restabelecidas, havendo a possibilidade ganhar 1 vida, mas esta funcionalidade só pode ser utilizada uma vez por dia.)


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