Recentemente a série da HBO, que reconta os eventos do acidente na usina nuclear de Chernobyl foi reconhecida como a série com melhores avaliações no IMDb, com uma nota de 9.7/10. Isso não apenas colocou a colocou no topo, como também fez ela superar séries como Game of Thrones (9.4), Band of Brothers (9.5) e até mesmo Breaking Bad (9.5).
Desde a sua estreia a série tem sido bastante aclamada pelo público, critica especializada e até cientistas pela sua fidelidade histórica, e por trazer o foco também para os conflitos humanos e consequências do desastre. Porém, tanta fidelidade tem um preço quando se trata de um conteúdo visual e o produtor reconhece que há cenas que podem incomodar muito.
Em entrevista ao IndieWire, o produtor e criador de Chernobyl, Craig Mazin, falou um pouco sobre o episódio 4 e como algumas das cenas dele podem deixar o público extremamente incomodado, a ponto de nem sequer continuar a acompanhar aquela cena.
Deixamos o aviso ao leitor que iremos evitar a grande maioria dos spoilers tanto do episódio 3 quanto do episódio 4, porém, é fundamental explorar alguns acontecimentos para contextualizar a notícia.
Vale destacar que o terceiro episódio já trazia momentos de grande tensão, principalmente a explorar as consequências da radiação no corpo dos bombeiros e funcionários das usinas, sendo possível entender inclusive em detalhes esses efeitos devido a um breve dialogo entre dois personagens da série. Porém, o quarto episódio, intitulado “The Happiness of All Mankind.” traz um olhar pesado, duro e tenso sobre a necessidade de evacuação das pessoas das áreas próximas ao desastre e a maneira por vezes extrema como os soldados tinham ordens para executar as suas ordens.
Para além disso, o episódio também traz uma perspetiva sobre os trabalhos após o desastre no reator 4 e como esse era um trabalho literalmente suicida. Algo que visualmente pode não ser tão chocante, mas contextualizado deixa um clima extremamente pesado no episódio.
De acordo com Mazin, assistir a algumas pessoas a verem o quarto episódio pela primeira vez, o deixou bastante surpresa e em algumas cenas, ele própria começou a ter um sentimento paternal, no sentido de querer dizer para aquelas pessoas que se não estiverem confortáveis para ver aquela cena, elas não precisam ou mesmo antecipar acontecimentos mais difíceis para que elas pudessem evitar olhar.
Porém, o produtor reconhece que apesar da dificuldade de digerir algumas cenas, elas também possuem uma grande importância tanto histórica, quanto para a própria série e essa reação, de certa maneira funciona como um elogio, já que conseguiu proporcionar ao público um sentimento forte e real perante aqueles acontecimentos.
Mazin ainda destacou uma frase que os soviéticos diziam utilizaram muito durante todos os trabalhos em Chernobyl, já que ao invés de contabilizar mortes, os soviéticos começaram a referir-se como uma “contagem de vidas”. Então em determinado ponto, já não se dizia que um número de pessoas iria morrer, mas que iriam ser enviados um número determinado de vidas para aqueles trabalhos.
Chernobyl está disponível em formato episódico na HBO Portugal, com novos episódios a serem disponibilizados toda terça-feira. Até o dia de hoje (30), os quatro primeiros episódios da série já estão disponíveis no serviço de streaming, que custa 4.99€/mês.