
A Nintendo registou recentemente nos EUA, uma patente “explosiva” para a indústria dos videojogos: agora detém o direito legal sobre uma das mecânicas mais comuns do sector, a de invocar uma personagem (“sub character”) para combater outra. Esta patente, atribuída a 2 de Setembro de 2025, cobre não apenas Pokémon ou Palworld, mas potencialmente centenas de títulos, desde RPGs a MMOs e jogos de ação onde seja possível movimentar o protagonista, invocar aliados e colocá-los a combater inimigos, seja de forma autónoma ou comandada pelo jogador.
O alcance da patente é especialmente preocupante devido à amplitude da sua descrição: se um jogo permitir ao jogador movimentar-se num espaço virtual e invocar “sub characters” que combatem inimigos, quer imediatamente, quer mais tarde ao encontrá-los, pode ser considerado infrator. Jogos como Diablo, Elden Ring, World of Warcraft, Persona, e muitos outros, encaixam nestes critérios e estão, em teoria, sob ameaça legal em solo norte-americano.
A motivação por detrás da patente decorre em parte do atual litígio da Nintendo contra a Pocketpair, criadora de Palworld, acusada em tribunal japonês de infringir patentes e copiar mecânicas da série Pokémon. Contudo, o impacto vai muito além deste caso. O receio no setor é que a Nintendo use esta patente como instrumento de pressão ou até de bloqueio jurídico contra concorrentes, limitando a liberdade criativa e impondo custos de licenciamento que podem sufocar estúdios independentes ou inviabilizar projetos de menor dimensão.
Há um consenso crescente de que este tipo de patente representa um perigo real para o futuro dos videojogos: se todas as “big tech” começarem a patentear mecânicas, será impossível inovar sem incorrer em processos judiciais e custos exorbitantes. O preço dos próprios jogos poderá disparar devido a royalties e restrições, tornando-se comum pagar acima de 100 euros por licenciamento e desenvolvimento. Na prática, avança-se para um cenário onde a criatividade de designers e programadores será travada, não pela tecnologia, mas por estratégias legais, o que representa um potencial desastre para toda a indústria.
Fonte: Windows Central