Sushi é daqueles pratos que se ama ou se odeia – e quem gosta, gosta mesmo à séria. Ainda assim, é difícil imaginar um mundo onde as nações entram em guerra e devastação devido ao sushi. Afinal, estamos apenas a falar de peixe… certo? Certo?
Mas esta é a premissa de Sushi Striker: The Way of The Sushido, um jogo de puzzles que se baseia numa distopia em que o motivo de discórdia é o titular prato japonês. A grande guerra motivada pelo sushi fez com que o/a protagonista Musashi perdesse os seus pais. Mas rapidamente descobre que tem o talento para se tornar num(a) Sushi Striker e assim juntar-se à revolução contra o Império. E essa revolução vai invariavelmente envolver batalhas… com sushi. Com uma premissa tão pouco séria, Sushi Striker pegou nisto e levou-o ao extremo. Desde o genérico que poderia ser perfeitamente de um qualquer anime, até às personagens excessivamente dramáticas, Sushi Striker é todo um espectáculo exagerado do quão longe se pode levar uma premissa. O ponto positivo disto, é que não se leva de todo a sério – e quer se ame ou se odeie, de certeza que rapidamente vão ficar agarrados às batalhas.
A jogabilidade é enganadoramente simples – somos confrontados com deliciosos pratos de sushi, de diversas cores e tipos, que vão desfilando à frente da nossa personagem em tapetes rolantes. O objectivo será conseguir juntar pratos da mesma cor nas três filas, à medida que os mesmos vão passando. Ao fazerem esta junção, comem o sushi, limpam os pratos e empilham os mesmos – sendo que estes serão então usados para atacar o adversário. E escusado será dizer, quanto maior a pilha de pratos, mais dano causarão. Não pensem no entanto que podem ir combinando pratos da mesma cor a vosso bel-prazer, fazendo combinações eternas. A janela de oportunidade é mínima e após sete segundos, ou largam o botão e resignam-se com o número de pratos que têm, ou lá se vai o vosso combo.
É simples e Sushi Striker faz um bom trabalho na maneira como introduz novas mecânicas ao longo do jogo, fazendo com que se tornem num mestre dos ataques de sushi em três tempos, mesmo quando o jogo vai adicionando mais e mais detalhes ao combate. Para além de terem que ter atenção ao sushi que vão comendo, sendo que cada tipo tem os seus benefícios, terão ainda acesso a habilidades especiais através dos Sushi Sprites, pequenas criaturas que adoram sushi e que vos deixam utilizar os seus poderes. À medida que vão encontrando os Sushi Sprites, podem ir travando amizade com estes bicharocos (coleccionando-os como se de um outro franchise se tratasse). Podem escolher três Sushi Sprites para vos acompanhar em batalha e estes acabam por adicionar uma pequena componente de estratégia ao combate, que já de si é frenético, obrigando o jogador a pensar bem antes de utilizar cada um dos poderes – idealmente, no momento certo.
Podem jogar Sushi Striker com os vossos dedinhos usando o ecrã tátil (que é, sinceramente, a melhor forma) ou com os analógicos – sendo que com este último método o jogo acaba por pecar por falta de precisão. Acabei por dar comigo mesma quase que a tentar combinações aleatórias em vez de conseguir ponderar qual o prato por onde queria começar. Muitas das vezes, no meio da confusão da batalha, o cursor acabava por ir parar a uma fila ou duas abaixo do que queria e em Sushi Striker o tempo não é vosso amigo. Aqui é a diferença mais gritante entre a versão 3DS e esta para a Switch – enquanto que na 3DS claramente temos a opção de jogar com o stylus, na Switch os controlos acabam por sofrer e a falta de precisão pode rapidamente tornar-se frustrante.
As batalhas e a história estão espalhadas por níveis que podem sempre ser revisitados posteriormente – todos queremos ter o melhor ranking possível, certo? – organizados numa vista aérea que remete aos jogos de tabuleiro. Todas as batalhas, caso sejam vitoriosos ou não, dão-vos experiência a vocês e aos vossos Sushi Sprites. Para além de aumentarem níveis e as vossas capacidades, têm ainda itens para vos ajudar na vossa demanda.
Para além das batalhas pela unificação do mundo e democratização do sushi, podem fazer algumas pausas e dar um salto ao Shrine Grove – uma espécie de hub que basicamente é uma pequena aldeia que serve como ponto estratégico na demanda contra o Império. Na prática, a partir desde hub podem aumentar o vosso Striker Rank, jogar um puzzle desafiante em que lutam contra um robot (e acreditem que é bem difícil) ou jogar umas partidas multijogador, quer online, quer localmente. Neste último, com um amigo podem pegar cada um num Joy-Con e defrontarem-se. No entanto, em vez de uma divisão de ecrã, um dos jogadores terá a sua perspectiva invertida, jogando no lugar de um comum inimigo de Sushi Striker, na parte de trás do ecrã – uma escolha no mínimo estranha. Ainda assim, conseguem ultrapassar este problema se quiserem jogar com duas consolas ao invés de uma.
Sushi Striker: The Way of The Sushido é daqueles jogos que se adapta na perfeição a uma portátil, ideal para jogar um nível aqui e acolá, podendo-se facilmente parar a meio e retomar mais tarde. O seu aspecto visual e personalidade excessiva poderá não ser para todos, mas a jogabilidade coesa e divertida é mais do que suficiente para prender o jogador – Sushi Striker consegue encantar o suficiente para se tornar num vício em três tempos. Quando dei por mim, estava a repetir níveis desde o início, a tentar ter S-Ranks e a pensar “só mais um, só mais um” – e no fim, já se tinham passado horas.
Opinião Final:
Sushi Striker: The Way of The Sushido é um jogo com uma personalidade muito própria, que se compromete com todo o non-sense da sua premissa, sem se deixar levar muito a sério. No fundo, é um jogo de puzzles competente e viciante, que constitui uma excelente adição à biblioteca da vossa Switch. Não há nada como jogar uns combatezinhos de sushi on the go.
Do que gostamos:
- Combate que primeiro se estranha mas depois se entranha;
- Jogabilidade simples de perceber mas que bem espremida consegue complexidade;
- Os amantes de sushi vão sentir-se em casa.
Do que não gostamos:
- Controlos na Switch são pouco precisos e torna-se gritante a necessidade de jogar com touch.
- Modo multijogador local sem divisão de ecrã e obrigando a uma perspectiva no mínimo desconfortável para um dos jogadores.
Nota: 7,5/10