Relíquias Japonesas – Séries que nos marcaram #4

Pokémon

Recentemente, com o lançamento de Pokémon GO no mercado mobile, muitos foram os que se meteram a caminho para «apanhá-los todos», alguns pela primeira vez, outros recordando memórias das suas infâncias e dos jogos mais antigos e ainda uns quantos que, mesmo tendo acompanhado a série nos seus últimos lançamentos (X e Y e Omega Ruby e Alpha Sapphire), não se cansam de perseguir e «conviver» com os divertidos «monstros de bolso».

Incluindo-me neste último grupo (mas tendo também experiências com a série desde a 2ª geração, com o Pokémon Crystal), achei ser esta a altura ideal para momentos de nostalgia com a série Pokémon.

Embora a segunda geração seja a geração mais antiga presente num jogo Pokémon explorado por mim (não contabilizando curtas sessões de jogo de Fire Red no GBA de um amigo), Pokémon Crystal não foi o primeiro jogo desta franquia que joguei, esse lugar pertence a Ruby, da 3ª geração.

Lembro-me que na altura passava horas a jogá-lo, de tal maneira que foi sem dúvida um dos jogos que mais marcou a minha infância. Como ainda era muito novo, não prestava grande atenção aos detalhes, nem me preocupava muito com a estratégia a utilizar. Na verdade, a maneira como o passei (das várias vezes em que o joguei) foi bastante simples: escolher o inicial de fogo (tirando 2 vezes em que escolhi o Treecko e o Mudkip), Torchic e ir apostando nele até ao final, continuando a tendência mesmo em momentos mais avançados do jogo, com Combusken e Blaziken, indo apanhando Pokémon pelo caminho e dedicando-me a ocasionais períodos de grind, nos momentos em que o inicial encontrava obstáculos insuperáveis, como o ginásio de água (embora o facto de as evoluções também serem do tipo luta ajudasse bastante).

Quem se lembra desta parte do jogo?

Este favorecimento do inicial era mesmo exagerado e cheguei a ter por várias vezes o Combusken e o Blaziken 10 (ou mais) níveis acima dos da restante equipa, o que levava a que, estando o inicial derrotado, o combate estivesse perdido, a não ser que tivesse a enorme sorte de já ter deixado os outros Pokémon muito enfraquecidos. Assim, a minha jornada consistia na aposta num único Pokémon, como se este fosse um ponta-de-lança isolado, interrompida por ocasionais períodos de grind em que evoluía outros Pokémon que me davam jeito e de que eu gostava (sendo o gosto critério muito importante para mim na altura, e, sinceramente, ainda continua a ser, não sendo a estratégia racionalmente mais valiosa).

Por exemplo, evoluí bastante o Magikarp, por ter gostado do Pokémon e por querer um Gyarados, não importando a (relativa) dificuldade em o evoluir, tal como andei à caça do Abra, mesmo (ou até mesmo devido a ) este se tele-transportar à primeira hipótese que tinha de se escapar. Aqui também pesava, é claro, o que acontecia no anime que se passava na série de TV e que acabava por me influenciar.

Magikarp a dar luta com o seu temível «Splash»!

Claro que, no late-game, Pokémon fortes como o lendário Groudon iam aparecendo e eu os ia adicionando à equipa, por serem mais valias evidentes, mas nem por isso deixava de tentar encontrar espaço na equipa para o meu primeiro Pokémon, bem como para aqueles de que tinha gostado e que me tinham ajudado muito (como os já referidos Abra e Magikarp e respetivas evoluções).

Como poderão ter percebido, a minha experiência com Pokémon Ruby não foi uma experiência completa, nem explorei, neste, tudo o que os jogos desta franquia oferecem, em geral. De facto, a Pokémon Platinum (jogo que é uma espécie de Emerald da 4ª geração) cabe esse título, tendo sido, talvez, a minha melhor experiência com a série, por vários motivos.

