A big N costuma ser acusada de deixar estagnar as suas propriedades intelectuais, apoiando-se vezes e vezes sem conta nas franquias conhecidas e populares. Não há uma geração de consolas da Nintendo que não seja agraciada pelo Super Mario, The Legend of Zelda, Smash Bros., Wario, Donkey Kong, e até mesmo (embora um pouco mais esquecido) Metroid.
Daí a surpresa de toda a comunidade dos videojogos quando em 2015 é lançado o primeiro jogo da nova série Splatoon, um shooter competitivo muito original onde o objetivo era pintar mais área do mapa do que a equipa adversária. O conceito muito “Nintendo”, explodiu entre aqueles que tinham uma Wii U – e que, admitidamente não eram muitos – mas com o lançamento da Switch foi anunciada uma sequela, lançada no verão de 2017, e provou-se ser um dos jogos mais jogados na consola naquele e nos anos seguintes.
Em setembro do ano passado, a Nintendo lançou o terceiro título na franquia, aptamente chamado de Splatoon 3. Das ligeiras melhorias feitas ao matchmaking até aos ténues melhoramentos em algumas mecânicas levaram alguns a entender que talvez as alterações não justifiquem o lançamento de uma sequela. Seriam, no limite, meritórias de uma expansão ou até mesmo de um update ao jogo anterior. Veremos que não é totamente o caso.
A narrativa em Splatoon costuma ser seguida avidamente com alguns dos fãs com inclinações menos multiplayer, e continua após o final da Octo-Expansion de Splatoon 2. Desta ver, o novo protagonista, Agente 3 (não o protagonista do primeiro jogo, Agente 3), tem de se juntar ao antigo Capitão Cuttlefish e descobrir a origem atrás do aparecimento do “lodo peludo” (Fuzzy Ooze) que está ligado com a espécie extinta de mamíferos (mamalians). Pelo caminho juntarão forças com várias personagens de jogos passados, novos e velhos inimigos, levando a uma conclusão satisfatória quando o pano descer. Este modo single player é incrivelmente influenciado pelas missões da Octo-Expansion de Splatoon 2, para além de também contar com níveis mais abertos ao estilo de Splatoon 1 e 2.
Splatoon 3 vem acompanhado de uma cidade nova – Splatsville, que aparenta estar no meio de deserto, e que foi influenciada pelos resultados do último Splatsfest de Splatoon 2. A cidade do “caos” é uma cidade vibrante e cheia de vida, com algumas coisas novas que os jogadores poderão fazer. Entre estas coisas novas temos as splatfests a 3, em que os jogadores poderão unir-se a uma de três equipas para as batalhas tricolor – em que o objetivo, com o nome diz, modifica as turf wars para 3 equipas a competir, assim como o novo minijogo tableturf battle – um jogo de tabuleiro em que o objetivo é, tal como em splatoon, pintar a maior quantidade do campo de batalha – a única diferença é que cada movimento depende de cartas colecionáveis com uma área de pintura pré-determinada.
De resto – e não é pouco – é Splatoon, temos mais armas, incluindo finalmente a Katana… Splatana, assim como o arco e flecha permitindo disparar 3 setas de tinta ou então um ataque concentrado, mas mais potente. Também temos novos super ataques, assim como novas opções de customização no que toca à roupa (a aplicação SplatNet volta na sua segunda iteração, embora se chame Splatnet 3 para combinar com a edição do jogo).
As opções de customização expandem-se permitindo-nos ter o nosso próprio cacifo, completamente personalizável, seja com as normas armas, equipamento, assim como outras personalizações que podemos comprar numa loja dedicada de itens para o cacifo. Finalmente, à medida que vamos subindo de nível, o tamanho do cacifo e as opções de personalização vão aumentando.
A nível da jogabilidade, Splatoon 3 mantém-se uma cópia quase exata da edição anterior, com alguns balanços realizados a nível das armas. Atenção que isso não é uma coisa má, Splatoon 2 é dos melhores jogos que a Switch tem, com uma jogabilidade soberba. Splatoon 3 traz consigo ainda um novo lobby em que é possível rapidamente alterar o equipamento e testar as armas enquanto aguardamos que o matchmaking seja realizado. Igualmente, no que toca ao modo Salmon Run (o modo horda), o mesmo consegue ser acedido a qualquer momento, a Nintendo corrigindo uma das grandes críticas relativamente a este modo, dado que o mesmo em Splatoon 2 só podia ser acedido em certos momentos.
Graficamente – ou melhor dizendo a nível da estética, dado que graficamente Splatoon 3 e o seu antecessor são graficamente equivalentes, Splatoon 3 traz mais uma vez consigo um jogo cheio de cores vibrantes (lutamos com tinta, afinal) e com uma estética citadina muito pura – quase caótica na forma como o mundo de Splatoon 3 se desenrola em frente aos nossos olhos. A cidade não é estéril e limpa como Inkopolis (com a sua Plaza e Square em Splatoon 1 e 2 respetivamente), mas uma pintura viva e crua de sobrepopulação, muito ao estilo de cidades do continente asiático como Hong Kong, Guangzhou ou Shanghai.
A nível da sonoplastia, Splatoon 3 traz novamente temas divertidos que acompanham muito bem todos os combates. Uma menção especial deve ser feita ao tema Anarchy Rainbow da nova banda in-game “Deep Cut”, que com o seu ritmo inspirado no samba, serve quase de tema principal a esta iteração do jogo.
Vídeo Gameplay do jogo Splatoon 3. Venham ver, cliquem no vídeo e vejam o nosso gameplay.
Opinião Final:
Splatoon 3 consegue ser mais do que uma mera expansão de Splatoon 2, mas não vai muito mais longe. Adiciona mais coisas sem fazer alterações profundas naquilo que funciona. E como aquilo que funciona já é muito bom, não vale a pena mexer! Ainda assim, é a edição mais atual de uma das propriedades intelectuais mais interessantes dos últimos 10 anos. Recomendado.
Do que gostamos:
- Nova estética muito interessante;
- Single player explora melhor a estória do mundo de Splatoon;
- As novas turfwars a 3 são muito divertidas.
Do que não gostamos:
- Não há grande inovação, mas a fórmula funciona muito bem que não pede grandes alterações.
Nota: 8/10
Análise efetuada com um código Nintendo Switch cedido gentilmente pela distribuidora.