Aqueles que fazem parte do mundo dos videojogos desde os anos 90, conhecerão sem dúvida o classico “Revenge of Shinobi” da Sega Mega Drive. Ter uma megadrive era equivalente a ter este jogo e, portanto, naturalmente que marcou uma geração. As aventuras de Joe Musashi ainda tiveram mais algumas edições, nomeadamente uma sequela na Mega Drive, duas na PS2 e uma na Nintendo DS, assim como dois spinoffs na Game Gear. Com a vontade da sega de relançar muitos dos seus IPs para uma nova geração, somos agraciados com um novo jogo Shinobi intitulado Shinobi: Art of Vengeance. Este jogo marca o regresso da série emblemática da SEGA num formato que assume, desde o primeiro minuto, uma ligação directa ao legado dos clássicos de 16 bits, mas filtrado por uma sensibilidade moderna. Tal com os clássicos, este é um um jogo de acção 2D em side-scrolling que coloca a jogabilidade no centro da experiência.
O controlo de Joe Musashi é imediato e responsivo. O jogo constrói-se à volta da ação muito rápida, onde a leitura dos inimigos e o seguimento dos ataques são fundamentais. A espada e os kunai continuam a ser o núcleo do combate, mas são complementados por outros projécteis, técnicas especiais e movimentos de mobilidade que permitem variar a abordagem nos variados combates. O estiloso sistema de execuções possibilita eliminar vários inimigos de forma seguida, contribui para manter o fluxo da acção e recompensa os jogadores que correm riscos a lutar contra vários inimigos em vez de se focarem apenas num. Joe Musashi consegue apreender um conjunto de impressinantes Ninpo que permitem tornar os combates bem mais dinámicos. Ainda assim, estas técnicas dependem de barras especificas, o que obriga a uma gestão cuidadosa das mesmas e impede o uso constante dos ataques mais potentes.
A arte de Shinobi: Art of Vengeance é perfeita para a ação estilo 2d sidescroller.
A progressão adopta uma lógica híbrida, aproximando-se de um Metroidvania em que necessitamos de revisitar lugares onde já estivemos, mas que não conseguíamos ultrapassar porque não tínhamos o item ou a skill necessária para lá chegar. Existem incentivos claros à exploração e à recolha de upgrades opcionais. No entanto, a estrutura mantém-se relativamente guiada, evitando a dispersão e garantindo que o ritmo nunca abranda em excesso. A exploração complementa a acção, mas não a substitui.
Visualmente, Shinobi: Art of Vengeance distingue-se pelo estilo desenhado à mão, numa mistura entre desenho moderno em papel de arroz, com cenários ricos em detalhe e animações fluidas. A direcção artística é simplesmente brilhante, criando uma identidade forte e avançando a identidade visual de Shinobi. Ainda assim, tal como nos jogos anteriores, procura a coexistência entre ambientes tradicionais japoneses com elementos militarizados e tecnologia avançada. Tal como nos jogos anteriores, embora queira traduzir aquela ideia do guerreiro tradicional versus inimigos poderosos e tecnologicamente avançados, parece-nos forçado. Dado que há aqui alguma repetição, não seria mau ver a SEGA a escolher esteticamente elementos diferentes, talvez mais aproximados dos ambientes tradicionais japoneses.
A apresentação gráfica é mesmo muito boa!
A nível sonoro as várias composições acompanham muito bem a nova aventura de Joe Musashi. Numa colaboração incrível entre Yuzo Koshiro e Tee Lopes, os vários temas levam-nos por vezes para um Japão cheio de combates sangrentos, e por outras vezes levam-nos para cidades modernas onde horrores tecnológicos espreitam a cada canto. De qualquer das formas, os temas deixam-nos com o sangue a ferver – o que é excelente para um jogo de acção.
Acaba com os teus inimigos usando ataques cheios de estilo.
A narrativa é muito muito simples, servindo apenas para explicar porque é que Joe Musashi vai subir uma montanha, ou vai a uma vila, etc. Não há qualquer desenvolvimento aprofundado de personagens nem reviravoltas, não é disso que Shinobi se trata, mas sidescrolling cheio de combates porreiros.
Opinião Final:
Shinobi: Art of Vengeance é um regresso sólido e tecnicamente competente a uma série histórica da SEGA. Não procura reinventar o género, nem a franquia, mas servir aos jogadores uma excelente experiência. Um jogo focado, bem desenhado e sustentado por um sistema de combate eficaz e uma excelente direção artística.
Do que gostamos:
- Jogabilidade é excelente! O ponto alto do jogo;
- Direção artística é muito boa, ideal para apresentar esta nova aventura de Joe Musashi;
- Níveis complexos à espera de serem explorados.
Do que não gostamos:
- Variedade dos níveis leva-nos a viajar entre cenários tradicionais e cenários modernos, o que não é muito original no que toca a Shinobi.
Nota: 9/10
Análise efetuada com um código Xbox cedido gentilmente pela distribuidora.