Adorei o jogo e, neste, sim, penso que aproveitei outros pontos em que Pokémon (também) brilha. Por exemplo, agora não apostava simplesmente em apenas num deles, sentia antes um grande gozo em evoluir as várias criaturas e descobrir como se iam modificando. Obviamente, o design dos Pokémon ajudou bastante a criar este ambiente de descoberta, pois, gostando bastante (no geral, é claro) do aspeto dos vários monstros que povoavam Sinnoh, era com enorme prazer que os tentava apanhar todos. Claro que eu sabia que não era possível realmente tê-los todos – alguns lendários como Shaymin apenas estavam disponíveis através de eventos que nunca chegaram a Portugal. Não obstante, achava muita piada ao facto de apanhar mais Pokémon e depois evoluí-los até ao nível máximo, especialmente os lendários, mesmo os mais secundários como Heatran (tirando algumas excepções como Manaphy, que ainda hoje me levam a pensar: «Porquê?»).

Pode não parecer, mas este foi dos momentos mais épicos de toda a série, para mim.

Este foi também o jogo em que mais explorei cada localidade e em que comuniquei mais com os NPC, tendo descoberto vários detalhes engraçados e que, para mim, mesmo sendo coisas mínimas, são de grande importância. Outras mecânicas, como o facto de Rotom apenas aparecer durante a noite (entre outros Pokémon específicos de cada altura do dia) também me impressionaram bastante. Finalmente, o salto a nível técnico do GameBoy Advance para a Nintendo DS, visível através dos gráficos melhorados, dos sprites mais detalhados e menos «pixelizados», das possibilidades permitidas pelo ecrã de toque (entre outras específicas do novo hardware) e  através dos cenários mais ricos complexos, também teve a sua influência.

Tal como referi anteriormente, o design dos «monstros de bolso» que povoavam Hoenn e Sinnoh foi um dos aspetos que me levou a gostar tanto da 3ª como da 4ª geração. O mesmo, infelizmente, não se pode dizer da 5ª geração, com Pokémon Black, muito pelo contrário.

Embora uns quantos Pokémon da 5ª geração me tenham agradado, o número dos que gostei, quando comparado aos que achei estranhos ou de que não gostei mesmo nada, foi muito pequeno. Mesmo os lendários (de que gostei) não foram tão bem recebidos pela minha parte como foram os da geração anterior, tendo sido esta uma grande desilusão para mim nesta série. A história é talvez a melhor da série, continuam a existir avanços técnicos e há novidades interessantes, mas, para mim, houve uma grande queda do Platinum para o Black/White. Assim, foi devido aos novos Pokémon e à nova região que vi a 5ª geração como uma desilusão, o que é sempre subjetivo, é claro.

Pokémon Black & White foram dos melhores a nível técnico na Nintendo DS, mas, infelizmente, desiludiram-me.

pela qual não o cheguei a experimentar, tendo aguardado pacientemente até setembro de 2013, altura em que Pokémon X & Y foram lançados e em que obtive a minha cópia da versão X, devido a gostar mais do lendário Xerneas e dos Pokémon exclusivos dessa versão.

Foi a primeira vez que comprei um jogo da franquia no lançamento. Era o primeiro jogo Pokémon 3D, em que se podia movimentar em mais direções e em que os cenários ganhavam um aspeto completamente único. Não podia estar mais ansioso. No entanto, até hoje, ainda não o acabei. Não sei se por causa da fórmula da série, na sua base, se ter mantido inalterada, se por causa da nova maneira de controlar a ação ser bastante diferente da tradicional, se por causa de algumas mecânicas (como as mega-evoluções) não me terem agradado, se por causa do enredo ter sido para mim pouco estimulante, ou se por causa de uma soma de todos estes fatores, houve vários momentos ao longo do jogo em que não senti qualquer vontade de continuar. Devido a esta fraca vontade de o acabar, estou há mais de 2 anos no final da Victory Road, prestes a defrontar a Elite 4, mas sem qualquer ânimo para o completar.

Outra hipótese explicativa destas minhas experiências pouco entusiasmantes com os jogos mais recentes da franquia é a possibilidade de, tal como muitos outros que, pela Internet a fora, recordam com nostalgia as suas experiências de infância, as minhas memórias felizes (e provavelmente exageradas) com Ruby e Platinum me impeçam de reconhecer maior qualidade nos novos jogos Pokémon.

