Não sendo particularmente fã de Minecraft, confesso que a premissa de Legends me atraiu – uma espécie de jogo de estratégia em tempo real, mas com uma componente de ação, com a temática de Minecraft. A ingenuidade em mim levou-me a pensar que teria aqui em mãos uma espécie de RTS, mas acabei por perceber que Legends é um pouco (bem) diferente. Na verdade a culpa é minha e das minhas expectativas, mas já lá vamos.
O mundo foi invadido por Piglins e cabe à nossa personagem dar cabo destes porquinhos malévolos, para impedir que espalhem a sua corrupção pelo mundo de Minecraft. Apesar de termos muita bicharada maléfica neste mundo, ninguém fica alheado desta situação e todos se juntam a vocês nesta demanda.
O jogo desenrola a sua história através de cutscenes, apresentando-nos aos deuses que nos vão ajudar ao longo da história – Knowledge, Foresight e Action. São personagens agradáveis, mas cujas falas e escrita e mesmo todo o tom do jogo é claramente feito para agradar aos fãs mais jovens de Minecraft.
Infelizmente, a jogabilidade aparenta ir pelo mesmo caminho, optando por uma simplicidade demasiado simples e que acaba por alienar jogadores que talvez estivessem à espera de algo diferente. O jogador primeiramente tem de escolher uma personagem, cujas diferenças são puramente cosméticas – servindo como herói e ponto de ligação do jogador ao jogo, sendo esta personagem que irá direcionar e orientar as nossas unidades nas batalhas que se avizinham.
A construção e utilização de recursos é uma mecânica base de Minecraft e também de muitos jogos de estratégia, e Legends não é diferente. Antes de atacarmos as bases do inimigo, temos de construir spawn points, onde as nossas unidades serão geradas. Isto requer recursos – tanto a construção do spawn point como a geração das unidades, recursos esses que são recolhidos ao colocar um baú específico para cada tipo de recurso junto a este (por exemplo, baú para madeira junto a árvores) e uma espécie de criaturas chamadas Allays recolhem estes recursos. Estas criaturas são controladas pelo Legendary Lute (ou Alaúde Lendário), instrumento tocado pelo nosso herói. Como já referi acima, o nosso herói também controla as unidades de batalha através de um banner of courage, que usam para apontar no mapa para onde querem que o exército vá e as ações a tomar.
Ao longo do jogo, vão desbloqueando mais e mais tipos de unidades, bastante ligadas ao tipo de recursos que vão recolhendo, como Golems, bem como outro tipo de estruturas e até obterem upgrades às vossas habilidades.
Assim que tiverem um número suficiente de unidades e se sentirem confiantes, é hora de ir à descoberta e dar cabo de alguns Piglins. A estratégia aqui presente é francamente superficial, bem como a jogabilidade, não sendo muito diferente daquilo já acima descrito. Podem ajudar aldeões, ajudando a fortificar as suas aldeias e colónias, destruindo as bases inimigas, mas o loop não passa disto. A dificuldade vai aumentando à medida que vão avançando no jogo, mas podem sempre usar vossa personagem de modo vantajoso, com o seu cavalo e espada – ainda que na maior parte do tempo vão estar ocupados simplesmente a dar ordens.
Graficamente, Minecraft Legends não é impressionante mas também não o precisa de ser. Mantém a estética do mundo Minecraft, como seria de esperar, com cenários coloridos e bem conseguidos. Isto estende-se às personagens, inimigos e aliados. Aqui, é um dos pontos onde a simplicidade joga a favor do jogo e quem conhece bem Minecraft certamente irá reconhecer muitos elementos do mundo aqui.
Aqui escrito, parece quase que estou a descrever um Age of Empires, mas na verdade Legends não chega nunca ao nível de complexidade deste tipo de RTS. É um jogo simplista, claramente direccionado para um tipo de público diferente, mais jovem, que certamente conseguirá desfrutar muito mais deste jogo do que um fã corriqueiro do género. Apesar de ter um modo single player, Legends é claramente feito para co-op, podendo ter até quatro jogadores em simultâneo, para se entre ajudarem a dar cabo dos Piglins. O jogo conta ainda com um modo PvP, onde não só lutam contra os Piglins, mas também contra os vossos amigos. Infelizmente, não nos foi possível testar nenhum destes modos online.
Minecraft Legends não é um mau jogo, é até uma boa utilização da licença, fazendo algo diferente do expectável, seguindo a linha de Dungeons. No entanto, seria bom ter visto mais profundidade na jogabilidade, de modo a tornar o jogo mais apelativo para vários públicos, ao invés de seguirem a rota mais segura e, honestamente, mais aborrecida.
Opinião Final:
Minecraft Legends demonstra uma vez mais que a licença Minecraft tem mais do que potencial para imensos jogos e géneros, mantendo-se sempre fiel ao seu mundo e estética. No entanto, não consegue ir tão longe como gostaríamos, optando por uma jogabilidade demasiado simples e que não o deixa destacar-se no meio de outros jogos do género.
Do que gostamos:
- Estética Minecraft aplicada a um género diferente;
- Um RTS! Gostamos sempre de RTS’s.
Do que não gostamos:
- Jogo interessante mas que não chega ao seu pleno potencial.
Nota: 7,5/10
Análise efetuada com um código Xbox Series S/X cedido gentilmente pela distribuidora.