Das franquias pertencentes à Capcom, nenhuma marcou tanto o género do sidescrollers como a série Mega Man/Rockman. A história de um robot criado para ser um ajudante de laboratório, transformado numa máquina de guerra naquilo que era um último esforço para travar o exército robótico do cientista louco, Dr. Wily. Poder encarnar aquele jovem robot, decorando os layouts dos níveis, derrotando bosses e descobrindo a ordem em que as suas armas poderiam ser utilizadas para conseguirmos chegar ao final, enquanto acompanhados pela melhor banda sonora de 8-bits, era das melhores experiências videojogáveis dos anos 80 e 90. Mega Man como personagem estará sempre ao lado dos grandes: junto de Mario, de Link, de Samus e de Sonic, esse facto é inegável. Com a chegada da Super Nintendo, a Capcom decidiu criar uma nova série, passada no mesmo universo, 100 anos depois, chamada Mega Man X.
Nesta nova série, encontramos X (um novo Mega Man), criado por Dr. Light, o mesmo cientista que criou o Mega Man original. X é um novo modelo de robot capaz de sentir emoções humanas e de fazer as suas próprias decisões – um reploide, mas, porque a natureza destas novas máquinas, dada a sua tecnologia, é tão instável, foi necessário colocar X num estado suspenso. O Dr. Cain, um cientista do futuro, encontra a cápsula onde X se encontra guardado, e, tomando conhecimento da maravilha tecnológica que tem à sua frente, copia de uma forma irresponsável o design interno de X. Embora os avanços científicos e tecnológicos derivados do design de X sejam notórios na sociedade cerca 21XX, rapidamente muitos dos robots sofrem de falhas que os deixa suscetíveis ao vírus Maverick – um vírus criado pelo Dr. Wily. Para além de X, esta nova série conta com a presença de Zero, um reploide criado por Dr. Wily, que passa para o lado dos heróis após se debater contra Sigma, o líder dos maverick hunters, que se torna misteriosamente, antes do levantar do pano, no vilão principal da série (descobre-se mais tarde que este acontecimento foi fruto do seu combate com Zero).
A estória mais “adulta”, acompanhada de melhorias no gameplay como o wallslide, o walljump, o dash e o airdash, as melhorias no equipamento da nossa personagem, os gráficos 16-bits e a música inesquecível fizeram desta nova série um dos reis dos sidecrollers da quarta geração de consolas e, tal como a coleção recentemente lançada em duas partes Mega Man Legacy Collection 1 & 2, agora foi a vez de Mega Man X receber a sua própria coleção em duas partes, Mega Man X Legacy Collection 1 & 2.
Mega Man Legacy X Collection 1 & 2 trazem consigo os oito jogos da série principal, desde a SNES até à PS2, nas suas versões ocidentais e japonesas, estando disponíveis os seguintes títulos:
Mega Man X (SNES);
Mega Man X2 (SNES);
Mega Man X3 (SNES);
Mega Man X4 (PS);
Mega Man X5 (PS);
Mega Man X6 (PS);
Mega Man X7 (PS2);
Mega Man X8 (PS2).
Se por um lado é de louvar a excelente inclusão de todos os títulos da série, mesmo do X7, que tentou largar a fórmula tradicional, não compreendemos a falta de inclusão de Mega Man X Command Mission, um RPG feito para a PS2/GC que por razões que nos são desconhecidas, não está presente. Não obstante esta falha, os fantásticos primeiros 4 títulos da série, Mega Man X, X2, X3 e X4 estão presentes, o que colmata qualquer falha eventual num título menos conhecido da série.
A fórmula de Mega Man repete-se nesta série, ou seja, X tem de vencer um número pré-determinado de bosses, utilizar os seus poderes para conseguir mais facilmente derrotar os bosses subsequentes e avançar na estória. Quando Zero está disponível, como em Mega Man X4, este não absorve os poderes dos bosses, mas ganha acesso a novas técnicas com o sabre de luz, que pode utilizar.
Para os fãs da serie, ambas as coleções vêm acompanhadas de um catálogo massivo de arte conceptual, imagens de merchandising, anúncios criados para os vários jogos, as fantásticas bandas sonoras dos mesmos, juntamente com uma curta metragem animada – The Day of ∑– exclusiva do jogo exclusivo da PSP, Maverick Hunter X. Infelizmente este “museu” é igual para ambas as coleções, pelo que na Legacy Collection 1 ou 2, ter-se-á acesso aos mesmos extras.
Exclusivo destas novas coleções são o X Challenge Mode, que permite ao jogador enfrentar um boss rush com uma nuance muito especial – a possibilidade de lutar contra dois bosses ao mesmo tempo, e o Rookie Hunter Mode, que permite aos jogadores que agora se iniciam na série, jogar um modo mais facilitado, dado que estes jogos conseguem ser brutais para os iniciantes.
A nível de apresentação ambos os jogos reproduzem com fidelidade gráfica aquilo que era o seu estilo original à data do lançamento. No entanto para aqueles que acharem que o estilo gráfico a 16 ou a 32 bits originais não são o ideal para sua televisão HD ou 4K, podem sempre escolher entre 2 filtros (Smooth ou Scanline) de modo a dar um tom mais atual, ou mesmo retro, ao estilo CRT, aos jogos. É sempre possível escolher o tamanho do ecrã, entre o original, o 4:3 de cima a baixo do ecrã com bordas selecionáveis, ou mesmo 16:9 não-anamórfico (mantenham-se afastados deste último modo, é horrível).
Do mesmo modo, é possível alterar entre as versões ocidentais e japonesas de alguns jogos, mas ficamos desapontados quando chegamos à conclusão que, mudando para japonês, os FMV’s de alguns jogos como X4 e X5 não mudam para as versões em japonês – com as magnificas aberturas daquelas versões.
Opinião Final:
Mega Man X Legacy Collection 1 & 2 trazem a coleção definitiva das iterações 16 bit e 32 bits de Mega Man X para as consolas atuais e para o PC. Para os fãs da série e dos sidescrollers em geral, ambas as coleções são completamente obrigatórias. Ficamos felizes em saber que a Capcom, não embora ter-se separado de Kenji Inafune (o criador da série) e ter abandonado Mega Man Legends 3 (um exclusivo para a 3DS, entretanto cancelado), não se esqueceu do the blue bomber, fazendo os possíveis por preservar aquela que é uma das coleções mais queridas dos gamers. Não compreendemos a ausência de Mega Man X Command Mission das coleções, nem o facto de não se poder ver os FMV’s dos jogos em japonês, mas essas são duas falhas que em muito pouco detraem da experiência.
Do que gostamos:
- 8 jogos da série Mega Man X, 4 por coleção;
- Novos modos, como o X Challenge Mode e Rookie Hunter Mode;
- Uma coleção de extras vasta, incluindo as bandas sonoras dos jogos e uma curta animação anteriormente exclusiva de Maverick Hunter X.
Do que não gostamos:
- Ausência de Mega Man X Command Mission da coleção;
- Quase irrelevante versão japonesa de alguns jogos, sem os FMV’s originais.
Nota: 9/10
Nota do editor: Dependendo das plataformas, as coleções poderão ser vendidas separadamente ou em conjunto.