Pokémon Mystery Dungeon: Rescue Team DX – Análise

A Nintendo Switch está a revelar-se uma bela máquina para desfrutar de remakes e remasters, possibilitando aos jogadores pegarem em jogos que de outro modo não conseguiriam jogar. Para além dos títulos óbvios (alguns já lançados noutras plataformas), a Nintendo não conseguiu ficar de olhos fechados e lançou-se também à festa. Para além de ter relançado alguns títulos que poderiam ter ficado esquecidos na Wii U, pegou também mãos à obra e presenteou-nos com títulos como este Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX.

Há já uns bons anos, a Nintendo começou a saga Mystery Dungeon ao lançar dois títulos – Blue Rescue Team e Red Rescue Team. Apesar de agora já ser norma termos duas versões do mesmo Pokémon para a mesma consola, na altura a Nintendo achou por bem lançar um dos títulos no Game Boy Advance e o outro na Nintendo DS – aniquilando qualquer possibilidade que pudesse haver de fomentar trabalho em equipa. Já que, bem, o título até menciona a palavra team e tudo…

Apesar da recepção tépida, a saga Mystery Dungeon ainda tem tido alguns lançamentos ao longo dos anos, sendo que o mais recente é este remake de ambos os títulos de Rescue Team, combinados num só. E a impressão inicial é definitivamente boa, mas eu sou fácil de agradar com visuais bonitos. Mas já lá vamos.

Para os que não estão familiarizados com a série, em Mystery Dungeon não há cá coisas de andar a capturar Pokémon. Naninaninanão. Vocês são o Pokémon. “Como assim?”, dizem vocês. Ora pois, é isso que terão de descobrir no jogo. Aparentemente, são um humano que um dia acorda na pele de um Pokémon fofo. Sinceramente, não me importava de todo, desde que não me encafuassem numa pokébola.

Logo no início, o jogo faz questão de fazer algumas perguntas, que visam determinar a vossa personalidade e, assim, vos ajudar a escolher qual Pokémon irão encarnar. No entanto a opção não é definitiva (não têm de ficar um Cubone se não quiserem) e podem sempre alterar para outro Pokémon do qual gostem mais antes de iniciarem o jogo. Após escolherem o vosso Pokémon e quem será o vosso parceiro, começa a vossa aventura!

Como já referi, o jogador aqui assume o papel de um humano que um dia acorda Pokémon, sem saber porquê, como, ou sequer o que seja do seu passado. A vontade de saber mais sobre o que se passou acaba por ser atropelada pelo amigo que fazem logo de início – um outro Pokémon que acha o máximo formar uma equipa de salvamentos.

Uma equipa de salvamentos tem de fazer por ganhar fama, e assim começarão por aceitar alguns trabalhinhos aqui e ali, o que nos leva à jogabilidade principal de Mystery Dungeon. A partir do hub principal, podem aceder a diversas áreas que, na verdade, são dungeons com vários níveis. O vosso objetivo é simples: têm que resgatar um Pokémon ou apanhar um determinado objeto, que estará situado num nível pré-definido de uma dungeon. Apesar de no início serem poucos níveis, à medida que a dificuldade aumenta, também aumentarão o número de níveis. Isto obriga não só a que tenham de escolher cuidadosamente os combates, como também gerir os vossos itens. Para além de HP e PP, têm ainda que controlar a vossa fome. Se tiverem o azar de serem derrotados, lá se vai o vosso dinheiro acumulado, pelo que convém: ou deixarem o mesmo no banco, ou simplesmente, sei lá, não o perderem.

Quanto mais, melhor!