Embora cada mudança de consola tenha trazido grandes mudanças para a série. Talvez o salto da 5ª para a 6ª geração tenha sido o maior.

É por isso que foi com receio, mas, ao mesmo tempo, com curiosidade e esperança que vi serem lançados Omega Ruby e Alpha Sapphire, estando ainda neste momento a ponderar seriamente a compra, pois se por um lado gostava de voltar a Hoenn, agora de uma forma completamente nova (proporcionada pelo poder da Nintendo 3DS), por outro, não quero que as memórias que tenho do jogo original sejam como que «destruídas» ou desconstruídas pela experiência com qualquer um destes remakes.

Os próximos jogos Pokémon já estão aí ao virar da esquina e chegam já no próximo mês de novembro e, embora esteja de novo apreensivo, gostei de algumas informações reveladas, nomeadamente o facto de a fórmula estar a ser alterada, o que permitirá a entrada de «ar fresco» para o núcleo duro da franquia, com Pokémon Sun e Pokémon Moon.

Pokémon Sun & Moon levam-nos até um ambiente inspirado no Havai e a mais uma evolução na série.

Mas voltando a Pokémon GO, ponto de partida deste artigo de opinião e também o ponto de chegada, uma vez que vivo num meio rural, os ginásios, pokéstops e até mesmo Pokémon (inclusive os mais comuns e chatos como os Zubat) são muito difíceis de encontrar, sendo que na minha localidade nem sequer existe nenhum dos 3. No entanto, uma visita a Lisboa durante uns 4/5 dias, aproveitei para andar à caça destes companheiros fictícios e de pokéstops, especialmente com lure, passando o meu objetivo por alargar o catálogo de Pokémon na minha Pokédex, e não tanto pela competição entre as equipas MysticValorInstinct.

Embora o tenha achado muito interessante, e tenha percebido rapidamente o porquê de se ter tornado tão popular da noite para o dia,  achei que não era exatamente um jogo para mim, não por causa de problemas com o jogo em si (muitos dos quais a Niantic está de momento a tentar resolver), mas devido à minha experiência com a série.

Pokémon GO é a nova febre do mercado mobile. Quanto tempo durará?

Pokémon sempre foi, para mim, mais do que apanhar todas as criaturas e combater em ginásios. É evoluir os Pokémon e com eles também ir melhorando a vários níveis e, assim, aumentar o nosso poder. É ajudar Pokémon e pessoas que precisam da nossa ajuda no mundo do jogo, contra as equipas lunáticas de cada jogo. Finalmente, é a relação entre o treinador (nós) e os Pokémon que vão evoluindo connosco, como tão bem foi retratado através do Pokémon-Amie, em Pokémon X & Y.

Não estou, é claro, a criticar o jogo por isso, pois seria impossível (ou pelo menos extremamente difícil) trazer a estratégia e o estilo RPG  da série principal Pokémon para um jogo mobile baseado no Sistema de Posicionamento Global. Mas a verdade é que são o estilo de jogo, a evolução dos nossos amigos imaginários e a estratégia por de trás dos vários combates e estilos de jogo que tornam, juntamente com o facto de os «colecionar», patente no jogo da Niantic, Pokémon na série que me conquistou a mim e a muitos outros.

Ao longo da minha (curta) experiência de vida, tive outros contactos com esta série mítica da Nintendo, tanto através de outros jogos spin-off ou não oficiais, como através do Trading Card Game e das séries que passaram na TV ao longo dos anos, mas gostaria de deixar o debate sobre estas (e outras) experiências para a zona de comentários, onde espero que se possa criar uma conversa amigável sobre a franquia.

pokemon pikachu

Obrigado por nos acompanharem. Não deixem de partilhar as vossas experiências com Pokémon! 🙂

Da minha parte é tudo. Daqui a duas semanas caberá ao Gil partilhar convosco mais uma série que marcou a sua experiência como jogador, fiquem atentos. Até à próxima e bons jogos!