As plataformas de streaming tornaram-se populares, o número de competidores cresceu e o mercado expandiu o seu alcance para além de filmes, séries e reality shows. A novidade é a transmissão em directo com interação do público por meio de um chat. E onde está a novidade? Ela está na Twitch, a maior plataforma de live streaming e com os mais populares strearmers do mundo.
Os serviços de transmissão on demand não são mais nenhuma novidade em Portugal, visto que o número de subscrições às plataformas como Netflix, HBO Max, Amazon Prime e Disney+, mais que duplicou nos últimos dois anos. Isso significa que escolher a série ou filme, decidir a que hora assistir, preparar a pipoca e dar o “play” se tornou um ritual de milhares de portugueses.
A novidade, no entanto, chega em formato de streaming. Porém, o conteúdo é transmitido em directo e quem está a assistir pode interagir com mensagens de texto no chat. Essa nova modalidade nasceu no universo gaming e está a conquistar adeptos em todos os sectores da criação de conteúdo online.
A ideia nasceu no longínquo ano de 2005 e tinha o nome de “Justin.tv”. O objetivo era oferecer aos utilizadores um canal para a transmissão de lives sobre a vida quotidiana, uma espécie de diário em formato de vídeo. O projeto não teve o sucesso esperado e, em 2011, foi criada a “Twitch.tv”, uma plataforma focada no mercado de videojogos e na transmissão de gameplays e campeonatos de desportos eletrónicos.
O sucesso veio rápido e três anos depois a Twitch já era um dos maiores competidores do mercado de streaming, sendo inclusive uma ameaça para o consolidado YouTube. Nesse mesmo ano, a empresa foi comprada pela Amazon por 735 milhões de euros. O valor é alto, mas compatível com a quantidade de visualizações na plataforma. Foram 24 mil milhões de horas visualizadas em 2020. Além disso, a Amazon ampliou o seu catálogo e lançou um novo serviço de streaming associado a Twitch.
O catálogo de conteúdos oferecido pela Twitch supera fronteiras e chega às mais variadas categorias de jogos eletrónicos. E se engana quem pensa que somente os mais recentes têm audiência. Jogos tidos como “clássicos” também contam com um público fiel. Um bom exemplo disso é o tradicional jogo de xadrez que conta com uma grande base de seguidores, sendo jogado de forma virtual em sites como Chess.com e transmitido na Twitch por profissionais como o Grande Mestre Magnus Carlsen. Outro exemplo é o clássico poker, que além dos torneios em directo, também é jogado online em plataformas como PokerStars e transmitido tanto por amadores quanto por profissionais, como André Coimbra e Lex Veldhuis.
Além do território gaming, a Twitch está a crescer com a adesão de criadores de conteúdo e influencers de outros segmentos do mundo digital. As horas de conteúdo relacionados com temas fora do mundo dos jogos eletrónicos têm crescido e cada vez mais a plataforma se torna um campo para a criação de podcasts, receitas e culinária, espetáculos musicais, aulas sobre temas como tecnologia e conversas entre os streamers e o seu público.
Para manter o crescimento, a plataforma conta com um grande trunfo: a forma de remunerar os seus “afiliados” e “parceiros”. Os streamers ganham dinheiro por meio de doações diretas do público, pelos subscritos nos seus canais e também com publicidade nas lives. O êxito é tanto que se tornar criador de conteúdo e parceiro da Twitch já é visto como uma profissão por muitos.
A estratégia de abrir as portas para novos criadores de conteúdo, e muitos deles fora do mundo gaming, mostra que a Twitch quer ser um canal para todos, mas sem perder a sua essencial criada no universo das gameplays. A plataforma cresce e mostra maturidade para ser um canal plural.
O avanço das novas tecnologias segue em plena expansão e mostra que as mudanças não são sentidas apenas nos “velhos hábitos”. A evolução da transmissão em directo é uma forma de transformar o consumo de conteúdos on demand em streaming. Além disso, o avanço apresenta novas formas de engajamento, comunicação e, até mesmo, trabalho.