Tanto o movimento como o combate são por turnos. No entanto não se iludam, não estamos a falar de um combate por turnos como num JRPG old school ou mesmo como nos jogos da série principal Pokémon. As personagens encontram-se como que numa espécie de tabuleiro de xadrez, sendo que os inimigos andam um “quadrado” após as nossas personagens se movimentarem a mesma distância. Ao se encontrarem, podem atacar rapidamente pressionando o A (e aí o jogo decidirá qual o melhor ataque) ou carregando no ZL e aí escolher qual o ataque que preferem utilizar, tendo sempre atenção aos PP disponíveis. Estando a falar de um jogo chamado Mystery Dungeon, seria de esperar que as dungeons em si fossem mais divertidas de explorar. Sim, confesso, é o meu primeiro jogo da série. Mas rapidamente se tornou mais uma tarefa de grind que outra coisa qualquer. O jogo oferece um modo de exploração automática, que podem ativar ao pressionar o botão L, que faz com que as personagens explorem os níveis sozinhas – em busca de objetos úteis ou das próximas escadas. Este modo é automaticamente interrompido ao encontrarem um inimigo, deixando-vos em controlo total do combate. Ao início, achei este modo só parvo. Caramba, se o objetivo é explorar, não vou pôr o jogo a fazê-lo por mim, certo? Mas à medida que ia avançando e me via a braços com dungeons com cada vez mais níveis, dei por mim a usar este modo mais e mais vezes, enquanto me perdia no ecrã da televisão com outra coisa qualquer que não o jogo.

Mas ainda assim, esta exploração nunca será feita sozinha. Aliás, o jogo tem Rescue Team no nome, certo? Apesar de começarem o jogo já com um parceiro Pokémon, ao longo do mesmo irão ter a oportunidade de recrutar mais amigos e, assim, expandir a vossa equipa. Ao explorarem as dungeons, poderão encontrar Pokémon que se querem juntar a vocês. Mas para isso, necessitam de lhes assegurar casa, cama e comida – na forma de acampamentos. Apesar de estes poderem ser desbloqueados ao longo da história, também podem ser comprados numa das lojas disponíveis no vosso hub principal. Mas, e se encontrarem um Pokémon que querem muito, mas estão no meio de uma dungeon gigante e não têm um acampamento específico? Nada temam, basta terem em mãos uma Wigglytuff Orb e contactar a loja, resolvendo assim o assunto.

Após algum trabalhinho e recrutarem a vossa equipa de sonho, podem recrutar mais cinco Pokémon em cada missão, para além da vossa equipa base de três. Isto acaba por eventualmente se revelar um erro de design, considerando que as dungeons não são propriamente espaçosas, sendo constituídas na sua maioria por salas grandes, ligadas por corredores estreitos – obrigando a que os Pokémon se desloquem todos em filinha, tal e qual um grupo de infantário em visita de estudo. Considerando ainda que o movimento é turn based, isto acaba por ser problemático, levando a que muitas das vezes não consigamos utilizar o Pokémon mais adequado – mesmo fazendo uso da função que nos permite trocar entre os nossos três principais Pokémon.

A melhor parte do jogo acaba por ser a escolha dos visuais. Para além dos Pokémon, fofos como sempre, os cenários têm o ar de ilustrações, pinturas feitas à mão, que dão todo um aspecto de livro infantil ao jogo. O enredo e as personagens, simples mas adoráveis, ajudam a este sentimento de que estamos a jogar um livro para crianças – apesar das mil e uma dungeons repetitivas.

Vá, deem todos as mãos para não se perderem!

Apesar de ser a minha primeira experiência com Mystery Dungeon, é um pouco preocupante ver num jogo com uma história já longa alguns problemas que já deveriam ser uma não-questão, nesta altura do campeonato. É certo que a nostalgia e os fãs do original terão aqui um grande papel no facto de irem desfrutar ou não do jogo, mas é impossível não sentir que é um conceito giro e até relativamente original que foi um pouco desperdiçado. Acho que a série e os fãs da Switch mereciam um bocadinho mais.

Opinião Final:

Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX é um jogo lindo e adorável que, apesar de ser um remake, aparenta ter demasiados problemas que já deveriam ter sido resolvidos ao longo de tantos anos de série. A jogabilidade repetitiva acaba por ser tão flagrante que o próprio jogo adicionou um modo automático, para aqueles jogadores que não terão muita paciência para algo tão grind-y. Os fãs da série provavelmente irão gostar desta adição ao catálogo da Switch, no entanto novos jogadores poderão ter alguma dificuldade em encontrar aqui algo que os motive a levar a aventura até ao fim.

Do que gostamos:

  • Arte linda, remetendo a pinturas de aguarela;
  • Oportunidade de sermos um Pokémon (e não apanhá-los todos).

Do que não gostamos:

  • Jogabilidade repetitiva;
  • Modo automático (praquiê???);
  • Design das dungeons pouco variado.

Nota: 7/10