Onrush – Análise

O género de automobilismo nos videojogos tem procurado, ao longo do tempo, aproximar-se daquilo que é a realidade de um condutor profissional, tentando tornar a nossa experiência o mais real possível. Onrush traz-nos uma lufada de ar fresco com o seu estilo de jogo completamente diferente que nos relembra bastante o icónico Motorstorm, que desde o longínquo ano de 2011 desapareceu da vista de todos nós, com o seu último título MotorStorm: Apocalypse. O prazer de jogar esta nova oferta da Codemasters vem precisamente do quebrar da monotonia que faz com que muitos dos jogos de carros se confundam facilmente entre si dada a sua busca pelos mesmo objetivo: o realismo.

A Codemasters pôs a condução realista a comer pó brilhando a diversão e o entretenimento puro. É bem clara a mensagem da produtora logo que iniciamos Onrush: aqui não há corridas na sua aceção tradicional, ficar em primeiro não é cortar a linha da meta antes de todos os outros, até porque esta não existe. Em Onrush existem dois objetivos centrais: queimar ao máximo o nosso nitro (que é praticamente infinito); e destruir o maior número de oponentes possível (bem ao estilo Burnout). É esta a verdadeira conquista neste título. Mas como é que tudo funciona? Perguntam vocês. Do seguinte modo: nas corridas existem duas equipas e, dependendo do modo que estamos a jogar, variam os objetivos, sendo contudo, em qualquer modo, muito importante cooperar com a nossa equipa para alcançar a tão cobiçada vitória.

Voar de um penhasco ou ser amassado por um adversário é perfeitamente natural, e é mesmo isso que nós queremos! O jogo torna-se monótono quando estamos a conduzir e não vemos inimigos por perto, dando ainda mais ênfase à irrelevância de nos sentirmos em primeiro. Tudo em Onrush é surreal e em nada quer representar a realidade, e é precisamente nesse ponto que o jogo nos fascina, chega até a ser parvo constatar os acidentes que acontecem “às toneladas” e de todas as formas possíveis, mas quando jogado no modo online cria-se uma arena virtual de espartanos, algo que já não experienciava há imenso tempo.

Para ajudar à festa, existem diversas categorias de veículos e cada uma com os seus atributos únicos, que, conjugados entre si, fazem uma equipa ser ou não a mais forte. Durante a mesma corrida, dependendo do tipo do evento, temos a possibilidade de alternar de carro a cada destruição consoante o resultado entre a nossa equipa (azul) e a equipa adversária (laranja). O dinamismo e adrenalina impostos pela Codemasters são de louvar pois conseguiu criar algo de realmente novo, com classes diversificadas que tornaram este jogo (em tom de analogia) o MOBA dos videojogos de corridas. Isto porque apesar da sua expressividade caótica, serem necessárias estratégias para ganhar as corridas que, por muitas vezes, são disputadas até aos instantes finais. O apogeu da emoção automobilística dá-se quando ativamos o modo Rush – que é nada mais nada mais do que o super poder do nosso carro, ficando este quase invulnerável a qualquer adversário que se intrometa no nosso caminho e catapultando as skills do próprio, sendo que apenas uma condução desastrosa nos pode enviar de volta à sucata.

Os 12 circuitos apresentados em Onrush conseguem conferir a mesma imersão de perigo e loucura em ambientes completamente diferentes, o que é mais um ponto a favor desta nova IP da Codemasters. Há momentos nas provas em que o nosso carro dá saltos dignos de serem chamados galácticos e por vezes andamos em curvas com inclinações absurdas e sempre com o “x” premido para aproveitarmos a cinética e conseguirmos velocidades ainda mais surreais. Como já referi, Onrush consegue pegar em características de Motorstorm e Burnout e inseri-las no seu próprio propósito criando algo absolutamente novo.

O jogo adotou também uma vasta variedade de itens de personalização que se estendem desde a elementos para a nossa personagem, como para todos os nossos veículos. É importante referir que nenhum destes itens influencia a performance de cada jogador, sendo meramente cosméticos e podendo ser adquiridos através do desbloqueio de caixas, algo que está na moda em praticamente tudo o que envolva a indústria. Ao longo dos jogos que fui fazendo, consegui ir completando algumas das missões, o que me permitiu abrir uma dúzia de caixas. Para já, todos os itens do jogo podem ser comprados com “dinheiro” do próprio jogo, não sendo necessário investir dinheiro real através de microtransações. Agora, resta saber se esta “boa vontade” da Codemasters vai continuar.

Embora o modo online já esteja disponível, ainda encontramos alguns erros nos servidores, o que me deixa triste porque tal tem sido recorrente em vários lançamentos recentes. As produtoras parecem não ter o tempo necessário para otimizarem todos os aspetos do jogos e tem sido bastante comum haver sempre algo em falta nos títulos lançados, chegando posteriormente sob a forma de atualizações. O online vai ainda receber o modo ranked, que ficará disponível em breve, segundo a própria Codemasters, o que faz bastante sentido visto que a própria conceção de Onrush promove a competitividade.

Embora Onrush tenha acertado em cheio naquilo a que se comprometeu, nem tudo no jogo flui como seria suposto. As corridas são verdadeiramente frenéticas e acompanhadas de uma ótima banda sonora, mas a verdade é que se o jogo for apenas jogado no seu modo “história”, que é feito através de várias corridas associadas a um tipo de competição (como acontece por exemplo em jogos da série Dirt) perde bastante o seu charme. Acredito que para um jogador casual seja necessário que pelo menos um amigo tenha o jogo para que possam partir os dois à aventura, pois nestas condições Onrush tem tudo para te entreter durante bastante tempo, caso contrário… vai ser muito difícil este despertar-te o interesse a longo prazo.

Opinião Final:

Se o que procuras é algo que tenha as vibes de jogos de corridas como Motorstorm e até um pouco de Burnout, Onrush é ideal para ti. Com várias classes de carros e pistas em ambientes muito cativantes e credíveis, vais passar momentos alucinantes ao volante dos vários veículos disponíveis. Embora o jogo tenha pequenos problemas, não são suficientes para estragar a experiência que nos foi trazida pela Codemasters que de novo nos apresenta algo diferente, energético e divertido.

Do que gostamos:

  • Corridas caóticas trazem muita diversão;
  • Variedade de veículos e cenários;
  • Visuais cativantes;
  • Banda Sonora;
  • Modo online;
  • Chegada do modo ranked;
  • Personalização.

Do que não gostamos: 

  • Pequenos erros nos servidores;
  • Pode tornar-se monótono se jogado a solo.

Nota: 8/10